Videogames são uma porta para a diversão, para entrar em novos mundos, aprender coisas novas sobre o nosso velho mundo e até se ver do outro lado da tela em um personagem ou trama.

Com a celebração do mês do orgulho LGBTQIA+ em junho, em alusão aos atos em defesa da igualdade de direitos nos Estados Unidos em 1969, separamos uma lista de jogos que além de muito divertidos, podem ensinar algo novo sobre a comunidade.

Seja entre as lutas com zumbis de The Last of Us ou o drama familiar de Tell Me Why, aqui estão seis títulos para você conhecer, se aprofundar e aprender mais sobre diversidade jogando.

Ikenfell: jogabilidade convida e história prende

Ikenfell é um RPG de magia por turnos e rítmico. Ele mistura elementos de Final Fantasy Tactics e da série Paper Mario.

Chegue nesse jogo pelo ótimo gameplay, mas fique pela história em uma escola de magia como Harry Potter. Ikenfell explora o momento de descoberta de diversos personagens e como eles lidam com traumas do passado, enquanto enfrentam demônios no presente.

Você começa controlando Maritte, uma humana que viaja até a escola de magia que dá nome ao jogo para descobrir o paradeiro da irmã. No colégio, a protagonista descobre que é uma maga elemental e passa a conhecer mais sobre si. Maritte se vê em um trinângulo amoroso com Pertisia, uma aluna que lida com estresse pós-traumático, e Rook, um personagem não-binário com problemas de confiança.

Todos os personagens principais de Ikenfell são da comunidade LGBTQIA+. Eles se unem pelo fato de que precisam lidar com traumas e trabalhar juntos para salvar a escola. O jogo é um convite para aprender mais sobre diversidade e passa uma mensagem de como o amor pode curar feridas. Mais que divertido, Ikenfell é uma daquelas experiências necessárias para os tempos atuais.

O título foi publicado pela Humble Games para PlayStation, PC, Nintendo Switch e está disponível no catálogo do Xbox Game Pass.

Celeste: o jogo que ajudou a sua criadora

Celeste representa não apenas um dos melhores jogos lançados em 2018 como também a jornada da criadora Maddy Thorson como mulher transsexual. A DLC Farewell confirma de uma vez por todas que a protagonista do metroidvania, Madeline, é trans, como também ajudou a desenvolvedora a se aceitar.

Em carta publicada no Medium, Maddy escreveu que iniciou o desenvolvimento de Celeste sem saber quem era e quem era a protagonista Madaline. Ao fim de Farewell, as duas podiam dizer orgulhosamente que eram mulheres.

Celeste traz uma história sensível em uma jogabilidade no mínimo desafiadora. Segundo Thorson, o título mostra como o mundo pode ser hostil com a diversidade, mas deixa uma série de referências durante a jornada para outras pessoas trans.

Celeste tem brasileiros na equipe de desenvolvimento e está disponível para consoles PlayStation, Xbox, PC e Nintendo Switch.

Tell Me Why: o jogo proibido em diversos países

Tell Me Why é mais do que uma aventura narrativa épica da Dontnod Entertainment (Life is Strange e Life Is Strange 2). Além de emocionante, o jogo é um marco sobre as discussões sobre diversidade, mesmo para uma desenvolvedora que está acostumada a trabalhar com o tema.

O título é o primeiro grande projeto para os videogames a apresentar um protagonista transgênero que também é interpretado por um ator transgênero. August Aiden Black dá vida a Tyler Ronan, um dos gêmeos protagonistas que viaja para a conservadora cidade de Delos Crossing com a irmã para descobrir mais sobre a mãe.

Para desenvolver Tell Me Why, a Dontnod e a Xbox Game Studios submeteram o roteiro a GLAAD, Aliança de Gays e Lésbicas contra a Difamação. O trabalho com a ONG garantiu um desenvolvimento digno para Tyler. O personagem não é resumido pela transsexualidade e não tem, em nenhum momento, seu nome de registro feminino mencionado no jogo.

Disponível no catálogo do Xbox Game Pass no dia do lançamento, em agosto de 2020, Tell Me Why foi proibido em diversos países por conta de seu protagonista. O jogo ficou indisponível na Rússia, Turquia, Ucrânia, China e em outros países da Ásia que possuem leis contra produções que abordam questões de gênero.

Unsighted: fugindo de estereótipos

Tiani Pixel e Fernanda Dias são as mentes por trás do estúdio brasileiro Pixel Punk e o audacioso jogo Unsighted. Com uma demo disponível no Steam, Unsighted é um metroidvania que quebra os padrões de suas principais fontes, Metroid e Castlevania, com uma visão de cima para baixo e combates que lembram um RPG de ação souls like.

A história segue a jogabilidade e também quer quebrar alguns paradigmas. Em conversa com o Games Industry, em 2018, Tiani disse que gostaria de criar uma trama que não resumisse uma personagem LGBTQIA + apenas pela questão de gênero.

A desenvolvedora lembrou de Hainly Abrams, de Mass Effect, que tem toda a sua trama atrelada à fuga do preconceito e ao fato de ser transgênero. A ideia de Unsighted é abordar a diversidade de maneira sutil e em outros contextos daqueles que falam sobre preconceito e ausência de aceitação que vimos tantas vezes por aí.

O jogo está prometido para PC e consoles em 2021.

Knockout City: vista-se como quiser para a batalha

Vencer partidas de queimada com os amigos, acumular pontos e ganhar itens para personalizar seu personagem. Knockout City é mais um jogo online sem muita preocupação com a história.

O jogo está listado aqui por um motivo: seu variado e divertido modo de customização de personagens. A principal recompensa do título é ganhar partidas para aproveitar a loja de itens customizáveis para seu personagem.

A desenvolvedora Velan Studios, que tinha trabalhado apenas em Mario Kart Live: Home Circuit, escolheu não colocar qualquer identificação de gênero na customização de Knockout City.

Não existe nenhum limite para montar um personagem barbudo de saia ou que use maquiagem. Não existe nem ao menos identificação de peças e modelos de corpo, cabelo e rosto. Você pode montar seu atleta da forma que quiser e como entender, com opções que enchem os olhos.

Knockout City foi lançado em 2021 pela EA para computadores, além de consoles PlayStation e Xbox.

The Last of Us: Left Behind

Antes de trazer a sexualidade de Ellie para o centro da trama de The Last of Us Part II, a franquia da Naughty Dog fez uma incursão mais sensível e importante para a personagem como conteúdo extra do primeiro jogo.

Left Behind é a DLC que mostra Ellie, ainda criança, descobrindo e aceitando a paixão pela melhor amiga Riley. As duas se reencontram após semanas distantes uma da outra e embarcam em uma aventura em um shopping abandonado.

A descoberta da sexualidade na adolescência é um tabu que a Naughty Dog aceitou trabalhar e abraçar, sendo feliz na sua missão. O resultado da história é satisfatório. Left Behind é deliciosamente agridoce, mostrando como uma paixão ainda inocente se contrapõe a um mundo em guerra.

A expansão está inclusa na edição remasterizada de The Last of Us, disponibilizada no PS4 e na PS Plus Collection do PS5.