Apenas assista à abertura de Shadow the Hedgehog. É evidente que aquilo só poderia ter sido criado nos anos 2000. Os mesmos anos 2000 nos quais os X-Men usavam uniformes pretos de couro. Os mesmos anos 2000 que toleraram aquele filme horroroso do Motoqueiro Fantasma com Nicolas Cage, que ganhou até sequência. A década que sucedeu a explosão de Tony Hawk's Pro Skater.

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Por causa do sucesso de algumas boas obras, tudo precisava parecer radical. Ousado. Sombrio. Sério. Por algum motivo, o Sonic Team parece ter acreditado, em dado momento, que era hora de deixar o azul no passado. Esquecer mundos coloridinhos cheios de bichinhos fofos. O protagonista, agora, seria Shadow. Um anti-herói dramático — apesar de ter a aparência perfeita para um ursinho de pelúcia.

Shadow armado em frente à lua.
SEGA.

É meio surreal jogar Shadow the Hedgehog em 2022. No início, parece que vai ser apenas um jogo de plataforma 3D em um contexto mais trevoso, mas não demora até que encontremos armas para atirar nos inimigos. Além disso, Shadow está em uma jornada de autoconhecimento. Ele precisa descobrir quem é de verdade. Há toda uma questão filosófica supostamente profunda.

Não são todos os jogos do Sonic que tentam nos fazer refletir sobre quem somos. Sobre como seria perder a própria identidade. Sobre como seria... Conseguir correr mais rápido do que qualquer outra criatura enquanto atiramos loucamente por aí.

Shadow atirando revoltado.
SEGA.

Para tornar toda essa mistura ainda melhor, Shadow, nosso ouriço armado que anda de moto, pode ter uma parceira humana em alguns trechos do jogo. Sim. O nome dela é Maria, e a história dela é super triste, inclusive.

Obviamente, todo o drama que Shadow the Hedgehog esperava transmitir aos jogadores com seriedade atinge a maior parte das pessoas que se aventuram por essa pérola como algo muito estranho. Simplesmente, parece um momento de loucura na trajetória dos jogos do universo do Sonic. E, de certa forma, meio que foi isso mesmo.

Shadow olha para alguém com ódio.
SEGA.

Há quem possa dizer que se divertiu enquanto jogava, e tudo bem. De qualquer forma, Shadow the Hedgehog com certeza é um marco na história da SEGA. Não necessariamente por representar algo extremamente positivo, mas, sim, por fugir completamente do que se conhecia até então a respeito da franquia.

Se tiver a oportunidade um dia, jogue. Provavelmente, será inesquecível.