Lies of P se transformou em um dos maiores sucessos inesperados de 2023. A proposta inusitada do estúdio Neowiz Games podia não ter sido abraçada pela comunidade, mas, de forma geral, a soma de uma história peculiar com jogabilidade inspirada nos jogos da FromSoftware funcionou.

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Com isso em mente, algumas pessoas podem se questionar: quais outros contos de fadas renderiam bons jogos? De que forma seria possível utilizar esses contos para criar experiências nas quais a essência das histórias fosse mantida, mas também ligeiramente alterada para algo mais sério?

Você encontra algumas sugestões na lista abaixo.

O Pequeno Polegar, de Charles Perrault

O Pequeno Polegar com as botas do ogro.

A história do Pequeno Polegar é particularmente triste. Abandonado pelos pais, ele até consegue encontrar um caminho de volta para casa na primeira vez, mas, na segunda, se depara com um ogro que come crianças.

A característica que destaca o Pequeno Polegar entre os irmãos e outros personagens é a inteligência. Na história original, ele consegue enganar o ogro, roubar as botas dele e roubar também tudo o que era do monstro para para si.

Um jogo no qual o Pequeno Polegar é o herói seria previsível demais. Então, por que não transformá-lo em um vilão com um passado traumático, daqueles pelos quais sentimos compaixão, mas que precisamos derrotar?

Ele volta, na história original, a morar com os pais, e a família fica rica. Contudo, será que ele não foi até lá para se vingar dos pais? Ele não poderia se tornar um tirano depois de assumir a liderança da própria família? Não que os pais deles fossem pessoas dignas de pena, não, mas e se a vontade de fazer os pais pagarem pelo abandono o leva a passar do ponto?

O patinho feio, de Hans Christian Andersen

O patinho feio sozinho.

Um pato traumatizado. Uma criatura que nasceu em um ninho de um grupo do qual ele não fazia parte. Expulso da própria família, ele viaja pelo mundo em busca da companhia de que tanto precisa.

Ele encontra marrecos, mas é obrigado a enfrentar essas criaturas, que também não o aceitam. Depois, ele encontra gansos, seres muito maiores e mais fortes do que ele, que lutam para afastá-lo.

A jornada é longa. Ele só encontra um lugar para chamar de lar quando encontra os cisnes, que o abraçam como parte do grupo. Apesar da alegria de fazer parte de um grupo, finalmente, ele se lembra frequentemente da rejeição e da solidão quando se torna um adulto. O que vemos, ao longo da campanha, são as lembranças que o assombram.

João e o pé de feijão, de Joseph Jacobs

João no pé de feijão.

O começo seria como o da história original. João, um menino pobre, sai para vender a vaca da família e acaba aceitando uma proposta inusitada de um homem que diz ter feijões mágicos. Ao chegar em casa, João conta para a mãe dele o que aconteceu, a mãe se irrita e joga os feijões pela janela. No dia seguinte um pé de feijão que se estende aos céus aparece.

Ao maior estilo Shadow of the Colossus, João é um menino pequeno em um mundo habitado por criaturas gigantes. A diferença é que isso fica acima das nuvens, no caso de João e o Pé de Feijão. Além disso, a montaria dele poderia ser a própria galinha dos ovos de ouro.

Durante a campanha, João precisa encontrar o caminho de volta para casa e garantir que a família dele nunca mais passe fome novamente.

O soldadinho de chumbo, de Hans Christian Andersen

Soldadinho de chumbo e bailarina.

Um menino qualquer compra uma caixa com soldadinhos de chumbo e, acidentalmente (ou seria de propósito?), derruba o único soldadinho sem uma perna pela janela enquanto brinca com os demais.

Sozinho, o soldadinho sem perna é encontrado por outras crianças, que criam um barco de papel para ele para que ele possa navegar pela rua e descobrir o mundo. Quer premissa melhor para um jogo de mundo aberto com exploração via navegação?

O jogo poderia seguir a linha de Little Nightmares, com a diferença de que um soldadinho de chumbo saberia se defender muito bem, apesar da dificuldade na locomoção. A grande luta do soldadinho de chumbo é voltar para a casa da criança onde morava o amor da vida dele: a boneca de bailarina.

Uma observação rápida: há versões da história em que, no final, o soldadinho de chumbo e a bailarina se reencontram, mas morrem queimados em uma lareira na qual caem por acidente. No final, resta apenas um coraçãozinho de chumbo.

O gato de botas, de Charles Perrault

Gato de botas em desenho.

Depois do Gato de Botas dos filmes do universo de Shrek, é difícil pensar em qualquer outra versão. De qualquer forma, há versões antigas dessa história em que o gato não é um espadachim, mas um "negociador" bastante perspicaz.

Em um jogo cheio de escolhar de diálogo, na pegada de Detroit: Become Human ou Life is Strange, jogadores bem que poderiam guiar o Gato de Botas em uma aventura na qual o objetivo do personagem é enriquecer o amo: um filho caçula de uma família pobre que herdou apenas um gato.


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