CS:GO: O Last Dance merece e precisa acontecer

FalleN, fer e fnx tem créditos e motivos o suficiente para reviver o projeto

Por Jairo Junior 12.01.2022 13H54

As chances de sucesso do Last Dance de Counter-Strike: Global Offensive é debatida desde que o projeto foi tido como uma possibilidade real pela imprensa. O questionamento dos fãs é legítimo, já que o assunto divide opiniões. No meu caso, não aposto no sucesso de resultados, mas afirmo que o Last Dance merece e precisa acontecer.

Adicionando ideias ao que outros especialistas já pontuaram

Devo dizer que este não é o primeiro opinativo sobre o assunto. Striker, que é Editor do maior portal especializado em CS:GO do mundo, a HLTV, classificou a reunião dos jogadores como "uma má ideia". Já Lucas Spricigo, Editor de um dos maiores portais de Counter-Strike do Brasil, a Draft5, também rendeu a questão e ponderou os dois lados da moeda, entendendo que "é uma péssima ideia que pode dar certo".

Li ambos e concordo com a maioria dos argumentos citados. No entanto, também tenho o meu próprio olhar para lançar nesta roda e creio que posso contribuir com ideias em áreas distintas das que foram tratadas nestes textos.

O foco aqui não são estatísticas e o quanto jogadores como fer e fnx, que jogaram pouquíssimo nos últimos anos, podem render atualmente. Tenha o passado em mente e vamos nos ater ao curto futuro que algumas das peças do Last Dance ainda tem pela frente como jogadores profissionais.

Não tem a ver com sucesso, e sim com o momento

Jogadores como FalleN e fer já revelaram publicamente que estão no final de suas carreiras. Fnx por outro lado, tem essa velha mania de parecer que nunca mais voltará a jogar, mas do nada ressurge das cinzas - em algum momento a aposentadoria será definitiva, só não sabemos quando. Juntando tudo isso ao fato de todos terem 30 anos ou mais, não é difícil prever que, se o Last Dance não acontecer agora, não acontecerá mais.

Será que fnx ressurgirá das cinzas novamente, como já fez outras tantas vezes?

Reprodução

Lembre-se, estamos falando de atletas que já ganharam tudo que precisavam ganhar e não precisam provar mais absolutamente nada para ninguém. As opções são embarcar em projetos paralelos, que talvez nem tenham tanto tempo para amadurecer, pois suas carreiras estão no fim ou então dançar uma última dança com velhos companheiros de guerra, amigos de confiança, de maneira leve e divertida. Para mim, a opção parece óbvia.

A premissa seria bem diferente se estivéssemos tratando de atletas que trintaram sem alcançar seus objetivos ao longo da carreira. Também não é a mesma para TACO e coldzera, que apesar de experientes, são aproximadamente três a quatro anos mais novos que os ex-companheiros.

O sucesso é relativo

O projeto do Last Dance nem foi anunciado oficialmente, mas a mídia já é gigante e não é à toa. É um movimento que engloba paixão e nostalgia de todos - com certeza, uma das combinações mais potentes que existem.

No caso dos jogadores, todos tiveram experiências ruins recentemente e já não enxergam um futuro longe daqueles que lhe ajudaram a levantar tantos troféus. Já pelo lado dos fãs, seria a volta dos anos de ouro do Counter-Strike brasileiro, quando éramos os favoritos e os mais temidos. Quem viveu aquela época lembra da unidade absurda que era a torcida e da emoção de cada passo dado, cada granada lançada e cada tiro disparado.

HLTV/Reprodução

Ainda assim, no meio desse mix de sentimentos, a visão que os jogadores e os fãs têm da coisa precisam ser praticamente opostas. Por mais que existam muitas outras nuances envolvidas, seria um erro tremendo dos jogadores encarar tudo como festa - um erro que acredito que não cometerão quando a temporada começar. O sangue nos olhos e a gana por títulos precisam ser as mesmas de 2016 e 2017, mesmo que tudo tenha mudado.

