O The Game Awards está quase chegando e as indicações não surpreenderam tanto, afinal, são poucos os jogos que não merecem — realmente — estarem lá.

E, embora 2021 tenha sido um ano um pouco estranho para os jogos no geral, ainda assim tivemos boas surpresas e muitos jogos de qualidade gigantesca saindo também.

Neste ano temos como indicados Deathloop, It Takes Two, Metroid Dread, Psychonauts 2, Ratchet & Clank: Em Uma Outra Dimensão e Resident Evil Village competindo entre si pelo prêmio máximo de Jogo do Ano do TGA, um dos mais esperados por toda a indústria e público no geral.

É um páreo curioso e interessante, já que não há um favorito claro (ao menos até o momento). Mas o que faz deles jogos dignos de estar nessa lista? Neste artigo, vamos analisar todos os concorrentes e entender porque eles estão concorrendo nesta categoria.

Deathloop

Deathloop

O jogo da Arkane Studios exclusivo para PlayStation 5 e PC fez um sucesso enorme entre jogadores do mundo inteiro — quase uma novidade para o estúdio, conhecido por jogos extremamente bem avaliados, mas nunca sucessos comerciais. 

Ao mexer com o conceito e mecânica de looping temporal, ele fez com que muitos fãs encontrassem algo divertido e desafiante no jogo.

Ele desafia os jogadores a derrotarem oito alvos — os chamados Visionários — em uma ilha ao longo de 24 horas, com ele resetando caso o protagonista Colt morra ou falhe em matar todos eles no tempo correto.

Deathloop foi bem recebido e teve uma nota altíssima por parte da mídia de games, inclusive, o próprio The Enemy deu uma nota 5/5 para o jogo. Mas não é só por causa disso que ele merece estar concorrendo ao prêmio, é claro.

O jogo apresenta quatro hubs repletos de pequenas entradas, saídas e áreas misteriosas para explorar, além de ter um combate extremamente divertido e diversificado que, de alguma forma, funcionam muito bem juntos para criar uma história coesa.

Além disso, o conceito do loop temporal, com a possibilidade de guardar armas e itens de uma tentativa para outra, também permite que o jogador experimente e utilize os poderes e armas sem medo de algum de represálias ou um compasso moral, algo que acabava acontecendo com outros jogos da Arkane, como Dishonored.

Vale notar que Deathloop é o campeão de indicações da premiação, indicado um total de onze vezes incluindo Jogo do Ano e concorrendo a: Melhor Direção, Melhor Narrativa, Melhor Direção de Arte, Melhor Trilha Sonora, Melhor Design de Áudio, Melhor Performance (duas indicações com Jason E. Kelley como Colt e Ozioma Akagha como Julianna Blake) e Melhor Jogo de Ação.

It Takes Two

It Takes Two

Desenvolvido pela Hazelight Games, dirigido por Josef “Fuck the Oscars” Fares, e publicado pela EA, It Takes Two é um charmoso e diferente jogo cooperativo de ação e aventura que conta a história de um casal à beira do divórcio, Cody e May, que acaba preso dentro dos bonecos feitos à mão de sua filha.

A história do jogo cria um ambiente incrível de cooperação para que o casal trabalhe junto para encontrar a saída e para que eles resolvam seus problemas de relacionamento. Visivelmente fofo e amigável para todas as idades, ele também traz uma mensagem importante sobre relacionamentos e crescer juntos.

O game ficou marcado pela inventividade de suas mecânicas, mudando radicalmente de estilo, controles e até esquema de câmera dependendo da fase e momento da série. Também vale notar que ele conta estratégia amigável de permitir que pessoas que comprarem uma cópia possam jogar com amigos que não necessariamente possuem o jogo, facilitando a gameplay, já que ele necessita de dois jogadores para ser jogado propriamente.

Além de Jogo do Ano, It Takes Two também foi indicado para outras categorias do prêmio: Melhor Direção, Melhor Narrativa, Melhor Jogo para a Família e Melhor Multiplayer.

De todas as categorias que o jogo foi indicado, não há sequer uma em que ele não mereça estar — de fato. Ele une todas as características boas de uma ótima direção e tem uma narrativa sensacional para contar sua história através do modo multiplayer e é adequado para toda a família.

Não só isso, It Takes Two refina muito do que Fares tentou fazer em seu jogo anterior, A Way Out, que apesar de trazer ideias e conceitos interessantes para o coop, acabou tropeçando por elementos narrativos e momentos de gameplay fracos.

Metroid Dread

Metroid Dread

Metroid é uma franquia conhecida de jogos da Nintendo que teve seu início em 1986, mas que nunca atingiu um nível de popularidade comparável ao de outros medalhões da empresa, como Mario e Zelda. 

Pelo menos até agora.

O lançamento de Metroid Dread é uma conquista e tanto para os fãs, já que o título foi anunciado há quase 20 anos atrás como uma sequência direta de Metroid Fusion — mas acabou sendo deixado de lado por muitos anos antes de ser retomado, desta vez sob os cuidados do estúdio espanhol MercurySteam, que já havia provado seu talento com a franquia com Metroid: Samus Returns.

E Metroid Dread não só seguiu, como evoluiu este conceito, trazendo não só o primeiro capítulo inédito da série em quase duas décadas, como mostrou que a série ainda tem um enorme valor e potencial na perspectiva 2D.

Além de trazer a mesma sensação de exploração de um planeta inóspito e desconhecido, Dread incluiu sessões que beiram o horror, com Samus atravessando áreas dominadas pelos (quase) invencíveis robôs E.M.M.I.

