Outra polêmica envolvendo a Activision Blizzard: dessa vez, os funcionários acusaram a empresa de “comportamento coercitivo” em uma queixa apresentada ao National Labor Relations Board pelo A Better ABK em conjunto com o Communication Workers of America (CWA).

A Better ABK é um grupo de funcionários da Activision Blizzard trabalhando para melhorar as condições de trabalho na empresa, que é uma das maiores editoras de videogame dos Estados Unidos.

Eles avançaram com um processo legal contra a empresa, que é acusada de utilizar táticas de intimidação para que os funcionários não unam esforços em torno do - outro - processo legal com queixas de assédio e descriminação.

De acordo com o processo (ocorrido na última sexta-feira), esse comportamento incluiu uma mistura de declarações, ameaças, promessas de benefícios e vigilância de funcionários. Nele é mencionado que os gestores da Activision Blizzard têm recorrido a essas táticas para impedir que os trabalhadores unam esforços na sua luta por igualdade e contra as injustiças.

Um tweet feito pelo grupo de trabalhadores “A Better ABK” indica que essa coerção foi feita em resposta aos trabalhadores ‘discutindo arbitragem forçada’, prática que foi criticada na Activision Blizzard e outras empresas, como a Riot Games.

Eles também acrescentaram em seu anúncio da ação que espera garantir mais proteção para os trabalhadores que enfrentam pressão em outras empresas de jogos e além.

sede blizzard

Além disso, um porta-voz da A Better ABK forneceu uma cópia do registro do NLRB (National Labor Relations Board) aos jornalistas, que alega que especificamente nos últimos seis meses, a Activision Blizzard ameaçou diretamente os funcionários, dizendo que “eles não podem falar ou comunicar sobre salários, horas e condições de trabalho”, e também "discriminou os funcionários por postar sobre as condições de trabalho nas redes sociais”.

O diretor da CWA, Tom Smith, disse em um comunicado que a organização apoiou os organizadores do A Better ABK em sua missão de combater a agressão, discriminação e o assédio na empresa.

“A administração poderia ter respondido com humildade e disposição para tomar as medidas necessárias para lidar com as condições terríveis que alguns trabalhadores da ABK enfrentaram. Em vez disso, a resposta da Activision às atividades dos trabalhadores foi vigilância, intimidação e contratação de notórios exterminadores de sindicatos”, disse Smith.

Recapitulando a tragédia da Blizzard

Em junho, a empresa foi processada pelo Estado da Califórnia por permitir uma cultura de “assédio sexual constante”, além de uma cultura totalmente tóxica para funcionárias da empresa, desde salários desiguais e pouca (ou nenhuma) representatividade nos papéis de liderança da empresa até os casos de assédio e abuso sexual.

Após a abertura desse processo, os acionistas da Activision Blizzard começaram a investigar a empresa procurando por evidências de que ela teria escondido as informações sobre a ação legal.

Entre essas ações, no meio do olho do furacão, o presidente da empresa, J. Allen Black, deixou a empresa “para buscar novas oportunidades”, de acordo com ele.

O CEO da Activision Blizzard, Bobby Kotick, chegou a publicar uma carta após o processo, se desculpando pela resposta inicial da companhia pelas denúncias e prometeu algumas medidas como sessões de ouvidoria para funcionários, mudanças de figuras em cargos sênior, procura de candidatos com maior diversidade étnica e de gênero e remoção de conteúdo impróprio de seus games.

Mas os funcionários da Blizzard não gostaram das propostas e medidas que Kotick mencionou na carta, e chegaram a fazer uma paralisação em frente à sede da empresa. Eles também enviaram uma carta direcionada a Kotick criticando a falta de interesse para resolver as críticas apontadas pelos funcionários, e a contratação da firma de advocacia WilmerHale (que já representou a Blizzard em um processo sobre falta de diversidade no ambiente de trabalho).

Houve também a demissão de três membros de cargos líderes da empresa: Luis Barriga, que trabalhou em jogos como World of Warcraft, Diablo 3 e Overwatch, Jonathan LeCraft, designer de World of Warcraft e Jesse McCree, que tinha até mesmo um personagem em Overwatch com seu nome.

Que, aliás, a Blizzard precisou trocar de nome para “melhor representar o que Overwatch significa”, depois que jogadores insistiram na mudança de nome, pois Jesse McCree estava envolvido nas acusações de assédio do processo.

Ainda houve uma acusação do Departamento da Califórnia, onde a Blizzard foi acusada de destruir evidências de abuso sexual, e atualiza o processo alegando que a empresa não cooperou com a investigação da Califórnia, além de fazer com que o pessoal de recursos humanos destruíssem documentos pertinentes ao inquérito, os quais são obrigatórios por lei manter e disponibilizar aos investigadores.