Em um comunicado aos seus funcionários, o chefe da divisão Xbox, Phil Spencer, criticou as ações da Activision Blizzard após a reportagem do Wall Street Journal indicar que o CEO Bobby Kotick teria conhecimento dos casos de assédio e abuso sexual na empresa.

Em sua mensagem, adquirida via Bloomberg, Spencer diz estar "profundamente perturbado pelas ações e eventos horríveis" no ambiente de trabalho da empresa. Não só isso, ele declara estar "avaliando todos os aspectos de nosso relacionamento com a Activision Blizzard e fazer ajustes proativos e constantes" quanto às denúncias.

Posteriormente, Spencer enviou a seguinte mensagem ao site IGN:

"Eu pessoalmente tenho forte convicção quanto a um ambiente convidativo e inclusivo para todos nossos empregados em Xbox. Isso não é um destino mas uma jornada que sempre estaremos seguindo. A liderança em Xbox e Microsoft apoiam seus times para construir um ambiente mais seguro para todos"

A Activision Blizzard, em resposta, declarou:

"Respeitamos todo feedback de nossos valiosos parceiros e estamos em contato ainda maior com eles. Detalhamos mudanças importantes que implementamos nas últimas semanas, e vamos continuar a fazer isso. Estamos comprometidos a trabalhar para garantir que nossa cultura e ambiente de trabalho sejam seguras, diversificadas, e inclusivas. Sabemos que isso levará tempo, mas não vamos parar até termos o melhor lugar para trabalhar para nossa equipe."

A declaração do chefe de Xbox segue um pronunciamento semelhante vindo de Jim Ryan, presidente de PlayStation e da Sony Interactive Entertainment, declarando que a Activision Blizzard "não fez o suficiente para resolver uma cultura enraizada de discriminação e assédio."

DAVID MCNEW / AFP

Enquanto isso, os próprios trabalhadores da Activision Blizzard exigem a saída de Bobby Kotick, com mais de 1.200 pessoas assinando uma petição contra o atual CEO da companhia (via Kotaku).

A matéria do Wall Street Journal relata que Kotick, CEO da Activision desde 1991, teria não só conhecimento de casos de abuso e assédio sexual dentro da empresa — que levaram à abertura de um processo na Califórnia —, como chegou até a intervir em um caso específico para manter o chefe do estúdio Treyarch, Dan Bunting, após ser acusado de assediar uma funcionária em 2017.

Kotick também seria o verdadeiro responsável pela carta que causou revolta dentro da companhia e levou a uma paralisação de funcionários, e não a chefe de compliance Fran Townsend — uma figura controversa por si só, graças a suas ligações com o programa de tortura durante a presidência de George W. Bush.

Uma nova paralisação de trabalhadores aconteceu após a publicação do artigo do WSJ, com funcionários pedindo a remoção de Kotick do cargo de CEO. A diretoria da Activision, porém, respondeu: "Sob a liderança de Bobby Kotick a Companhia já está implementando mudanças líderes na indústria, incluindo uma política de tolerância zero contra assédio, dedicação a atingir aumentos significativos nas porcentagens de mulheres e pessoas não-binárias em nossa força de trabalho e investimentos internos e externos para acelerar oportunidades de talento diversificado. A Diretoria se mantém confiante de que Bobby Kotick resolveu questões de ambiente de trabalho que chegaram a sua atenção."

O grupo A Better ABK, que defende os interesses de trabalhadores dentro da Activision Blizzard, retrucou que foi "sob a liderança de Kotick que a companhia foi acusada de maus tratos, assédio sexual, estupro e uma ameaça de morte vinda do próprio Kotick", declarando que a diretoria é complícita se essas transgressões não forem punidas.