Após divulgar preocupações com o mercado britânico de video games com a compra da Activision pela Microsoft, o Competition and Markets Authority (CMA) divulgou um novo documento que lista possíveis formas de a transação ser aprovada no Reino Unido, o que inclui a venda da franquia Call of Duty ou desmembrar e vender empresas do grupo como a própria Activision e/ou Blizzard.

“O Grupo de Inquérito, entre outras coisas, concluiu provisoriamente que a fusão resultaria na criação de uma situação de fusão relevante e que a criação dessa situação poderia resultar em uma diminuição substancial da concorrência”, diz o documento.

O órgão lista três ações que podem ser tomadas para que o negócio seja aprovado: 

“Exigir um desinvestimento parcial da Activision Blizzard, Inc. Isso pode ser (1) Desinvestimento do negócio associado ao Call of Duty; (2) Alienação do segmento Activision da Activision Blizzard, Inc. (o segmento Activision), que incluiria os negócios associados a Call of Duty; (3) Desinvestimento do segmento Activision e do segmento Blizzard da Activision Blizzard, Inc., que incluiria os negócios associados a Call of Duty e World of Warcraft, entre outros títulos” diz o documento. 

Caso nenhuma das ações seja tomada, o CMA diz que a proibição da fusão é uma possibilidade real. O órgão diz ainda que ouviu a Microsoft e que tem ciência de que a empresa busca criar contratos com outras produtoras de consoles (Sony e Nintendo) como forma de solucionar o impasse.

“A Microsoft, no entanto, nos informou sobre acordos contratuais existentes e potenciais com plataformas de terceiros relacionados ao acesso ao Call of Duty. Consequentemente, embora nenhuma das circunstâncias em que a CMA selecionaria uma solução comportamental como a principal fonte de ação corretiva em uma investigação de fusão, o CMA também considerará essa alternativa”, completa o documento.

O órgão regulador diz ainda que espera que empresas concorrentes tragam seus feedbacks sobre a fusão e que também vai observar a definição de outros órgãos reguladores na comunidade europeia e do mundo até tomar a decisão final que será emitida no dia 26 de abril.

Divulgação

Entenda o caso

Em janeiro de 2022 a Microsoft anunciou a intenção de compra da Activision Blizzard por US$ 69 bilhões, a maior da indústria dos games. Uma fusão como essa precisa passar por aprovações em órgãos reguladores de diversos países, como o CADE no Brasil, o CMA do Reino Unido e o FTC nos EUA.

Inicialmente a Sony declarou ao Wall Street Journal que esperava que a Microsoft seguisse os contratos firmados. Porém a Sony mudou o discurso quando o CADE, órgão regulador brasileiro, revelou os bastidores do processo e mostrou que a japonesa foi a única empresa que se opôs à compra, dizendo que Call of Duty, que está no portfólio da Activision, é “um jogo essencial" para seus negócios por não existir um concorrente à sua altura.

O processo brasileiro acabou revelando que o PlayStation 4 vendeu o dobro que Xbox One e que o Game Pass, que em 2021 gerou US$ 2.9 bilhões aos cofres da Microsoft. Apesar da oposição da Sony, o CADE aprovou a fusão da empresa.

Divulgação

Em sua defesa, a Microsoft disse por diversas vezes que não vai barrar a chegada dos jogos da série no PlayStation e que o objetivo da aquisição é aumentar seu catálogo de jogos e presença no mercado mobile.

Recentemente foi revelado que a Microsoft e a Sony trabalham em uma acordo para impedir a chegada de Call of Duty no Game Pass por "um número de anos". Além disso, a empresa se comprometeu a levar jogos da série Call of Duty para os consoles da Nintendo após confirmada a fusão.

Nos EUA, a Microsoft enfrenta uma grande briga pois a Federal Trade Commission abriu um processo antitruste contra a Microsoft para tentar bloquear a compra da Activision, alegando que a fusão violaria a lei de concorrência de mercado nos EUA.

Vale ressaltar que a Microsoft já prometeu publicamente, em diversas ocasiões, que vai manter os jogos da Activision Blizzard disponível no PlayStation e que pensa em levar também ao Switch e consoles futuros da Nintendo.

Divulgação

Leia mais

Na Europa, a MLex procurou desenvolvedores para saber se a fusão da Microsoft e Activision poderia criar um monopólio ou uma disputa injusta com outros fabricantes de console.


Hey, listen! Venha se inscrever no canal do The Enemy no YouTube. Siga também na Twitch, Twitter, Facebook e TikTok. Aliás, somos parceiros do BIG Festival, o principal evento de jogos da América Latina, que aproxima o público com o desenvolvedor de jogos. Vem saber mais!