Apesar de ainda estar envolvida na produção do recém-adiado Cyberpunk 2077, não é nenhum segredo que a desenvolvedora CD Projekt Red voltará ao universo de The Witcher para a produção de novos jogos da série do bruxeiro.

Ainda que nada tenha sido revelado de forma concreto pela produtora polonesa, ninguém está sendo particularmente tímido na hora de expressar o desejo da companhia em explorar a ambientação novamente.

Cofundador da CD Projekt Red, Marcin Iwiński é um dos exemplos de desenvolvedores do estúdio que falaram abertamente sobre o tema. "Nós gostamos muito deste mundo. Investimos 15 anos de nossas vidas nele e muito dinheiro. Então, vamos pensar em [outro jogo Witcher] em algum momento", afirmou em uma sessão de perguntas e respostas com investidores em 2017.

A CD Projekt, aliás, parece até já estar dando os primeiros passos para a produção de novos títulos de The Witcher. Em dezembro do ano passado, a produtora fechou um novo acordo com Andrzej Sapkowski, autor dos livros de The Witcher, "solidificando o relacionamento" entre as duas partes.

O novo acordo substituiu os termos anteriores, em que Sapkowski recebeu um pagamento único ao ceder os direitos da produção de jogos de The Witcher à CD Projekt, sem royalties pelas vendas dos games – que viriam a se tornar alguns dos RPGs mais populares do mundo.

Segundo a empresa, o novo acordo garante a propriedade intelectual de The Witcher em video games, histórias em quadrinhos, jogos de tabuleiro e merchandise, além de satisfazer "totalmente as necessidades e expectativas das duas partes", preparando "uma base para cooperação futura entre os dois lados". Se isso não significa "novos The Witcher vêm aí", não sabemos o que isso significa.

DivulgaçãoNetflix

É importante destacar, no entanto, que muito aconteceu com a marca “The Witcher” nos últimos cinco anos, desde o lançamento de The Witcher 3: Wild Hunt, episódio final da trilogia. De uma franquia conhecida apenas na Polônia, o game sacramentou o bruxeiro como um fenômeno global, aclamado por muitos como um dos melhores RPGs de todos os tempos.

Pegando carona na popularidade da franquia, a Netflix lançou, em dezembro do ano passado, a primeira temporada da série live-action de The Witcher. A produção é uma das mais populares do serviço do streaming em anos, e causou uma nova explosão de interesse de jogadores por The Witcher 3: Wild Hunt.

Sem pestanejar e prevendo esse sucesso, a Netflix já confirmou a segunda temporada da série antes mesmo da estreia da primeira. E não parou por aí: na última quarta-feira (22), a companhia confirmou que um anime de The Witcher está em produção pelo Studio Mir, que tem The Legend of Korra em seu currículo.

Não é difícil imaginar, portanto, que tudo isso influenciará, de uma forma ou de outra, o futuro dos jogos da série. O universo, é claro, permanece o mesmo, mas novas locações, personagens e histórias da vasta obra criada por Sapkowski podem ser exploradas. E não custa especular sobre algumas destas possibilidades.

Tchau, Geralt

Divulgação/CD Projekt Red

Se você não jogou os games da série The Witcher e ainda planeja fazê-lo, vale deixar o alerta aqui: SPOILERS À FRENTE. Afinal, para falar sobre o futuro de The Witcher, temos que fazer algumas referências aos jogos do passado. Se quer ficar livre de spoilers, melhor não avançar.

Dito isso: das poucas informações concretas que temos sobre o futuro dos jogos da franquia The Witcher, uma delas é que a história de Geralt de Rivia, protagonista da série até agora, chegou ao fim. Isso não é nenhum segredo para quem chegou ao final da trilogia de jogos lançados até agora, aliás.

