O fim do PGL Major Stockholm 2021 e a reta final de temporada no Counter-Strike: Global Offensive (CS:GO) já ligaram um alerta vermelho na cabeça da comunidade. É pouco provável que haja grandes mudanças de elenco confirmadas de imediato, pois leva-se tempo para traçar planos para um ano inteiro. Ainda assim, isso não impediu a agitação e não se fala em outra coisa além de "dança das cadeiras" e até "The Last Dance" (volta da line-up da SK de 2016). Em minha opinião, de nada adianta tantas alterações e até mesmo a criação de "super times", sem uma mudança forte de mentalidade.

Quem acompanha o cenário de CS:GO há alguns anos, provavelmente já notou a grande evolução que ele teve em diversas questões. A palavra "profissionalismo" foi uma das mais batidas dentro das organizações, que correram para se estruturar por dentro e por fora o máximo possível. A era vitoriosa da Astralis foi um dos grandes propulsores deste movimento, já que o próprio elenco apontava em entrevistas que uma das chaves para o sucesso que viviam era o gigantesco time de profissionais que trabalhavam com eles nos bastidores.

Por envolver cada vez mais profissionais, dinheiro e tempo também precisaram ser mais englobados. Consequentemente, tudo passou a ser ainda mais minuciosamente elaborado e projetado. Por mais milhões que qualquer pessoa possa ter guardado no banco, ninguém quer queimar dinheiro à toa e ninguém entra numa competição para perder. Já se foi o tempo em que bastava juntar cinco caras bons e a bala comia.

Dito isto, a primeira mudança de mentalidade que as equipes precisam ter é que um bom elenco não vai bastar sem o devido respaldo. O meta do "não precisamos de um coach", "não precisamos de um analista" e assim por diante, morreu. E digo mais, a corrida de estruturação já começou faz tempo, quem não deu a largada está muito atrasado e quem correu junto está no mesmo patamar das demais. E agora, o que é preciso fazer para ascender a um novo degrau? A inovação não pode parar. Se você não fizer, outros farão.

Já ficou claro que as grandes equipes têm um forte time de staff que os auxiliam, e todos, sem exceção, precisam disso. Agora vamos pular para a segunda parte do texto, que envolve uma outra mentalidade retrógrada que muitos ainda mostram com ações que ela está bem viva: Trabalhos a curto prazo não existem mais.

Não é de hoje que vemos line-ups com potencial serem desmanteladas com meses de vida, sem mais nem menos. Num dia a Cloud9 monta e hypa um colosso, no outro o tal colosso já não existe mais. No MIBR, as eternas trocas de jogadores provavelmente já irritaram muitos - desde que a equipe desistiu de contar com players norte-americanos, 23 atletas já passaram por lá - sem contar treinadores e alguns que tiveram mais de uma passagem. Não entra na minha cabeça as tais "apostas de três meses" que não deram certo. Nem houve tempo hábil para dar nem certo e nem errado. Como já há um martelo batido e outra mudança vem por aí? O grande problema foi não vencer times que estão juntos há dois anos? Pois é, por que será?

Cloud9/Reprodução

É óbvio que não estou dizendo que elencos não podem mudar. Respirar novos ares e trazer sangue novo pode sim ser muito benéfico, mas é primordial não só dar tempo ao elenco atual antes disso, como dar tranquilidade e deixar claro que eles tem sim este tempo. E quando falo tempo, não são alguns meses - salvo, é claro, em situações extremas. Se em um ano você teve várias situações extremas em que a única solução era trazer um novo atleta, então seu problema está na forma como o scouting e recrutamento de jogadores está sendo feito.

Não veremos nenhuma equipe sendo campeã de Major ou de uma ESL One Cologne com alguns meses de trabalho. Talvez uma em um milhão. Para quem quer contar com a sorte de ser esta uma em um milhão, desejo o dobro desta mesma sorte, pois vão precisar...

Para a torcida, digo que não há absolutamente nenhum problema em se animar com os supostos "super times" que podem pintar por aí. Na verdade, o esperado é que os fãs realmente sonhem com a ideia. Mas saibam que isso não basta e repetir as mesmas fórmulas batidas só resultarão no mesmo resultado batido. Como torcedor, da mesma forma que você apoia, consome e levanta uma equipe, você também cobra quando erros são feitos. Se o tal "super time" aparecer, ou até mesmo se a sua torcida for para um que já exista, pense bem onde está o erro e cobre pela cura da doença, e não apenas de um sintoma.