Em sua segunda aventura pós-reboot, Lara Croft protagoniza um de seus melhores games até hoje. Rise of the Tomb Raider é melhor que seu antecessor em todos os sentidos. História maior e melhor trabalhada, mais desafios, mais tarefas de aperfeiçoamento de personagem e muito mais equilíbrio entre momentos de jogabilidade.

Na trama, Lara precisa trabalhar ao lado de um grupo de nativos ocultos para proteger sua cultura e um artefato misterioso ligado à imortalidade. Entre segmentos que avançam a história - que tem por volta de 12 horas - a futura arqueóloga precisa vasculhar segredos de sua família e melhorar suas habilidades empregando recursos naturais. A progressão é bastante orgânica, com uma curva de aprendizado sutil e com uma dose razoável de desafio. Em seu modo normal, Rise of the Tomb Raider não é nada difícil, mas exige paciência. Parar nos acampamentos em regiões de caça é necessário para investir em itens melhores e mais recursos, a fim de facilitar a narrativa principal.

Essas zonas voltadas à exploração são suficientemente amplas para garantir umas boas duas, três horas de jogo cada. Optar por explorá-las amplia sensivelmente a duração do jogo, já que cada uma esconde pelo menos duas tumbas opcionais, repletas de quebra-cabeças legais e visuais imperdíveis. Como recompensa há itens que melhoram armas e habilidades, além de objetos que contam histórias ligadas à trama.

A precursora de Uncharted e herdeira de Indiana Jones segue acompanhando a cartilha da exploração moleque, porém: descubra civilizações e segredos ancestrais e destrua TUDO no processo. A aventura segue com a pegada leviana de sempre, agora com missões paralelas que beiram o preconceito de ideais... em determinado desafio para ganhar experiência e itens, Lara precisa queimar propaganda russa com 55 anos de idade. Documentos históricos de um passado que qualquer explorador deveria tentar resgatar. Cortar bandeiras é outra opção, além do - clássico - mate todas as formas de vida que encontrar, por mais perto da extinção que estejam. Não teria sido difícil criar desafios que ajudassem na criação da personalidade de Lara, apostando no futuro.

Entre esses desafios e tumbas opcionais, há uma grande variação de momentos na narrativa principal, que jamais deixam o título ficar tedioso. Se em uma sequência Lara precisa escapar usando explosivos e destruindo tudo em seu caminho, na outra deve atravessar seus inimigos usando suas armas ou em cuidadosamente criados mapas de furtividade, repletos de opções de avanço. Entre eles, trechos voltados à escalada, partes sob a água e bons quebra-cabeças, além de cutscenes muito bem executadas e que não dá vontade de pular.

Quem preferir pode mergulhar nos desafios das tumbas, concorrendo com outros jogadores por posições nos placares de líderes. Esses modos de jogo contam com cartas modificadoras adquiridas com moedas encontradas no jogo principal, que dão vantagens ou desvantagens que mudam o sistema de pontuação. Há desde Lara Croft cabeçuda a inimigos em chamas, passando por trajes especiais ou outras excentricidades.

Jogabilidade à parte, os gráficos estão entre os mais bonitos já criados para um game de console. Além do realismo das texturas, a iluminação é um espetáculo, garantindo momentos que merecem ser apreciados. O jogo dirigido por Noah Hughes é caprichado - ainda que as frenéticas últimas fases contenham uma dose de bugs desagradável, que não fora percebida até ali. Basicamente, o game transcorre redondo até esse clímax alucinado, onde inimigos desaparecem do nada - e a luta final me rendeu uma boa hora tentando evitar umas áreas do mapa que teletransportavam Lara para o céu, de onde ela despencava sem chance de sobrevivência. Mudar a rota dentro da sala resolveu o problema, mas isso só veio depois de algumas tentativas. Nada que um simples patch não resolva, claro.

Descontando esses pequenos problemas, Rise of the Tomb Raider tem um dos melhores finais possíveis, em termos de satisfação do jogador. Diferente de tantos games que encerram suas jornadas com quick time events ou apostando na infame custscene que tira de quem está controlando a sensação de conclusão real, aqui o game devolve à mão do jogador o controle para que ele decida de que forma deseja concluir o jogo. É algo simples, mas que faz toda a diferença.

Rise of The Tomb Raider será lançado para Xbox One e Xbox 360 em 10 de novembro, com lançamento para o PC previsto para o início de 2016 e para PlayStation 4 no fim de 2016. A versão testada foi a de Xbox One.

Nota do crítico