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Oficiais de governos dos EUA pressionam Activision Blizzard por mudanças

Tesoureiros de seis Estados ameaçam retirar recursos caso publisher não resolva ambiente abusivo

Por Victor Ferreira 02.12.2021 14H46

Após ganhar a inimizade de trabalhadores e acionistas da própria empresa, e ser criticada pelos chefes de PlayStation, Xbox e Nintendo, a diretoria da Activision Blizzard está sendo pressionada por um novo grupo: oficiais de Estados do governo dos EUA.

O site Axios reporta que tesoureiros de seis Estados dos EUA — Califórnia, Illinois, Massachusetts, Oregon, Delaware e Nevada — declararam que, caso a companhia não tome medidas ativas para resolver os problemas de assédio e abuso sexual que tem sido denunciados nos últimos meses, removerão investimentos feitos por seus governos em relação à publisher.

O tesoureiro de Illinois, Michael Frerichs, também foi crítico quanto à liderança do CEO Bobby Kotick e outros membros do Conselho Diretor da empresa.

"Temos ressalvas de que o atual CEO e diretores não tem a habilidade ou a convicção para instituir estas mudanças significativas necessárias para transformar sua cultura, para reconquistar a confiança com funcionários, acionistas e seus parceiros", declarou ao Axios.

Deborah Goldberg, de Massachusetts, seguiu a mesma linha de pensamento.

"Este caso em particular tem esperado pela diretoria entrar em cena e fazer uma investigação", disse. "Uma investigação de verdade, um investigador externo. E faz o que, duas semanas que eles disseram estar do lado do CEO?"

As tesourarias estaduais não revelaram o que tem investido e quantas ações da Activision Blizzard tem em seu controle, mas as imposições do governo envolvem mais do que o valor financeiro em si.

"Algo que os tesoureiros trazem também é um pouco de destaque e um pouco de pressão pública", explicou. "Por isso, não é só sobre o número de dólares ou número de ações que temos."

Os oficiais de governo gostariam de fazer uma reunião com a chefia da publisher para discutir mais a fundo os problemas estruturais, preferindo realizar essas conversas até o dia 20 de dezembro.

Drew Angerer / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP

O drama envolvendo a Activision Blizzard, seu ambiente de trabalho tóxico e o papel das lideranças da empresa em tudo isso tomou foco em julho, quando a publisher foi processada pelo governo da Califórnia, e diversas figuras da Blizzard, incluindo o presidente J. Allen Brack e desenvolvedores importantes de Overwatch 2 e World of Warcraft, deixaram a empresa.

O CEO Bobby Kotick prometeu mudanças internas significativas para melhorar o ambiente de trabalho, mas de acordo com uma matéria do Wall Street Journal, o executivo tinha conhecimento de diversos casos de abuso sexual dentro da empresa, que eram em geral ignoradas. Pior, em um caso específico envolvendo, ele chegou até a intervir em um caso específico para manter o chefe do estúdio Treyarch, Dan Bunting, após ser acusado de assediar uma funcionária em 2017.

Trabalhadores e acionistas da Activision Blizzard pediram pela remoção imediata de Kotick como CEO da empresa — cargo que ocupa desde 1991 —, e a liderança da companhia foi criticada por três das maiores empresas da indústria: Sony, Microsoft e Nintendo.

Ainda assim, a diretoria da companhia mantém apoio declarado a Kotick como executivo-chefe.