Jogos de Simulação: Porque passamos tanto tempo neles e a ascensão do gênero
Você pode até não de jogos de simulação, mas com certeza já passou um bom tempo em algum deles - mesmo que pelo meme
Eu estava selecionando alguns jogos do gênero de simulação no Steam, inclusive, um dos meus requisitos era que eles tivessem “Simulator” no nome, porque, como sabemos, eles são os melhores e tentam (quase sempre) tornar a experiência da simulação real.
E aí eu percebi que existem muitos - e muitos mesmo - títulos para serem lançados desse gênero na plataforma. E tudo bem, embora todos os gêneros tenham muitos jogos para serem lançados, eu achei interessante os títulos desse. E vou compartilhar com vocês logo logo.

Mas, primeiro, vamos falar sobre o que faz com que as pessoas gostem de jogos de simulação? Você já pensou nisso? Já pensou porque você gosta (ou não) de jogos que simulam situações/empregos/realidades entre outras coisas?
E você precisa concordar comigo que simuladores de nicho são bem populares. Como Microsoft Flight Simulator, Euro Truck Simulator, Farming Simulator e, mais recentemente, Gas Station Simulator, que lançou há pouco tempo mas já fez um tremendo sucesso.

Esses jogos foram sendo impulsionados por influencers e Youtubers que começaram a adotar o gênero como forma de brincadeira para realizar transmissões ao vivo ou gravar vídeos para seus canais.
E, outra coisa a concordar, é que os gráficos não são inovadores (claro, com exceção de alguns poucos), os controles - na maioria das vezes - são um pouco desajeitados e as mecânicas não te deixam extasiado por ser algo super original. Eles são, em sua maioria, simples.
O que nos leva a crer que as pessoas gostam da proposta ‘relaxada’ desses jogos, da real experiência de simulação que o jogo se propõe e - sejamos sinceros - na maioria das vezes, eles só gostam do divertimento e meme dos jogos. Eles normalmente são apenas curiosidades bizarras para algumas pessoas.
Antigamente os jogos de simulação costumavam recriar quase que meticulosamente os detalhes da experiência proposta. Existe até mesmo uma teoria de que os terroristas do ataque às Torres Gêmeas em NY no 11 de setembro utilizaram o Flight Simulator para fazer o percurso e aprender a pilotar. E, na época, o Congresso chegou a revisar o acesso aos simuladores de voo nos EUA.

De uns tempos pra cá, usar a palavra ‘simulador’ em um jogo é quase que o atestado de ‘ruim’ ou ‘meme’ pra ele. Mas, felizmente, algumas grandes empresas têm feito bons trabalhos e não deixado com que essa cultura de meme se espalhe por todos os jogos do gênero.
Em 2015 (sim, faz bastante tempo), em uma entrevista para o GamesBeat, um homem chamado Jamie Madigan - que é criador do site The Psychology of Video Games e também escritor do livro The Psychology of Video Games and Their Impact on the People Who Play Them - disse que é ‘curioso e desconcertante que as pessoas passem horas em jogos que simulam trabalhos que elas não gostariam de fazer’.

“Você pode fazer escolhas que nunca poderia fazer no equivalente a essa atividade no mundo real. Eles tiram toda a burocracia, consequências e - sejamos honestos - restrições necessárias que o mundo impõe ao trabalho, e permitem que você experimente uma versão idealizada e eminentemente conveniente desse trabalho”, disse Madigan.
Eu consigo entender isso e, particularmente, gosto dos simuladores de trabalhos que eu definitivamente não faria no mundo real porque eles me permitem ter essa experiência - nem que seja só pra ‘testar’ mesmo.
Além disso, ele também comenta um pouco sobre a Teoria da Autodeterminação, concebida por Edward Deci e Richard Ryan na década de 1970, que é uma das principais teorias da motivação humana. E o que isso tem a ver com jogos de simulação?
Nada. Mas pode ter algo a ver com o porquê das pessoas gostarem desse tipo de jogo e, consequentemente, sua ascensão na indústria. Como eu já mencionei, a lista de lançamentos de jogos desse gênero é absurdamente grande e, para um gênero que já foi muito considerado ‘meme’, ele cresce cada vez mais.
E para entender o apelo desses jogos, é importante entender o que motiva - ou desmotiva - as pessoas no mundo do trabalho.

