Honey, I Joined a Cult ou, em tradução literal, Querida, Entrei em um Culto é o mais novo game da Team17 e Sole Survivor Games que chega ao Steam em acesso antecipado hoje (14). E, como o nome pode sugerir, ele é um gerenciador de gestão de cultos dos anos 1970. Sim. Apenas sim.

Eu mostrei um interesse genuíno por esse game quando vi o trailer dele e, assim que eu pude jogá-lo, não tive dúvidas de que ele consumiria uma parcela grande de horas da minha vida.

Explicá-lo é muito simples: você toma o papel de líder de uma seita e precisa torná-la o mais bem sucedida possível. É básico. Não tem exatamente um “final”, ou pelo menos ainda não cheguei nele, mesmo com minhas 20h+ nesse período curto de tempo jogando ele.

Comece seu próprio culto - de literalmente qualquer coisa

Essa é a cena do início do jogo

Confesso que comecei a jogá-lo sem saber exatamente o que esperar. No início, vemos uma cutscene sobre um grande culto que teve seus membros presos e seu líder foragido, tendo que mudar de aparência e nome para ‘recomeçar’ em outro lugar. Pois bem.

O jogo então te dá a liberdade de criar sua própria ‘seita’ para começar, de fato, a gameplay. Você pode escolher tudo: desde o nome do líder, da seita, nome dos cultistas, nome do objeto/pessoa/qualquer coisa de adoração, entre outros detalhes.

A maior seita de todas

Uma das minhas maiores paixões da vida é Harry Potter e obviamente, meu primeiro culto foi o de Comensais da Morte. Eu fiz tudo direitinho, sério.

Com meu culto criado, comecei uma partida e pude aprender um pouco mais sobre a mecânica do jogo e o que eu deveria fazer para que meu culto fosse bem sucedido.

O jogo não apresenta mecânicas loucas e mirabolantes nem nada novo e especial: é a base de quase todo jogo de gerenciamento mesmo. Você precisa criar seus espaços para poder começar seu culto e dar para seus cultistas um espaço bacana para que eles vivam por lá.

Você vai começar pelo básico: criar um quarto, cozinha, banheiro e uma Sala Sagrada, que será onde você e seus cultistas irão se reunir todos os dias em determinado horário para o culto que será comandado por você.

Liderar um culto é mais difícil do que eu pensei

Os Comensais... (E tem até um espião ali, mas vamos fingir que eu não sabia)

Eu nunca tinha tido essa experiência antes. Claro, se você conta juntar meia dúzia de amigos durante o recreio da escola para jogar Pokémon ou tazo como uma experiência válida, está totalmente enganado.

O sistema do jogo e como ele e os seus cultistas funcionam é bem fácil de entender, mas um pouco complicado de ser colocado na prática. É necessário fazer com que seus cultistas estejam sempre satisfeitos para que eles continuem por lá e continuem trabalhando para você, além de recrutar novas pessoas.

O humor do meu segundo grupo de cultistas estava excelente

Seus cultistas têm algumas barrinhas de atenção para monitorar: fome, vontade de ir ao banheiro, chuveiro, felicidade, sono e prestígio. Se alguma dessas ficar muito baixo, seu cultista vai começar a reclamar. E não queremos ninguém reclamando.

Mas você aprende que é inevitável, afinal, nem Jesus agradou a todos, não é mesmo? Então alguns de seus cultistas vão reclamar, e mesmo alguns de seus seguidores. 

E vale lembrar que cultistas são as pessoas que você recruta e que passam a viver no seu complexo com você. Os seguidores vem todos os dias mas vão embora, e também não devem nada a você, não fazem nenhum tipo de atividade que você precisa. Existe uma barra de experiência que os seguidores vão ganhando e quando ela chegar no máximo, é possível recrutar esse seguidor para seu culto como um cultista.

Dê as regras - e faça com que eles façam tudo por você 

Rolando um culto aqui com minha ilustre presença

Você é o líder do culto, ou seja, seus cultistas estão lá porque adoram você - e o objeto sagrado que você definiu. Então você pede e eles fazem.

É possível definir o que cada cultista vai fazer: você pode colocar alguém exclusivamente para ficar na recepção esperando por novos seguidores, para tocar uma das salas de meditação ou de tratamento (existem algumas variedades), pode deixar alguém cuidando da sala de manutenção entre outros.

