O Tribunal de Apelações francês deu um parecer favorável à Quantic Dream em processo movido em 2018 que acusava seu fundador, David Cage, e a empresa de maneira geral, a tolerar racismo, sexismo e assédio no ambiente de trabalho.

A Quantic Dream não é a única empresa a ser acusada de nutrir ambientes de trabalho tóxcios, o que parece ter sido uma prática comum na indústria de jogos, em maior ou menor grau, pelos últimos anos. A questão de abusos dos mais diversos tipos em ambientes de trabalho é extremamente delicada por envolver narrativas subjetivas que vão além das intenções das partes acusadas, mas muito da percepção de quem sofre esses abusos.

Divulgação / Quantic Dream

A empresa já havia perdido o processo movido por ex-funcionários que foram levados a pedir demissão do estúdio por posturas como estas não serem punidas dentro da empresa, acusação que Cage e outros altos executivos da Quantic Dream negaram veementemente.

O estúdio francês responsável por títulos como Detroit: Become Human, Beyond: Two Souls e Heavy Rain, se posicionou oficialmente no sábado (10/04) sobre a nova decisão julgando a apelação em seu favor. Segundo a Quantic Dream "essas acusações, negadas formalmente pela empresa, seus gerentes, representantes e funcionários, e contradizentes com a realidade dos fatos objetivamente verificáveis, prejudicou gravemente a honra e reputação do estúdio."

Crédito: Divulgação / Quantic Dream

Outro posicionamento da Quantic Dream já apontava três outros casos julgados em janeiro de 2018 e novembro de 2019 confirmando "não haver um ambiente tóxico dentro da empresa e que não houve qualquer tipo de discriminação e que a gerencia tomou medidas imediatamente assim que tomou conhecimento de algumas fotomontagens problemáticas."

As imagens em questão que circularam dentro do estúdio colocavam alguns membros da equipe em cenas sexuais ou em uniformes Nazistas. O Tribunal de Apelções Francês, órgão imediatamente anterior ao que seria a última instância legal no sistema judiciário francês, julgou que essas montagens de forma alguma eram homofóbicas ou degradantes em relação à parte que moveu o processo e não estariam de qualquer forma relacionadas à saída do funcionário em questão, sendo fatos não conectados.

Seguido pelo apelo em favor do estúdio, a Quantic Dream exigiu reparação por danos substanciais à imagem da empresa no valor de €10,138 aos ex-funcionários que moveram o processo.

A decisão da corte francesa em favor do estúdio, apesar de legalmente inocenter a empresa das acusações, não diminui seu peso e ainda é possível que os ex-funcionários tentem levar o processo ao Tribunal de Cassação, última instância do sistema legal frances, mas não necessariamente este dará continuidade ao processo.