Jogamos: Marvel's Guardians of the Galaxy calou minha boca

O anúncio de Marvel's Guardians of the Galaxy, novo jogo dos Guardiões da Galáxia, me deixou extremamente frustrado. Estávamos na E3 e, por algum motivo, acreditei que seriam divulgadas informações sobre Final Fantasy XVI. Em vez disso, tive de aceitar que mais um jogo da Marvel estava a caminho após o não muito satisfatório game dos Vingadores.

Recentemente, o The Enemy foi convidado pela Square Enix para testar o jogo. No caso, fui eu quem jogou. E... Não é que é bom mesmo?!

Por incrível que pareça, a ideia de controlar apenas Peter Quill se encaixou perfeitamente na proposta do jogo. Em vez de perder tempo alternando entre personagens com ataques genéricos e apenas algumas habilidades exclusivas, o jogador corre o tempo inteiro pelo campo de batalha no controle do Senhor das Estrelas, planando sobre os inimigos e dando ordens aos próprios companheiros.

Sabemos que Quill não é exatamente o herói mais poderoso do universo. Por isso, colocá-lo na posição de líder, permitindo ao jogador uma maior mobilidade para observar e tomar decisões, é uma ótima escolha. Além disso, o sistema de travar a mira em um personagem e mesclar golpes físicos com tiro em terceira pessoa caiu como uma luva. Não consigo imaginar por que eu trocaria com os demais personagens. E encaixar combos com os aliados certos sempre passa uma sensação de êxito extremamente gratificante.

Considerando que a quantidade de inimigos em cada cenário é bem grande, muitos jogadores perceberão que ignorar os demais Guardiões e tentar resolver tudo como Peter Quill é a pior decisão possível. Os confrontos não são tão fáceis quanto você imagina. Dominar os tiros congelantes e os tiros normais, além de aproveitar todas as oportunidades de execução instantânea, é fundamental. Aliás, tente sempre agradar Rocket Raccoon durante a história, porque ele parece o aliado mais importante nas batalhas. Quando a ideia é abater grandes grupos de inimigos que estão próximos uns dos outros, é ele que pode virar o jogo.

Aliás, você pode estar se perguntando: "como assim agradar?"

Bom, durante a história, problemas chegarão até Peter Quill e, como líder do grupo, o jogador precisará escolher como resolver as questões apresentadas. Às vezes, será necessário escolher entre as opções dadas por um ou outro companheiro — e isso influenciará quão dispostos os personagens envolvidos estarão na hora de ajudar Quill. O sistema não chega a ser tão relevante para a história quanto o de jogos focados em narrativa, como Life is Strange, mas traz uma nuance mais do que bem-vinda à experiência. Esse fator contribui para a sensação de que estamos no controle dos Guardiões da Galáxia que conhecemos e amamos. O que seria do grupo sem Rocket irritado?!

Entre uma fase e outra, jogadores poderão passar um tempo na Milano, nave dos Guardiões da Galáxia. Ali, é possível ouvir as músicas licenciadas brilhantemente selecionadas e interagir com os demais Guardiões que acompanham Peter Quill: Gamora, Drax, o já citado Rocket Raccoon e Groot. Para a minha surpresa, esses diálogos podem ser surpreendentemente profundos. Drax, por exemplo, pode levar uma breve conversa filosófica com Quill, e o Senhor das Estrelas pode até mesmo descobrir segredos ocultos de Gamora que levam a alguma conversa genuinamente interessante. Mal posso esperar por quantas conversas existirão nesses intervalos.

Na nave, jogadores também podem gastar alguns pontos de habilidade para aprimorar as capacidades de Quill e, suponho, dos demais Guardiões (só na versão final, quando falamos em outros personagens). As vantagens incluem tiros que se tornam mais poderosos quando o jogador segura o botão de disparo após dois toques e muitas outras opções. Neste sentido, é um sistema bem tradicional, exceto pelo fato de que os pontos de habilidade são representados por dois tipos de peças.

Sei que falei das músicas na nave, mas as faixas selecionadas para o jogo são usadas também em momentos sensacionais nos quais rola um som durante o próprio gameplay. No caso da demo a que o The Enemy teve acesso, a última sequência de combate incluía uma porradaria generalizada ao som de uma composição original intitulada "No Guts, No Glory", que segue a pegada dos clássicos do Hard Rock dos anos 1980. Há muito tempo um início de combate não me arrepiava tanto quanto esse. Meu corpo inteiro reagiu à cena, eu mal conseguia acreditar no que estava acontecendo.

A música é, sem dúvida alguma, um elemento fundamental para que os jogadores entrem no clima de Guardiões da Galáxia. Se, por um lado, os personagens e a história seguem mais a atmosfera e os acontecimentos dos quadrinhos, a trilha sonora é totalmente inspirada na dos filmes, com diversos sucessos do pop/rock oitentista. "Never Gonna Give You Up", "Turn Up the Radio" e "Hit Me With Your Best Shot" são apenas algumas das músicas que escolhi para tocar, mas não faltam opções.

O único aspecto da jogabilidade de Marvel's Guardians of the Galaxy que me incomodou, além de eventuais falhas por se tratar de uma build de teste, foi um enigma apresentado que incluía ligar alguns tubos para que a energia de um painel de controle alcançasse uma porta. Esse trecho específico foi excessivamente simplório; me fez lembrar de desafios da era PS2, em que ainda existia um abismo entre bons puzzles e outros que eram apenas tentativas irritantes de prolongar a experiência. Espero que outros desafios semelhantes sejam ao menos um pouco melhores nas outras fases.

Se você gosta dos Guardiões da Galáxia como os conheceu no cinema, em histórias que misturam boas piadas com uma trama galáctica suficientemente engajante, nem preciso dizer que Marvel's Guardians of the Galaxy é absolutamente digno da sua atenção. As mecânicas de combate enquanto lideramos o grupo são excelentes, assim como o sentimento de conhecer cada vez mais a respeito dos personagens.

Fãs da Marvel, preparem-se: esse jogo pode redimir o fracasso de Marvel's Avengers.