Além do que é mostrado pelos games, a própria CD Projekt já deixou isso claro – não importa qual seja o próximo passo de The Witcher, a coisa que ele definitivamente não será é um “The Witcher 4”. “The Witcher foi desenhado como uma trilogia e uma trilogia não pode ter uma quarta parte, pode?”, questionou Marcin Iwinski em uma sessão de perguntas e respostas com investidores em 2017.

Dito isso, nada impede Geralt de aparecer em algum jogo futuro. Como indicado por John Mamais, produtor executivo da CD Projekt, em uma entrevista ao Polygon em 2013, Geralt é um personagem “muito flexível” e que ainda pode viver muitos anos, então é possível que ele apareça no futuro. "Só precisamos conversar sobre isso e descobrir o que vamos fazer a seguir", disse então.

A bruxeira ou a feiticeira

Divulgação/CD Projekt Red

Como Geralt fora do caminho, a principal questão para o futuro da série é quem receberá o bastão do bruxeiro para assumir a posição de protagonista de um novo The Witcher. E, ao menos por enquanto, o consenso entre fãs parece ser sempre o mesmo: Ciri.

Para muitos, a escolha de Cirilla é é a mais óbvia e natural para série, já que sua história está diretamente ligada à de Geralt – treinada tanto para se tornar uma bruxeira em Kaer Morhen quanto para se tornar feiticeira com a ajuda de Yennefer, A personagem é até jogável em determinadas partes de The Witcher 3: Wild Hunt, o que já deixa o precedente bem claro.

A possibilidade ressoa bem também entre a equipe que fez parte dos jogos. Intérprete de voz de Geralt, Doug Cockle é um dos que gostaria de um novo Witcher focado Ciri – especialmente em suas viagens dimensionais. "Se eu fosse a CD Projekt RED, eu faria The Witcher 4, mas eu focaria na Ciri. Em The Witcher 3, ela fala sobre visitar outros mundos, e eu acho que um jogo sobre ela visitando estes mundos diferentes seria um Witcher 4 bem legal", opinou em entrevista a Game Reactor.

Divulgação/CD Projekt Red

É claro, um detalhe ainda é incerto sobre a possibilidade de Cirilla estrelar um jogo: a dúvida de qual seria o caminho que a CD Projekt seguiria como canônico, já que o futuro da personagem varia conforme os diferentes finais que jogadores podem atingir em The Witcher 3 – uma bruxeira? Uma imperatriz? Outra coisa?

Outra possibilidade ventilada seria a de uma história focada em personagens diferentes dos bruxeiros, já que o mundo de The Witcher é povoado de dezenas de outros povos, raças e aventureiros diferentes. Um ótimo exemplo seria a feiticeira Yennefer de Vengerberg.

Além de também ter uma história diretamente ligada à de Geralt, Yennefer ganhou mais destaque nos últimos tempos por conta da estreia da série da Netflix e seria uma boa alternativa para expandir o universo de The Witcher em novas direções.

De certa forma, a CD Projekt já até mostrou disposição em testar essa ideia, aliás.

Thronebreaker: uma boa ideia que não deu certo

Divulgação/CD Projekt Red

Lançado em outubro de 2018, Thronebreaker: The Witcher Tales, jogo da série que misturou elementos de RPG com jogabilidade de Gwent, o jogo de cartas do universo The Witcher, pode não ter sido o sucesso que a produtora esperava, mas trouxe uma nova história que foi elogiada por fãs da série.

Ao invés de focar em um bruxeiro, Thronebreaker apostou em uma história que antecede os eventos da trilogia original, contando a história da Rainha Meve, líder de Lyria e Rivia.

A desenvolvedora já afirmou que a série não será continuada, mas nada impede o estúdio de explorar a porteira aberta por Thronebreaker para narrar outras histórias em futuros The Witcher.

Seja qual for a decisão da CD Projekt, uma coisa é certa: a produtora voltará a produzir jogos de The Witcher no futuro. Ainda que eles sejam completamente diferentes do que os que já jogamos até agora.