Basicamente, a teoria diz que gostamos de fazer - especialmente - coisas que proporcionam autonomia, competência e pertencimento. A autonomia mede quantas opções temos. A competência rastreia se a atividade nos ajuda a nos tornarmos melhores ou mais qualificados com o tempo. Já o pertencimento é algo que nos faz sentir importantes.
Trazendo um tipo de exemplo de autonomia para os videogames, seria poder escolher qual caminho seguir até um objetivo, quais safras plantaram e onde plantá-las, quais equipamentos comprar e até mesmo poder personalizar a aparência do seu avatar.

Para o exemplo de competência, podemos dizer que você obtém esse sentimento vencendo partidas, adquirindo conquistas e vencendo desafios.
Jogos que envolvem relações sociais, ser o MVP de uma partida ou até mesmo sentir que salvou os cidadãos fictícios de uma ameaça são situações que envolvem a sensação de pertencimento.
E os jogos de simulação geralmente oferecem algum desses três sentimentos. E isso ajuda a gostar um pouquinho deles, mas o que de fato nos oferece uma sensação de completude sobre eles é o fato de que podemos escolher fazer quase tudo o que quisermos (e o jogo permitir), ao contrário do mundo real. Esse gênero de jogos atinge principalmente a autonomia nas pessoas.
Além disso, outro fator que pode nos fazer gostar muito de jogos de simulação é o surrealismo. Sim, as coisas surreais que podemos fazer neles, como, por exemplo, ser uma pedra. Ou uma cabra. Ou um pombo. Enfim, as possibilidades são quase infinitas.

E, claro, há o fator ‘curiosidade’. Eu sempre quis saber como é ser cirurgiã, por exemplo, e Surgeon Simulator consegue (mesmo que do seu jeito) satisfazer minha curiosidade. Aposto que você também tem suas curiosidades. Os jogos de simulação me permitem tirar essa curiosidade sem qualquer tipo de preparação, treinamento, educação ou investimento monetário (sem contar, é claro, com o valor do jogo).
E isso tudo me levou aos jogos de simulação que estão para serem lançados no Steam e que prenderam muito minha atenção porque parecem títulos realmente bons com experiências que talvez você não saiba que precisa até vê-los. É sério. Você já quis saber como é ser um tatuador? Eletricista? Um Fazendeiro?... Um Homem das Cavernas?
Entre os jogos para serem lançados estão:
- Simulador de Autópsia
- Simulador de Táxi
- Simulador de Restaurante de Estrada
- Simulador de Food Truck
- Simulador de Fotografia
- Simulador de Prisão
- Simulador de Samurai
- Simulador de Ferreiro de Armas
- Simulador de Construtor
- Simulador de Detetive
- Simulador de Sobrevivência ao Inverno
- Simulador de Clínica de Veterinária
- Simulador de Barco Mecânico
- Simulador de Controle de Motim
- Simulador de Guerra Nuclear
- Simulador de Juiz de Futebol
- Simulador de Eletricista
- Simulador de Vinícola
- Simulador de Pirata
- Simulador de Tatuador
- Simulador de Fotografia de Pássaros
- Simulador de Guarda-Florestal
- Simulador de Homem das Cavernas
- Simulador de Cowboy
- Simulador de Ladrão
- Simulador de Médico
- Simulador de Padre
- Simulador de Barista
- Simulador de Agente do FBI
E eu juro que a lista continua e é gigantesca. Pense em alguma profissão ou alguma coisa que você sempre quis fazer na vida real mas não pode por X ou Y motivo e pesquise na internet com o nome + simulator ou simulation no título. E divirta-se.
(Caso encontre algum erro neste artigo, me avise pelo Twitter em @jumacalossi)