Nesta sexta-feira (21), trabalhadores da Raven Software, estúdio responsável principalmente por Call of Duty: Warzone, anunciaram a formação de um sindicato, pedindo reconhecimento por parte da Activision Blizzard - recentemente adquirida por quase US$ 70 bilhões pela Microsoft.

A Game Workers Alliance é atualmente formada por 34 membros do departamento de QA (controle de qualidade) do estúdio, e surge em meio à greve em protesto à demissão de 12 prestadores de serviço que foram demitidos pela companhia no fim de 2021, que está atualmente em sua quinta semana de duração.

A formação do sindicato foi feita com apoio da Communication Workers of America (CWA), entidade que representa mais de 700 mil trabalhadores em diversos níveis do setor de telecomunicações dos EUA, e teve apoio de 78% da equipe de QA da Raven.

"Hoje, estou orgulhosa em me unir com a supermaioria dos meus colegas trabalhadores para formar nosso sindicato, Game Workers Alliance (CWA)", declarou a testadora Becka Aigner, da Raven, em um pronunciamento. "Na indústria de videogames, especificamente na Raven QA, as pessoas são passionais quanto a seus trabalhos e o conteúdo que estão criando. Queremos garantir que a paixão desses trabalhadores seja refletida corretamente em nosso local de trabalho e no conteúdo que fazemos. Nosso sindicato é como nossas vozes coletivas poderão ser ouvidas pela liderança."

Nas redes sociais, a conta oficial do grupo divulgou uma thread com seus valores e objetivos, e pediu aprovação e não-interferência da publisher e a chefia de seu estúdio.

"Pedimos que a liderança da Raven Software e da Activision reconheça voluntariamente nosso sindicato e respeitem nosso direito de se organizar sem retaliação ou interferência", diz a mensagem.

"Temos objetivo de trabalhar juntos com as lideranças para criar um ambiente de trabalho saudável e próspero para todas as pessoas, para desenvolver produtos de sucesso e sustentáveis, e apoiar o divertimento de nossos jogadores."

A formação do sindicato vem em meio ao anúncio de que a Microsoft deve adquirir a Activision Blizzard por US$ 68,7 bilhões, maior transação do tipo na história da indústria de games, e que só deve ser finalizada oficialmente após aprovação de entidades governamentais pelo mundo, prevista para por volta de 2023 (se for aprovada, claro).

Call of Duty Warzone
Activision/Divulgação

Nos últimos meses, a publisher esteve envolvida em diversos escândalos envolvendo abusos sexuais e morais no ambiente de trabalho dos vários estúdios e produtoras da empresa, o que gerou diversos protestos e iniciativas trabalhistas.

Procurada pela imprensa, a Activision Blizzard enviou o seguinte pronunciamento (via Polygon):

"A Activision Blizzard está avaliando cuidadosamente o pedido de reconhecimento voluntário da CWA, que busca organizar cerca de três dúzias de empregados em uma companhia com quase 10 mil funcionários. Embora acreditemos que um relacionamento direto entre a companhia e os membros tragam oportunidades melhores para a força de trabalho, respeitamos profundamente os direito de todos os empregados sob a lei de fazer suas próprias decisões quanto a se juntar a um sindicato ou não."

"Em toda a Activision Blizzard, continuamos focados em ouvir de perto nossos funcionários e providenciar melhores pagamentos, benefícios e oportunidades profissionais necessárias para atrair e manter o melhor talento do mundo. Nos últimos anos, isso inclui aumentar a compensação mínima para funcionários da Raven QA em 41%, aumentar as folgas remuneradas, expandir acessos a benefícios médicos para empregados e cônjuges, e transferir mais de 60% membros temporários da Raven QA em empregados de tempo integral."

Em uma entrevista ao Washington Post, o CEO da Microsoft Gaming, Phil Spencer, foi perguntado sobre a perspectiva de sindicalização dentro da Activision Blizzard.

"Vou ser honesto, não tenho muita experiência pessoal com sindicatos", disse. "Eu estou na Microsoft há 33 anos. Por isso, não vou tentar parecer qualquer tipo de expert nisso, mas posso dizer que teremos conversas sobre o que os empodera a fazer seu melhor trabalho que, como você pode imaginar em uma indústria criativa, é o mais importante para nós."