O Competition and Markets Authority (CMA), órgão regulador de mercado do Reino Unido, divulgou um relatório prévio nesta quarta-feira (8) no qual aponta preocupações sobre a compra da Activision pela Microsoft apontando que o negócio de US$ 69 bilhões poderia “prejudicar os jogadores” e resultar em “alta de preços, menos escolhas ou menos inovações”.

O relatório ainda não é uma decisão final, mas está em linha com as preocupações da Federal Trade Comission (FTC) e MLex Market Insight, que regula o mercado europeu. A Microsoft agora tem mais algumas oportunidades para defender a compra no Reino Unido até o dia 26 de abril. 

Em resposta ao CMA, a Microsoft reafirma que vai manter a igualdade de competição e oferta de Call of Duty para todas as plataformas concorrentes.

“A forte competição entre Xbox e PlayStation definiu o mercado de jogos de console nos últimos 20 anos”, escreveu Martin Coleman, presidente da investigação da CMA. "Novos desenvolvimentos emocionantes em jogos em nuvem estão dando aos jogadores ainda mais opções.

"Nosso trabalho é garantir que os jogadores do Reino Unido não sejam pegos no fogo cruzado de acordos globais que, com o tempo, podem prejudicar a concorrência e resultar em preços mais altos, menos opções ou menos inovação. Descobrimos provisoriamente que esse pode ser o caso aqui”, comenta Coleman.

A CMA afirma também que busca saber das empresas concorrentes da Microsoft seu posicionamento sobre o negócio "Enviamos hoje às empresas uma explicação de como nossas preocupações podem ser resolvidas, solicitando suas opiniões e quaisquer propostas alternativas que desejem enviar."

O Eurogamer recebeu uma declaração da Microsoft que diz "Estamos comprometidos em oferecer soluções efetivas e facilmente executáveis que atendam às preocupações da CMA". A afirmação é atribuída à Rima Alaily, vice-presidente corporativo e vice-conselheira geral da Microsoft. 

"Nosso compromisso de conceder acesso 100% igualitário de longo prazo a Call of Duty para Sony, Nintendo, Steam e outros preserva os benefícios do acordo para jogadores e desenvolvedores e aumenta a concorrência no mercado. 75% dos entrevistados na consulta pública da CMA concordam que isso negócio é bom para a concorrência nos jogos do Reino Unido”.

"O que significa 100 por cento? Quando dizemos igual, queremos dizer igual. 10 anos de paridade. No conteúdo. No preço. Nos recursos. Na qualidade. Na jogabilidade”, conclui o comunicado. 

Entenda o caso

Em janeiro a Microsoft anunciou a intenção de compra da Activision Blizzard por US$ 69 bilhões, a maior da indústria dos games. Uma fusão como essa precisa passar por aprovações em órgãos reguladores de diversos países, como o CADE no Brasil, o CMA do Reino Unido e o FTC nos EUA.

Inicialmente a Sony declarou ao Wall Street Journal que esperava que a Microsoft seguisse os contratos firmados. Porém a Sony mudou o discurso quando o CADE, órgão regulador brasileiro, revelou os bastidores do processo e mostrou que a japonesa foi a única empresa que se opôs à compra, dizendo que Call of Duty, que está no portfólio da Activision, é “um jogo essencial" para seus negócios por não existir um concorrente à sua altura.

O processo brasileiro acabou revelando que o PlayStation 4 vendeu o dobro que Xbox One e que o Game Pass, que em 2021 gerou US$ 2.9 bilhões aos cofres da Microsoft. Apesar da oposição da Sony, o CADE aprovou a fusão da empresa.

O CMA, órgão regulador do Reino Unido, também está preocupado com a aquisição e ainda não divulgou sua decisão.

Em sua defesa, a Microsoft disse por diversas vezes que não vai barrar a chegada dos jogos da série no PlayStation e que o objetivo da aquisição é aumentar seu catálogo de jogos e presença no mercado mobile.

Recentemente foi revelado que a Microsoft e a Sony trabalham em uma acordo para impedir a chegada de Call of Duty no Game Pass por "um número de anos". Além disso, a empresa se comprometeu a levar jogos da série Call of Duty para os consoles da Nintendo após confirmada a fusão.

Nos EUA, a Microsoft enfrenta uma grande briga pois a Federal Trade Commission abriu um processo antitruste contra a Microsoft para tentar bloquear a compra da Activision, alegando que a fusão violaria a lei de concorrência de mercado nos EUA.

Vale ressaltar que a Microsoft já prometeu publicamente, em diversas ocasiões, que vai manter os jogos da Activision Blizzard disponível no PlayStation e que pensa em levar também ao Switch e consoles futuros da Nintendo.

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Na Europa, a MLex procurou desenvolvedores para saber se a fusão da Microsoft e Activision poderia criar um monopólio ou uma disputa injusta com outros fabricantes de console. A Microsoft também foi processada por jogadores nos EUA que são contra a conclusão do negócio.


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