Após uma reportagem do Wall Street Journal denunciar o CEO Bobby Kotick de saber casos de assédio e abuso sexual na Activision Blizzard, funcionários e acionistas passaram a pedir a saída do executivo da empresa. Agora, eles podem ter ganhado um aliado importante nisso: Jim Ryan, presidente da PlayStation e da Sony Interactive Entertainment.

De acordo com um texto da Bloomberg, Ryan enviou um email para os funcionários com um link para a matéria do WSJ, declarando que tanto ele quanto a liderança da Sony ficaram "desapontados e francamente chocados ao ler" que a Activision "não fez o suficiente para resolver uma cultura enraizada de discriminação e assédio."

"Entramos em contato com a Activision imediatamente após a publicação do artigo para expressar nossa profunda preocupação e perguntar como eles planejam responder às acusações feitas no artigo", escreveu o executivo. "Não acreditamos que suas declarações comunicam propriamente a situação."

A preocupação de Ryan é justificada pelo histórico entre as duas companhias, já que a Activision Blizzard e a Sony têm um relacionamento duradouro e repleto de acordos especiais, incluindo exclusividade em conteúdos para jogos como Call of Duty.

Call of Duty: Vanguard
Activision/Divulgação

A matéria do Wall Street Journal relata que Kotick, CEO da Activision desde 1991, teria não só conhecimento de casos de abuso e assédio sexual dentro da empresa — que levaram à abertura de um processo na Califórnia —, como chegou até a intervir em um caso específico para manter o chefe do estúdio Treyarch, Dan Bunting, após ser acusado de assediar uma funcionária em 2017.

Kotick também seria o verdadeiro responsável pela carta que causou revolta dentro da companhia e levou a uma paralisação de funcionários, e não a chefe de compliance Fran Townsend — uma figura controversa por si só, graças a suas ligações com o programa de tortura durante o governo de George W. Bush.

Uma nova paralisação de trabalhadores aconteceu após a publicação do artigo do WSJ, com funcionários pedindo a remoção de Kotick do cargo de CEO. A diretoria da Activision, porém, respondeu: "Sob a liderança de Bobby Kotick a Companhia já está implementando mudanças líderes na indústria, incluindo uma política de tolerância zero contra assédio, dedicação a atingir aumentos significativos nas porcentagens de mulheres e pessoas não-binárias em nossa força de trabalho e investimentos internos e externos para acelerar oportunidades de talento diversificado. A Diretoria se mantém confiante de que Bobby Kotick resolveu questões de ambiente de trabalho que chegaram a sua atenção."

O grupo A Better ABK, que defende os interesses de trabalhadores dentro da Activision Blizzard, retrucou que foi "sob a liderança de Kotick que a companhia foi acusada de maus tratos, assédio sexual, estupro e uma ameaça de morte vinda do próprio Kotick", declarando que a diretoria é complícita se essas transgressões não forem punidas.