Lá em 2020, quando a indústria já havia sido tomada por mundos abertos genéricos extremamente poluídos, surgiu um jogo que decidiu seguir por um caminho diferente. Ghost of Tsushima, do estúdio Sucker Punch, não apostava em ícones ou GPS para guiar os jogadores pelo mapa.

Personagem segue pássaro.

Houve um momento na história em que o conceito de mundo aberto ainda não era tão difundido entre os jogadores. Jogos como Super Mario 64, The Legend of Zelda: Ocarina of Time e GTA III foram fundamentais para que essa ideia começasse a se solidificar.

Não demorou até que outras empresas entrassem na brincadeira. Com o tempo, mais e mais jogos de mundo aberto foram lançados, como os da série Assassin's Creed e Far Cry. Inclusive, essas duas citações não são exemplos gratuitos.

Jin se ajoelha em um lago.

Hoje, quando pensamos em mundos abertos desnecessariamente amplos e cheios de atividades repetitivas, inevitavelmente, pensamos na Ubisoft. Recentemente, aliás, Forspoken, da Square Enix, também entrou nessa lista, que se torna cada vez mais longa.

Basta começar a jogar um dos games citados acima para ser atingido por uma avalanche de símbolos que indicam diferentes tipos de missões opcionais e principais. A poluição da interface, aliás, não se limita a esses jogos, de forma alguma — embora sejam exemplos particularmente memoráveis, obviamente.

Jin sobe um morro acompanhado.

Com uma proposta que vai na direção oposta daquilo que tantas empresas costumam fazer, Ghost of Tsushima guia os jogadores por meio da natureza. A direção em que um pássaro voa, o lugar para onde uma pequena raposa corre ou o sentido em que sopra o vento, por exemplo.

O minimapa, elemento tipo como básico e fundamental por tantas empresas, não é necessário. Luzes artificiais em meio a um cenário feudal não precisam existir. Basta que jogadores leiam o que diz o próprio ambiente.

Vento indica o caminho.

Ainda que existam, sim, mundos abertos criados de forma brilhante e instigante — Elden Ring, por exemplo —, é fato que a maioria das empresas parece acreditar numa lógica extremamente primitiva: quanto mais, melhor.

Sem deformações nas paisagens e interferências das quais nem Elden Ring escapa (como as luzes geradas pelos marcadores do mapa), Ghost of Tsushima oferece um mundo aberto sem igual, mas só porque outras empresas se recusam a arriscar.

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Nem todos os jogos precisam de pássaros que guiam o protagonista ou do vento soprando na direção certa — embora essa última opção seja uma saída genial, de fato. Ao mesmo tempo, é indiscutível que qualquer coisa pode ser mais elegante do que seguir um GPS em um contexto de fantasia medieval, digamos, ou caminhar na direção dos ícones infinitos distribuídos ao longo de uma bússola em linha reta no topo da tela.


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