Não é trabalho escravo, viu? Essencialmente 5 horas de sono pra cada um...

As salas que você pode criar para divertir seus seguidores e cultistas são variadas, além das salas essenciais que são importantes para o crescimento do seu culto, como salas de pesquisa e de recrutamento. Em todas elas é possível designar algum dos seus cultistas, ou todos, você que sabe. 

Você também define a grade de horário dos cultistas, os espaços de horário de um dia inteiro podem ser preenchidos entre “tempo livre”, “dormir” e “trabalho”.

Os problemas do Culto

Únicos protestos que eu não gosto: esse e o do 7 de setembro (sejamos justos, qualquer manifestação pró-B)

É claro que todos os cultos tem problemas. E o seu não seria diferente.

Quando criei meu segundo culto e recomecei do zero após ter jogado até o dia 34 do meu primeiro, eu fiz algumas coisas diferentes porque já havia aprendido bem mais sobre o que era certo ou errado, mas ainda assim alguns probleminhas surgiram.

Os problemas que você pode enfrentar durante sua jogatina são: cultistas em surto, isso acontece quando a vida deles baixa e o humor também, aí eles ficam correndo de um lado pro outro no complexo ou na rua (e podem até machucar as pessoas!) durante um tempo.

O fantasma de um membro antigo que rondava as salas do meu complexo...

Cultistas também podem morrer, e eu aprendi isso da pior forma porque acho que uns 4 ou 5 meus morreram de inanição. Pois é. Mas levem em conta que eu tava aprendendo a liderar ainda.

Protestos também podem acontecer e isso não é nada bacana porque chama a atenção das pessoas para o seu culto. Você quer que fique tudo quieto pra poder ganhar dinheiro em paz e não ser incomodado pela polícia.

Nesse dia eles levaram 5 cultistas presos... e nem foi o pior dia

E, claro, a polícia pode aparecer e prender seus cultistas e confiscar objetos também. Teve um momento em que eu tinha 13 cultistas e 10 deles foram presos, sobrou eu e mais 2 pra cuidar de um complexo gigantesco e quase 22 seguidores. Deu ruim.

Agora, falando em problemas técnicos do jogo, como ele ainda está em Early Acess, acredito que muita coisa possa melhorar, é claro. Eu senti falta de um pouco mais de informação a respeito de como ganhar as moedas, prestígio e influência, por exemplo.

Pra mim, o ganho de influência foi o que mais impactou porque ela é necessária para muitas construções e ações, e eu achei que sempre ganhava pouca influência por dia. Sendo que ainda gastava metade ou mais da metade disso nos cultos todos os dias - que, acredite, é necessário.

Acho que a questão da influência foi o que mais me incomodou. De resto, tudo estava ok e muito bacana, e é claro que podem ser feitas melhorias, mas não vi nada gritante que incomodasse minha gameplay.

Querida, Entrei em um Culto

Esse foi meu segundo culto. Totalmente organizado!

O game está com legenda para português do Brasil e apesar de conter alguns erros e, eventualmente, alguns bugs e pedaços não traduzidos, como já mencionei, ele está em Early Acess, acredito que isso seja algo que eles também vão ficar de olho para mudar assim que possível.

A música vibe dos anos 70 é deliciosa e não incomoda em momento nenhum, te deixando até mesmo relaxado enquanto você tá jogando… e você poderia ficar lá por horas (acredite, esse próprio jogo é um culto que te prende).

A mimir

Os outros sons são apenas de notificação: pra avisar quando alguém se machucou, a hora do culto, quando têm protestos e esse tipo de coisa. Não atrapalha em nada.

O visual é uma gracinha e me lembra muito jogos como Stardew Valley e Prison Architect. Gosto de como eles usaram esse visual de bonequinho e ainda conseguiram fazer algo bacana e, de certa forma, original.

Considerações 

Venha você também para o lado negro da bruxaria. Temos mingau!

Minha consideração é: entre para esse culto. Sério, você não vai se arrepender. Honey, I Joined a Cult vai sim te roubar algumas - várias - horas da sua vida, mas não tem problema, porque você definitivamente vai se divertir.

É um jogo relax e calmo, divertido e perfeito para todo mundo que sempre quis comandar uma Ordem Mundial ou, sei lá, um grupo de pessoas viciadas no seu drink favorito (sim, eu fiz isso).

 

Nota do crítico