Após pegar a todos de surpresa com o anúncio de um novo Flight Simulator durante a E3 2019, é difícil não pensar logo na sequência no que a Microsoft poderia fazer de diferente com a franquia após tantos anos.

Flight Simulator é a mais longa série de jogos para computadores, com 37 anos de mercado. Houveram alguns tropeções nos anos anteriores, é verdade, e a última vez que se ouviu falar da marca foi com um relançamento de Flight Simulator X (originalmente lançado em 2006) para a Steam, em 2014.

Felizmente, a marca está mais preparada do que nunca, tendo usado o amadurecimento da tecnologia a seu favor para entregar uma experiência singular, pautada em três pilares básicos: realismo, precisão e autenticidade de voo.

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A convite da Microsoft, o The Enemy pôde testar e comprovar essa proposta em primeira mão durante o evento Global Preview em Seattle, Washington - e até mesmo comparar a simulação com uma experiência de voo real.

Tecnologia como principal aliada

O salto da tecnologia nos últimos anos, como já mencionada, é a grande aliada da Microsoft nesta nova empreitada e tudo partiu do HoloTour, um dos recursos do HoloLens que fornece tours imersivos de locais de icônicos de todo o mundo: San Francisco, o Coliseu de Roma e Machu Picchu, por exemplo.

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Ao casar essa tecnologia de captura com o banco de dados do Bing Maps, a Asobo Studio assumiu um compromisso com a franquia de entregar a experiência mais completa de voo, tendo como base 2 petabytes de dados do mundo real.

Traduzindo: o novo Flight Simulator tem esse número inimaginável de dados de pesquisa e captura de locais icônicos do mundo real (usando fotogrametria), tudo dentro do game para que o jogador se sinta sobrevoando o mundo real.

Qualidade adaptável à internet

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E a internet, como ela vai lidar com toda a reprodução desses dados? A Microsoft também tem uma resposta para isso: qualidade adaptável, o que significa que o game vai se adaptar à largura de banda disponível.

Quanto melhor a largura de banda, melhor a experiência do jogador. Ainda assim, será possível jogar em um modo totalmente offline, que disponibilizará os dados do mundo real de maneira razoavelmente precisa com pré-armazenamento em cache.

Desta forma, o mundo inteiro estará disponível para os jogadores sobrevoarem a vontade e todos os locais são equivalentes aos da vida real. Tudo isso com qualidade adaptativa à largura de banda da pessoa.

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Será também possível escolher o tipo de clima e o período do dia em que se quer voar pelos céus, uma vez que uma das grandes apostas do time de design é justamente a simulação da luz do Sol e da Lua e as luzes e as sombras nos cenários, além de detalhes como a grama, o asfalto, a umidade e a poluição recriados para ampliar ainda mais a imersão.

Realismo 24h

O mundo do novo Flight Simulator tem ainda um motor gráfico que recria os ciclos de dia e noite, além de um calendário anual. São 60 camadas de dados na nuvem para refletir o clima das regiões dentro do jogo. 

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Outras 20 camadas são voltadas aos dados meteorológicos: pressão, temperatura, umidade, velocidade do vento, além de suporte nativo de jet stream e navegação dependente do vento do mundo real. Isso significa que, se estiver chovendo na cidade de São Paulo quando você jogar, isso pode ser refletido dentro do game.

Mas obviamente, não é só o mundo que está bastante preciso e realista em Flight Simulator: os aviões também. Afinal, a equipe da Asobo Studio possui não apenas fãs da franquia, como também pilotos de verdade.

Os aviões ostentam, portanto, um núcleo aprimorado do mecanismos de física, além de um novos modelos de inércia e de colisão com mais modelos de atrito, derrapagem, solavancos e outras variantes. Isso sem contar a simulação como um todo, o que engloba um consumo mais crível de consumo de combustível, fator de carga, engrenagens, dentre outros detalhes.

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Todas as aeronaves foram revisadas por pilotos profissionais e o game oferece suporte nativo à aerodinâmica avançada, o que significa que é a derrapagem foi melhorada e é possível ver a manta de vento lateral; executar uma guinada adversa, e assim por diante.