Ligado a isso, o jogo também inclui algumas coisas que os outros títulos da franquia deixavam um pouco a desejar, como a tensão crescente e os elementos furtivos que não deixam os jogadores apenas na mecânica simples de correr e atirar.

Além de Jogo do Ano, Metroid Dread também está disputando na categoria Melhor Jogo de Ação e Aventura do prêmio. Ganhar qualquer uma dessas duas — principalmente a primeira — certamente trará uma reivindicação necessária para os jogos 2D, que têm sido, por diversas vezes, minimizados em grandes eventos.

Psychonauts 2

Psychonauts 2

Psychonauts também rendeu uma boa espera para os fãs da franquia (16 anos, neste cado) mas é difícil dizer que ela não valeu a pena, trazendo uma aventura divertida, inventiva e envolvente para o público. 

Desenvolvido pela Double Fine, Psychonauts 2 traz de volta o protagonista Raz, agora membro oficial dos Psiconautas, e levando os jogadores novamente para a mente de vários personagens — introduzindo assuntos pesados e sombrios relacionados à saúde mental, trauma e medos.

O jogo é recheado de cenários coloridos e muito bem caprichados com um estilo artístico único, além de dar um jeito de ser sempre criativo, fazendo com que o jogador consiga se entreter e manter a jogabilidade suave e divertida por horas.

Essa experiência é complementada por uma história que conseguiu trazer tons mais maduros para a franquia, indo muito além do jogo original ao lidar com temas que podem ser difíceis para muitas pessoas como dificuldade de perdoar, remorso, perda, tragédias do passado e corações partidos.

Além de Jogo do Ano, a sequência da Double Fine também está concorrendo em outras categorias no TGA 2021: Melhor Direção, Melhor Narrativa, Melhor Direção de Arte e Melhor Jogo de Ação e Aventura.

Ratchet & Clank: Em Uma Outra Dimensão

Ratchet & Clank: Em Uma Outra Dimensão

Talvez a escolha mais controversa entre os membros do The Enemy, Ratchet & Clank: Em Uma Outra Dimensão veio para mostrar o poder do console de nova geração e, nesse caso, do PlayStation 5. Embora haja bastante discussão entre a comunidade sobre o jogo merecer ou não estar nesse páreo, é possível entender o porquê.

Sendo sequência direta dos eventos de Into the Nexus, de 2013, o jogo aproveitou ao máximo tudo o que o novo console da Sony tinha para oferecer em sua fase de lançamento: os visuais exuberantes, design ambiental e os tempos de carregamento rápidos, além de diversos outros recursos. 

E esses avanços mantiveram o novo jogo da franquia interessante para a velha guarda, além de apresentar esse(s) universo(s) para um novo público.

Uma das mecânicas que mais fez sucesso no jogo é o Rift Tether, que permite aos jogadores se teletransportarem para diferentes áreas e mundos através de portais extra-dimensionais instantaneamente, sem qualquer mudança ou desaceleração perceptível no jogo. E isso trouxe um ar de novidade para a franquia, ao combinar as experiências de combate com as fendas deixando com que os encontros com inimigos sejam sempre mais envolventes e divertidos.

Além de concorrer ao prêmio de Jogo do Ano, Ratchet & Clank: Rift Apart também está nas seguintes categorias: Melhor Direção, Melhor Direção de Arte, Melhor Design de Áudio, Melhor Jogo de Ação e Aventura e Inovação em Acessibilidade.

E é incrível que ele esteja concorrendo em Inovação em Acessibilidade e tenha se preocupado, de fato, em trazer os mais diversos recursos de acessibilidade para que todos possam ter a experiência de jogá-lo.

Resident Evil Village

Resident Evil Village

Resident Evil Village continua a história de Ethan Winters, protagonista de Resident Evil 7: Biohazard, enquanto procura por sua filha raptada em uma estranha vila europeia. 

Dessa vez, a franquia foi além dos tradicionais zumbis e infectados recorrentes e adicionou monstros como lobisomens e vampiros ao seu elenco de criaturas — que, surpreendentemente, acabou se encaixando bem com o lore da franquia.

O jogo refina a experiência e jogabilidade em primeira pessoa que foram introduzidos pelo título anterior e mescla — quase perfeitamente — a ação ao horror, sem deixar com que a atmosfera assustadora seja comprometida.

Trazendo uma mistura do que funcionou em jogos anteriores da franquia  — desde Resident Evil 4 até jogos paralelos, como Revelations —, uma variedade de monstros e criaturas mais inventivas, jogabilidade em primeira pessoa melhorada e o equilíbrio entre ação e terror, Village conseguiu fazer seu caminho até o coração dos fãs e a indicação a este prêmio.

A direção de arte do jogo também merece ser mencionada pois faz um trabalho absurdamente incrível ao trazer algo que beira o realismo para as telinhas, aumentando ainda mais a imersão no jogo. Todos os detalhes são excepcionais e enriquecem todos os ambientes — mesmo os mais ordinários.

E, é claro, o jogo conta com alguns dos momentos mais memoráveis e perturbadores da franquia, como quem já visitou a Casa Beneviento pode atestar.

Além de Jogo do Ano, Resident Evil Village também está concorrendo a estas outras categorias: Melhor Design de Áudio, Melhor Performance (com Maggie Robertson como Lady Dimitrescu) e Melhor Jogo de Ação e Aventura.