A possível compra das operações do TikTok nos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia pela Microsoft é um "cálice de veneno", avaliou Bill Gates, cofundador e consultor de tecnologia da empresa.
A indicação do executivo de que não vê a possibilidade do acordo com bons olhos veio em uma entrevista à Wired, sob o argumento de que o acordo não será algo simples para a Microsoft.
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"Quem sabe o que vai acontecer com esse negócio. Mas sim, é um cálice de veneno. Ser grande no negócio de redes sociais não é um jogo simples, como a questão da criptografia", apontou, em referência ao desafio de moderação de conteúdo que a Microsoft terá que enfrentar com a aquisição de uma rede social.
Ainda sobre o tema, Gates avaliou como algo positivo que o setor de rede sociais seja mais competitivo – sendo o TikTok um competidor que desafia a hegemonia do Facebook e de seus outros serviços –, e que enxerga como "bizarra" a decisão de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, de eliminar esse competidor.
Questionado sobre a regras invocadas por Trump para que o TikTok tenha que ser comprado por uma empresa dos Estados Unidos para continuar operando no país, Gates afirmou achar a decisão "estranha" – e ainda mais estranha que Trump queira parte do negócio.
"Concordo que o princípio segundo o qual isso está ocorrendo é um pouco estranho. A coisa questão de [Trump exigir um] corte, isso é duplamente estranho. De qualquer forma, a Microsoft terá que lidar com tudo isso", disse.
Acusada de "ameaçar a segurança nacional" dos Estados Unidos, a rede social TikTok, que pertence à empresa chinesa ByteDance, tem sido o ponto focal da mais recente disputa entre Trump e a China.
Nesta semana, o presidente dos Estados Unidos assinou uma ordem executiva que proibirá transações com o app no país em setembro. Uma alternativa para que o app continue funcionando no país seria a sua compra pela Microsoft, que está em avaliação.