Um dos maiores lançamentos do ano passado, The Last of Us é um jogo completo. Desenvolvimento dos personagens, imersão, jogabilidade interessante. A trama está fechada. Não seria necessário fazer adições ao que foi apresentado pela Naughty Dog. Mesmo assim, a empresa optou por desenvolver "Left Behind" e deu uma aula de como se faz um bom DLC.

Como "Left Behind" é um episódio da história de The Last of Us, é recomendável ter completado a história principal antes de jogá-lo. Nesta crítica, não serão revelados detalhes importantes do enredo do DLC, mas podem ser citados alguns pontos do primeiro game. Cuidado com os spoilers a partir do parágrafo abaixo.

O pacote de conteúdo é protagonizado por Ellie e mostra dois momentos de sua vida. Um deles é a transição entre as partes "Outono" e "Inverno" do game principal. O outro se desenrola três semanas antes do início de The Last of Us, quando ela e sua amiga Riley fogem da escola militar para visitar um shopping abandonado.

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Depois de uma briga com a melhor amiga, Riley desapareceu por seis semanas. Ao voltar, conta a Ellie que entrou para os Fireflies, grupo rebelde que é um dos temas centrais do game. Tudo isso é abordado enquanto elas tentam chegar ao shopping em ruínas. Enquanto o jogador explora o cenário, os diálogos mostram aos poucos como é a relação das duas.

Furtividade e estratégia

Nos flashbacks, praticamente não há combate. Estão em foco a história e o desenvolvimento das personagens. Isto é feito de maneira primorosa pela Naughty Dog, que cria uma relação sincera entre as garotas. Há piadas e risadas que mostram uma amizade de anos. Há carinho mútuo e a descoberta dos sentimentos na adolescência. Quem diria que haveria solo para que isso brotasse em um mundo duro e imperdoável como o de The Last of Us?

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Os poucos segmentos de combate estão nas partes "atuais". Ellie deve proteger Joel dos saqueadores que os perseguem, mas também precisa conseguir suprimentos médicos. É preciso recorrer à furtividade em muitos momentos, já que os inimigos são muitos e a munição é escassa. Mas há uma novidade interessante nas batalhas. Algumas telas misturam humanos e infectados. Vale a pena jogar um grupo contra o outro e, assim, ter menos inimigos para enfrentar. Isto torna os confrontos mais estratégicos e divertidos.

Um ponto que não prejudica a jogabilidade, mas intriga: no começo do DLC, Ellie usa a pistola que ganhou de Joel anteriormente. Porém, quando começa a parte "Inverno" no game principal, ela não tem a pistola - apenas arco e flecha. Pode ter sido apenas um recurso da Naughty Dog para forçar o uso das flechadas, mas faria sentido que a arma ficasse na mochila da personagem caso a munição tivesse acabado.

Amizade agridoce

Mesmo com as inovações, as cenas de combate perdem força quando comparadas ao avanço da história de Ellie e Riley. É como se vencer o combate com a Ellie atual tivesse como recompensa vivenciar um pouco mais dos flashbacks. Quem ficou atento à cena final de The Last of Us sabe como termina essa ida ao shopping. Isso não tira de maneira alguma o brilho da narrativa mostrada pelo episódio.

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Saber que Ellie ainda não foi mordida e, por isso, não percebeu que é imune, dá outro significado a cada momento da história. A escolha de alternar os dois momentos foi interessante. Entender a relação com Riley é essencial para ver por que a protagonista é tão determinada em não perder Joel.

É louvável que a relação de duas garotas seja mostrada de uma maneira tão singela como foi feito pela Naughty Dog. Em um mercado em que as mulheres ainda são, em sua maioria, retratadas de maneira rasa e sexualizada, Ellie e Riley são exemplos positivos que vêm se tornando menos raros. Em 2013, tivemos Gone Home e o próprio The Last of Us como indicadores de uma possível mudança na indústria de games. "Left Behind" vem para comprovar isso.

Como foi dito acima, a aventura de Joel e Ellie não precisava render DLCs ou continuações. Mas isso não impediu que fosse criada uma história que desse um significado maior ainda ao enredo principal. Que bom que a Naughty Dog fez do desnecessário algo essencial e belo.

The Last of Us: Left Behind é exclusivo do PlayStation 3.

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Left Behind
  • Lançamento

    23.10.2014

  • Gênero

    Ação

Nota do crítico