Com os finalistas na categoria de Melhor Jogo: Brasil no BIG Festival de 2021 definidos, o The Enemy conversou com as dez desenvolvedoras por trás desses jogos pra você conhecer melhor o cenário brasileiro e se interar de todos os competidores antes da premiação.

Nosso caminho pelos indicados vai agora até o sci-fi retro futurista de Retro Machina (Orbit Studio), jogo de exploração com cenários belíssimos, muitas referêcias e uma história sensível de um robô se encontrando com os resquícios da humanidade. Ah, e só para constar: o jogo tem a famigerada "rolada", possui uma demo disponível na Steam e está programado para lançamento no dia 12 de maio.

Isso muito provavelmente não vai ter muito a ver com o texto, mas desde que ouvi “Robot Boy” pela primeira vez no lançamento do álbum “A Thousand Suns”, da banda Linkin Park, eu criei uma grande afinidade, sem entender muito os porquês, por pequenos robôs que precisam “carregar o peso do mundo”.

De “Três Robos”, um dos episódios da coletânea “Love, Death and Robots”, até "Quad", coleção de quadrinhos brasileiros, e Ratchet and Clank, encontrei em Retro Machina mais um motivo para alimentar esse gosto pessoal.

Desenvolvido pela Orbit Studio, o jogo teve que mudar de nome por questão de direitos autorais e deve muito do seu resultado final ao BIG Festival. Quando Retro Machina ainda se chamava Uprise, os devs levaram o projeto à roda de encontros do evento e conseguiram fazer contato com a publisher.

Trailer do jogo enquanto ele ainda se chamava Uprise

“A gente queria contar a história de um robô que se descobre enquanto máquina e vai evoluindo sua mente para se tornar mais parecido com o que a gente tem como consciência humana. Ele aprende com os rastros dos humanos o que é ser humano”, contou Rodrigo Pascoal, responsável pela parte artística do jogo.

Para contar essa história sensível, que tem por base clássicos do sci-fi como Isaac Asimov e Philip K. Dick, Retro Machina combina a vasta exploração em um mundo semi-aberto com um sistema bem engenhoso no maior estilo Brothers: no comando de um robô frágil, você deve simultaneamente controlar outros robôs para acessar plataformas fora de seu alcance, abrir portas e batalhar.

Um dos méritos do jogo é deixar essa jogabilidade bem variada. Sua gama de possibilidades vai desde robôs simples, que apenas pulam, a máquinas que curam ou grandes trambolhos de destruição. Mas não dá simplesmente para controlar um robô gigante e sair por aí quebrando tudo: o protagonista recebe todo o dano sofrido pelos robôs controlados e pode morrer rapidamente.

Jogo tem uma grande variedade de robôs que você pode controlar

“Nossa inspiração sempre foram os jogos que a gente gostava de jogar: Zelda, jogos de exploração, Mario Odyssey também no lance de controlar os inimigos e o Brothers pelos analógicos”acrescentou Rodrigo. O jogo conta com diversos quebra-cabeças e caça a itens necessários para desbloquear novas áreas - além de muitas batalhas desafiadoras e inúmeros colecionáveis que contam a história paralela da humanidade e do jogo.

Outro ponto alto é o visual. Os cenários de Retro Machina são muito bem detalhados e feitos com uma estética que lembra pinturas feitas à mão. Sem falar das artes de itens e menus, que são realmente feitas a mão com tinta guache pelo ilustrador Diocir Jr. e depois escaneadas para entrar no jogo.

Ao longo da jornada, você encontra itens que contam a história do universo de Retro Machina

“A gente sempre achou que o maior diferencial de um jogo indie é poder oferecer algo que um AAA não oferece. A gente buscou essa pegada tipo Machinarium, de jogos desenhados à mão. A gente queria jogar um jogo feito à mão também”, explicou.

E para quem é fã de caçar referências, o jogo da Orbit Studio é um prato cheio. Logo nas primeiras áreas de Retro Machina você já consegue encontrar coisas de De Volta Para o Futuro, Jetsons e Dr. Who - sem dar mais detalhes para não estragar a experiência de quem quiser jogar.

Ao todo, o jogo levou cerca de três anos para ser desenvolvido e é o primeiro lançamento comercial original da Orbit Studio. Os devs lançaram gratuitamente dois jogos para mobile - Shenlong e Perfect Potion - e desenvolveram advergames para se sustentar em seu início. “No Brasil é sempre uma guerra, nesses jogos para celular não ganhamos nem 100 reais”, confessou o desenvolvedor.

“Estudo com o Elton desde a quinta série, em Rio Grande da Serra, e a maioria das pessoas falava de futebol. As poucas que jogavam videogame conversavam. O tempo passou e a gente achou que estava na hora de voltar e fazer um jogo”, contou. Os amigos, então, se demitiram de seus empregos anteriores e decidiram alugar uma pequena sala para formar a Orbit.

Agora com seu primeiro grande título autoral e uma indicação a Melhor Jogo: Brasil no BIG, o desenvolvedor conta os próximos planos do estúdio. “Estamos nos esboços de uma demo para o próximo jogo. Com a experiência do Retro Machina, vamos tentar fazer um jogo mais polido e mais focado em combate. A gente dá os passos do tamanho da nossa perna”, concluiu Rodrigo.

E mesmo com a história fechadinha de Retro Machina, podemos ter a esperança de encontrar esse belíssimo universo uma vez mais. Segundo o desenvolvedor, existe, sim, uma ideia longínqua de se fazer expansões contando algumas pontas soltas de outros personagens da história ou até mesmo um multiplayer cooperativo online ou local para dois jogadores. 

Se você gosta de cenários futuristas apocalípticos, robôs descobrindo suas próprias humanidades e também de muita exploração, tenho certeza de que você vai querer conhecer o universo e essa história incrível desenvolvidos pela Orbit.


BIG Festival de 2021 acontece entre os dias 3 e 9 de maio de maneira digital e gratuita para o público, que poderá testar os jogos, conversar com os desenvolvedores e assistir palestras. A premiação de Melhor Jogo: Brasil e demais categorias do evento será transmitida no dia 6, a partir das 21h30 (horário de Brasília).

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