Mais desdobramentos sobre a aquisição da Activision Blizzard pela Microsoft surgiram no fim de semana com a revelação de documentos ao Competition and Markets Authority (CMA), orgão regulador de mercado do Reino Unido. Dessa vez algo inusitado e que poucos imaginavam que sequer poderia acontecer: a Sony declarou que a Microsoft “não permite a disponibilização do PlayStation Plus no Xbox”.

A declaração está na página 14 do documento arquivado no dia 31 de outubro e que foi disponibilizado ao público no fim da última semana. Nele, a Sony afirma que “A posição da Microsoft de que a disponibilidade do Game Pass no PlayStation seria uma panaceia para os danos dessa transação soa particularmente vazia, já que a Microsoft não permite que o PlayStation Plus esteja disponível no Xbox”.

A declaração vem logo depois de a Microsoft aventar a possibilidade de levar o Xbox Game Pass para os consoles PlayStation como uma das formas de minimizar o impacto da aquisição da Activision, como mostrado na segunda petição enviada ao CMA, na qual defende que o futuro dos jogos serão os serviços por assinatura e mobile.

Em ambos os documentos, não foi explicitado se a Sony ou a Microsoft tentaram levar seus serviços de assinatura para a concorrência. A empresa do Xbox, no entanto, declarou no passado que "adoraria ver o Game Pass em outras plataformas".

Em sua defesa, a dona do Xbox diz que “A proposta de aquisição da Activision Blizzard pela Microsoft dará a mais pessoas mais opções de como jogar e dará aos desenvolvedores mais opções de como alcançar essas pessoas”.

A empresa também reafirma que seu interesse na aquisição não é apenas sobre o poder de mercado que a franquia Call of Duty traz consigo, mas sim na divisão de games mobile, área na qual a Sony não tem atividade relevante. 

Dragonflight é a nova expansão de World of Warcraft / Foto: Divulgação
Dragonflight é a nova expansão de World of Warcraft / Foto: Divulgação

“A transação melhorará a capacidade da Microsoft de criar uma loja de jogos de próxima geração que opera em uma variedade de dispositivos, incluindo dispositivos móveis, como resultado da adição do conteúdo da Activision Blizzard. Com base nas comunidades de jogadores existentes da Activision Blizzard, o Xbox buscará escalar a Xbox Store para dispositivos móveis, atraindo jogadores para uma nova plataforma Xbox Mobile”, diz a empresa.

Ainda não existe prazo para que a fusão seja julgada no Reino Unido. No Brasil, o CADE aprovou a fusão em outubro.

Entenda o caso

Candy Crush seria a principal forma da Microsoft entrar no mercado mobile / Foto: Divulgação

Em janeiro a Microsoft anunciou a intenção de compra da Activision Blizzard por US$ 69 bilhões, a maior da indústria dos games. Uma fusão como essa precisa passar por aprovações em órgãos reguladores de diversos países, como o CADE no Brasil, o CMA do Reino Unido e o FTC nos EUA.

Inicialmente a Sony declarou ao Wall Street Journal que esperava que a Microsoft seguisse os contratos firmados. Porém a Sony mudou o discurso quando o CADE, órgão regulador brasileiro, revelou os bastidores do processo e mostrou que a japonesa foi a única empresa que se opôs à compra, dizendo que Call of Duty, que está no portfólio da Activision, é “um jogo essencial" para seus negócios por não existir um concorrente à sua altura.

O processo brasileiro acabou revelando que o PlayStation 4 vendeu o dobro que Xbox One e que o Game Pass, que em 2021 gerou US$ 2.9 bilhões aos cofres da Microsoft. Apesar da oposição da Sony, o CADE aprovou a fusão da empresa

Disputa acontece pela concentração de Call of Duty em uma plataforma / Foto: Divulgação

O CMA, órgão regulador do Reino Unido, também está preocupado com a aquisição e ainda não divulgou sua decisão.

Em sua defesa, a Microsoft disse por diversas vezes que não vai barrar a chegada dos jogos da série no PlayStation e que o objetivo da aquisição é aumentar seu catálogo de jogos e presença no mercado mobile

Recentemente foi revelado que a Microsoft e a Sony trabalham em uma acordo para impedir a chegada de Call of Duty no Game Pass por "um número de anos". 

No processo que corre nos EUA, a Microsoft enfrenta uma forte barreira, tendo em vista que o FTC atualmente é presidido por Lina Khan, uma forte opositora de grandes fusões no mercado de tecnologia.

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Por enquanto a compra ainda não foi finalizada e a Activision Blizzard segue independente. A empresa acabou de relançar Call of Duty: Mordern Warfare 2, que arrecadou US$ 1 bilhão em vendas em seus 10 primeiros dias e o sucesso de Warzone 2.0 que já registra mais de 25 milhões de jogadores.


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