Já fazia algum tempo que eu não pensava ativamente em Gwent.

Minha última interação a fundo com o jogo de cartas de The Witcher 3 foi em 2016, na época do lançamento da expansão Blood & Wine. Desde então, com exceção de um ou outro teste do game solo de Gwent, meu baralho virtual foi deixado para empoeirar.

Por isso, foi bom rever - e reaprender - o jogo de cartas que tanto cativou há alguns anos atrás em um formato completamente diferente com Thronebreaker: The Witcher Tales, novo game da CD Projekt RED que mistura as mecânicas de Gwent com uma campanha singleplayer complexa e cativante, em um título com mais profundidade que aparenta.

Em Thronebreaker, o jogador assume o papel da Rainha Meve, soberana dos reinos de Líria e Rívia que deve lutar contra a invasão do Império de Nilfgaard. Após ser traída e abandonada, Meve reúne o resto de suas forças e parte em uma jornada de guerra e vingança para reconquistar sua coroa.

Divulgação/CD Projekt RED

Como foi o caso de The Witcher 3, um dos principais destaques de Thronebreaker é sua narrativa, repleta de reviravoltas, personagens carismáticos e com motivações próprias que muitas vezes podem entrar em conflito com seus próprios interesses.

Durante a aventura, Meve poderá conhecer diversas regiões conhecidas e desconhecidas por fãs de The Witcher, interagindo e batalhando facções desde simples bandidos e monstros até exércitos niflgaardianos, reinos do Norte e rebeldes Scoia’tael - E, em certos casos e circunstâncias, podendo até se aliar a eles.

O jogo não se resume apenas a uma série de duelos de cartas: no papel de Meve, o jogador avança por um mapa em perspectiva isométrica, representando os diferentes locais e ambientações do mundo de The Witcher. Em seu caminho, é possível descobrir novos recursos - divididos entre ouro, materiais de construção e soldados -, resolver dilemas dos habitantes e encontrar cartas escondidas (que, dependendo do caso, podem ser usadas em Thronebreaker ou no jogo de Gwent tradicional).

Assim como em jogos como The Banner Saga, cada decisão feita durante a travessia tem efeitos de curto ou longo prazo para as forças de Meve. Em determinadas circunstâncias, é possível sacrificar materiais para o ganho de ouro, ou aumentar o número de soldados no seu exército ao gastar parte de seu lucro, entre outras situações similares.

Meve também pode encontrar dilemas morais e filosóficos significativos durante a campanha, que envolvem questões como crimes de guerra, racismo e limpeza étnica, que podem tanto ter efeitos diretos em seus recursos como na visão que certos personagens têm da rainha.

Os recursos adquiridos podem ser utilizados para expandir as forças de Meve e suas instalações no Acampamento Real. Por meio dele, o jogador pode criar e desbloquear novas cartas, ganhar bônus diferentes a cada vitória, e aumentar o tamanho e variedade de seu deck.

Para quem, como eu, não jogou Gwent desde os tempos de Witcher 3, as novas regras e modelos de jogo devem levar algum tempo de adaptação mesmo com o tutorial que o game apresenta. Em geral, porém, as batalhas principais não tem um grau de dificuldade muito elevado, mesmo às vezes apresentando elementos e desafios específicos para derrotar inimigos.

Quem quiser expandir seu leque de cartas e adquirir mais recursos também pode duelar em batalhas opcionais, que vão desde do modelo tradicional de Gwent - em uma melhor de 3 - e quebra-cabeças, em que o jogador deve completar um objetivo específico com um baralho pré-determinado.

Para fãs das aventuras de Geralt de Rívia, Thronebreaker é uma excelente pedida, trazendo uma história inédita deste mundo e implementando uma nova forma de conhecê-la.

Thronebreaker: The Witcher Tales está disponível para PC, e será lançado para PS4 e Xbox One em dezembro.

Nota do crítico