Ao mesmo tempo, os fãs não podem olhar para esta equipe e achar que é a SK Gaming jogando - por mais que o core seja o mesmo. O momento é outro, o meta é outro, é tudo diferente. Acompanhe pela paixão, pelos velhos tempos, pela nostalgia. Se algo incrível vier, o que é difícil, mas não impossível, é lucro total!

Afinal, o que é ter sucesso? Depende do objetivo. É relativo. Não seria um sucesso ver um elenco histórico atuando junto novamente? Não é um sucesso ver ídolos recuperando a alegria de jogar e quem sabe até dando um show aqui e outro ali? Depende de você o que é sucesso. Eu sei que eu quero ver no que isso tudo vai dar, muita gente também quer - a tal "Farofa do FalleN deixou isso claro" e os atletas que se juntaram idem.

Oportunidade única

Assim como esta pode ser a última oportunidade destes veteranos se juntarem oficialmente, é uma oportunidade e tanto para jogadores mais novos estarem presentes nesta reunião. Faço aqui, as palavras de Gaules, as minhas.

"Imagina, com 22 anos, treinando, jogando, absorvendo e aprendendo tudo. Quer aprender sobre clutch, toma o fnx. Quer ser o matador, tem a dona morte [fer]. Quer aprender, tem o professor [FalleN]. Quer um spray gostoso, tem o Boltalha. Ele vai aprender coisas que nem imaginava que existia. Não importa se o The Last Dance vai durar um ano, seis meses, seis anos, ele vai sair dali com 23/24 anos sendo um dos melhores jogadores do planeta."

VINI ou qualquer outro jovem jogador com seus 20 e poucos anos tem uma oportunidade de ouro nas mãos. FalleN e companhia estudam e jogam o jogo há tanto tempo, que até mesmo muitas jovens promessas de hoje nem haviam nascido ou mal andavam e falavam na época. Dizer que esses caras tem muito o que ensinar e passar aos mais jovens é dizer o óbvio. Mas o óbvio precisa ser dito.

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Se eu fosse um veterano que ainda busca longevidade e meu lugar ao Sol, talvez não apostaria minhas fichas no Last Dance. Se eu fosse um jovem jogador, com toda uma carreira pela frente, abraçava esta chance com toda a minha força e entraria de cabeça aberta, absorvendo como uma esponja tudo que aqueles caras falassem.

Expect the unexpected

"Espere o inesperado" é uma das frases que se tornaram icônicas no cenário de CS:GO e, dentro do aspecto Last Dance, ela é perfeita.

Como dito anteriormente, na minha opinião, as chances desta equipe obter resultados extremamente expressivos e títulos Tier 1 não são as melhores. Creio que os fãs devem olhar o time de uma maneira diferente e, inclusive, essa pressão menor pode até fazer bem a eles no início como fez para a GODSENT. Ainda assim, isso não quer dizer que eles são um time descartável e fadado ao fracasso. Estão longe disso.

FalleN, fer e fnx são ídolos da cena e não é à toa. São multicampeões pois souberam como trilhar o caminho até o topo e se mantiveram lá por um período considerável.  Boltz participou de alguns desses títulos e VINI estava na melhor equipe brasileira do país há anos. O quinteto forma sim uma escalação interessante, especialmente com a vasta experiência internacional de peacemaker que já teve contato com tudo que é metagaming.

HLTV/Reprodução

O grande problema aqui não é ser uma line-up fraca, mas sim o cenário estar extremamente equilibrado por cima e a cada ano mais difícil. Ninguém tem vida fácil nem mesmo contra os conhecidos como Tier 2, o que dirá com as potências Natus Vincere, Vitality, G2 e afins. No momento, não vejo o Last Dance chegando às finais e superando esses times, mas adoraria queimar minha língua - ou dedos no caso.