Imersão da cabine

Os cockpits das aeronaves também estão extremamente autênticas com controles analógicos detalhados, cheios de instrumentos de alta fidelidade, mostrando dados de área simulados e um novo gerenciamento de iluminação na cabine.

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Os vidros do cockpit também possuem um novo mecanismo de renderização, além de múltiplas janelas para observar enquanto estiver sobrevoando os céus realistas de Flight Simulator. Há ainda um novo sistema de plano de voo com procedimentos de partida e chegada e novas ferramentas de calibração.

A respeito do som, a Microsoft está usando scripts baseado no Wwise para simular os áudios dentro do cockpit com processamento DSP em tempo real e registros de alta fidelidade, tudo bem imersivo e realista.

Um passeio no parque

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Até aqui, você já entendeu que o novo Flight Simulator realmente está comprometido em entregar ao jogador o realismo, a precisão e a autenticidade de voo, não apenas do mundo como dos aviões. Todos os detalhes técnicos descritos acima 

Para comprovar isso, um teste com um modelo Cessna 162 foi feito por aproximadamente 1 hora em um computador completamente montado para a experiência. Havia o mapa de Washington disponível e, no modo World Map, era possível visitar qualquer lugar do mundo.

O voo em Renton, Seattle; foi bastante tranquilo e o realismo dos gráficos e a precisão da renderizamento em tempo real dos locais era impressionante. Para alguém com pouco ou nenhum contato com Flight Simulator, o domínio dos comandos e a identificação da cabine pode parecer difícil, mas na realidade é tudo uma questão de compreender o que os instrumentos fazem.

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Uma vez que se aprende, decolar e manter o avião estável no ar é a parte mais fácil - muito embora seja preciso ganhar força, acelerar e subir o avião aos poucos para não causar um estol. A sensação de sobrevoar uma Seattle realista é absurdamente relaxante e quase como um passeio no parque, só que feito remotamente. Os detalhes nos edifícios, as árvores curvando conforme o vento, a iluminação e os efeitos de sombra; tudo está lindo.

Então, quando optamos por sobrevoar São Paulo, partindo do aeroporto de Guarulho, os gráficos não tão realistas assim chamaram atenção imediatamente, afinal, a diferença era gritante se comparado com o mapa de Seattle.

3 níveis de definição e VR

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A resposta, segundo David Dedeine e Lionel Fuentes, CCO e programador chefe da Asobo Studio, respectivamente; isso é porque o game oferece três níveis de definição gráfica: um que usufrui da poderosa e detalhista fotogrametria, outro que usa os dados e o machine learning do Bing e o modo offline com armazenamento prévio de recursos.

Os executivos explicaram que, até o momento, apenas 400 cidades foram capturadas usando fotogrametria, já que é um processo demorado. Também no bate-papo, aproveitamos para questionar sobre mudanças em biomas, como o que aconteceu recentemente com a Floresta Amazônica e as polêmicas queimadas.

Se o jogo vai refletir o que acontece na vida real, nada mais justo do que saber se, ao sobrevoar a região afetada da Amazônia, seria possível ver o que aconteceu recentemente? Sim, foi a resposta. Todavia, a implementação depende das atualizações do Bing.

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Isso significa que o Bing deve primeiro atualizar seu banco de dados, usando a tecnologia de machine learning para re-mapear a área. “Quando estiver disponível, vamos implementar isso no jogo”, responderam os executivos.

Em outra entrevista, quando conversamos com Robert Jerauld e Jorg Neumann, o diretor de produção e o responsável pela marca Microsoft Flight Simulator, respectivamente; questionamos sobre uma possível versão em VR.

É difícil ignorar isso porque é uma tecnologia empolgante”, garantiram, adicionando que existem muitas pessoas que gostam de jogar Flight Simulator com três displays para sentir ainda mais a imersão. 

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Para aqueles que clamam por jogar em realidade virtual, eles ainda disseram que esses pedidos foram ouvidos, mas por agora vão focar em lançar o título primeiro, da maneira como foi prometido. Ainda não há uma previsão de quando uma versão em VR será lançada, mas “existem planos”.

O novo Flight Simulator será lançado em 2020 para PC e posteriormente para Xbox One.