Doug Bowser, presidente da Nintendo of America, é a mais nova figura a condenar as ações e denúncias da Activision Blizzard por assédio sexual, assim como o papel do CEO Bobby Kotick em supostamente acobertar e até defender funcionários responsáveis por abuso.

Em um email adquirido pelo site Fanbyte e posteriormente confirmado pela própria Nintendo, Bowser diz estar chocado com as revelações e denúncias, e que a empresa está analisado seu relacionamento com a publisher.

“Assim como todos vocês, eu estou acompanhando todos os últimos desenvolvimentos com a Activision Blizzard e as contínuas reportagens de assédio sexual e toxicidade dentro da companhia”, declarou o executivo. “Acredito que esses relatos sejam preocupantes e perturbadores. Eles vão contra meus valores, assim como as crenças, valores e políticas da Nintendo.”

Bowser segue dizendo que a Nintendo conta com um ambiente de trabalho aberto e inclusivo, e que representantes da companhia estão “em contato com a Activision, tomamos ação e estamos estudando outras.”

Não há informações sobre quais ações foram tomadas por parte da Nintendo, mas de acordo com o Fanbyte o email cita a ESA (Entertainment Software Association), lobby da indústria de games nos EUA do qual tanto ela quanto a Activision Blizzard fazem parte.

A declaração de Doug Bowser segue pronunciamentos semelhantes por parte de Jim Ryan, presidente de PlayStation e Sony Interactive Entertainment, e Phil Spencer, chefe da divisão Xbox, que também condenaram as atitudes e respostas da Activision Blizzard pela cultura tóxica dentro da companhia.

De acorco com uma matéria do Wall Street Journal, Bobby Kotick, CEO da Activision desde 1991, teria não só conhecimento de casos de abuso e assédio sexual dentro da empresa — que levaram à abertura de um processo na Califórnia —, como chegou até a intervir em um caso específico para manter o chefe do estúdio Treyarch, Dan Bunting, após ser acusado de assediar uma funcionária em 2017.

Actvision Blizzard - Bobby Kotick

Bobby Kotick, CEO da Activision Blizzard

Drew Angerer / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP

Kotick também seria o verdadeiro responsável pela carta que causou revolta dentro da companhia e levou a uma paralisação de funcionários, e não a chefe de compliance Fran Townsend — uma figura controversa por si só, graças a suas ligações com o programa de tortura durante a presidência de George W. Bush.

Uma nova paralisação de trabalhadores aconteceu após a publicação do artigo do WSJ, com funcionários pedindo a remoção de Kotick do cargo de CEO. Além disso, uma petição assinada por mais de 1.200 funcionários reforçou a vontade de ver Kotick fora da liderança da companhia.

A diretoria da Activision Blizzard, porém, ainda mantém como posicionamento a defesa de Kotick.