Resident Evil: 7 erros e 3 acertos de Bem-vindo a Raccoon City

É natural que alguns personagens mudem em uma adaptação, seja na aparência ou no comportamento. Entretanto, isso não quer dizer que um herói tão icônico de Resident Evil quanto Leon pode ser transformado em uma caricatura cômica totalmente fora de sincronia com qualquer coisa já vista nos jogos.

Tratando-se do primeiro dia de trabalho, faz sentido que Leon seja um pouco atrapalhado, mas o filme fez com que as trapalhadas fossem, praticamente, a única característica de Leon. Sério, que tristeza.

Não é raro encontrar, nas multidões de zumbis, pessoas que sequer foram maquiadas e estão lá no meio dos monstros como se não fosse sequer perigoso. Além disso, após acontecimentos extremamente dramáticos envolvendo Sherry Birkin, não é raro ver a personagem olhando para o além (para o pessoal do estúdio, provavelmente) e até sorrindo. Como isso foi parar no filme final?

Não bastasse a maquiagem questionável, existe uma cena extremamente importante envolvendo Jill Valentine e Albert Wesker na qual ambos quase são pegos por uma explosão. Aquela talvez seja a explosão mais mal feita de 2021. Isso sem falar nos cachorros zumbis, que chegam a ficar destacados de tão destoantes em relação ao resto dos cenários.

Durante a maior parte do tempo, é como se o filme pedisse para que o espectador se preocupasse mais com os acontecimentos que envolvem Claire e Leon. Contudo, colocar duas histórias separadas em uma mesma adaptação sem o menor cuidado com a maneira como esses núcleos se encontram não funciona.

Não é difícil de entender ou algo assim. O ponto é que, simplesmente, não há tempo para realmente nos identificarmos com os personagens e nos preocuparmos, de fato, com eles. Tudo parece uma grande paródia de Resident Evil.

Após alguns jogos, Ada Wong se tornou uma entidade, praticamente, no universo de Resident Evil. Lá no primeiro jogo, ela era, no mínimo, uma personagem misteriosa e instigante. No filme, ela aparece como uma referência que apenas os fãs mais apaixonados vão entender... E mesmo eles (ou eu, no caso) não vão se importar. Que diferença faz o destino de um Wesker tão sem graça? Por que nos preocuparíamos com eles dois se encontrando?

Quando pensamos nos bons Resident Evil, sempre há destaque para pelo menos um de dois elementos: o terror e a ação. Como pode um filme que adapta a franquia pecar nesses dois quesitos?! Simplesmente, não existe uma cena sequer que deixe o espectador arrepiado. Sabe?

O final de Bem-vindo a Raccoon City caberia perfeitamente em um trailer, mas só. A jornada é extremamente corrida, dois jogos inteiros são resumidos em pouco mais de uma hora de piadas ruins e alguns poucos diálogos divertidos e a história ainda acaba do nada. Juro que pensei que veria algo como um "o resto do filme está no cinema", mas não. Era só isso mesmo. 

Pode ser totalmente diferente dos jogos, mas foi legal ver Chris e Claire Redfield ainda bem jovens morando no orfanato em que somos apresentados a William Birkin. Isso torna o reencontro do trio um pouco menos desinteressante. 

Chris Redfield tem uma personalidade bastante apagada no filme, mas não é como se o Chris do primeiro jogo fosse um grande herói. O mesmo vale para Jill, que até tem uma postura semelhante à da heroína que conhecemos no terceiro jogo em determinadas cenas. Agora, o destaque mesmo fica para a Claire, que se mostrou uma protagonista não tão genérica. É difícil ir além disso nos elogios.

A tortura não é tão longa. Inclusive, o começo do filme pode parecer bastante promissor para os espectadores mais ingênuos. Entretanto, não demora até que tudo comece a desabar. Depois disso, pelo menos o final chega logo.