Em junho do ano passado, durante a E3 2019, tivemos a oportunidade de assistir à primeira demonstração de gameplay a portas fechadas de Gods & Monsters, uma até então não anunciada IP inédita da Ubisoft desenvolvida pelo mesmo time responsável por Assassin’s Creed Odyssey.

Apesar de ainda estar em estágios iniciais de produção, a demo já mostrava os conceitos básicos por trás do RPG de ação, incluindo a proposta de combinar exploração, combate e puzzles em mundo aberto com uma narrativa focada em contos e criaturas da mitologia grega.

Originalmente previsto para fevereiro deste ano, o projeto acabou adiado e sumiu dos holofotes, conforme a própria Ubisoft se viu envolvida em uma série de crises internas – de uma reformulação de planos motivada pela má recepção Tom Clancy's Ghost Recon: Breakpoint, às mais recentes denúncias contra líderes da empresa por casos de assédio e abuso de poder.

Após meses de "hibernação", a produtora finalmente trouxe o jogo de volta à atenção do público nesta Ubisoft Forward para mostrar sua evolução – começando, é claro, pelo novo nome do título: Immortals Fenyx Rising, título que reflete uma série de transformações do próprio projeto, segundo a produtora.

A convite da Ubisoft, The Enemy teve uma nova chance de conferir o título de perto, desta vez com o controle em mãos, durante uma sessão virtual de gameplay de uma build de demonstração via streaming, de cerca de três horas, que revelou mais detalhes do que Immortals Fenyx Rising trará para seus jogadores.

Ainda que algumas mudanças sejam notáveis, vale ressaltar que muito do que sentimos com Immortals Fenyx Rising em mãos ainda remete às mesmas impressões que tivemos ao vê-lo sendo jogado por seus desenvolvedores há pouco mais de um ano, em especial à influência de The Legend of Zelda: Breath of the Wild no título.

Divulgação/Ubisoft

Do visual cartunesco e colorido de seu mundo aberto às formas em comum de travessia do mapa – a pé, a cavalo, planando com asas mágicas ou escalando –, não há como negar que acenos à mais recente aventura de Link estão espalhados por todos os lados nos sistemas de Fenyx Rising.

Essas referências se estendem também a detalhes no loop básico de gameplay do jogo, como uma habilidade especial de “telecinese”, que permite que a protagonista de Fenyx Rising suspenda objetos no ar para ajudar na resolução dos quebra-cabeças espalhados pelo mapa, e o combate ágil em terceira pessoa, que lembra a movimentação do herói da Nintendo em alguns aspectos.

Seria injusto, no entanto, dizer que o time por trás do novo título da Ubisoft estaria buscando apenas emular o sucesso de Breath of the Wild ao transportar sua fórmula para uma nova ambientação. Immortals Fenyx Rising tem, sim, alguns detalhes que o diferenciam do game da Nintendo.

Boa parte disso fica por conta do foco do jogo da Ubisoft no aspecto narrativo. Na demo que vimos no ano passado, o game trazia a narração de Homero, figura histórica da Grécia antiga e autor da Ilíada e da Odisseia, como condutor da história e narrador dos mitos que eram apresentados durante o gameplay.

Desta vez, a demo traz a dupla Prometeu, titã que roubou o fogo dos deuses e o entregou à humanidade, e Zeus, o líder do Olimpo, como os contadores da história da protagonista, em uma narração recheada de piadas e comentários que atravessam a quarta barreira, mas que também traz informações relevantes e verídicas sobre os mitos gregos – resultado da pesquisa histórica do time de desenvolvedores após a experiência do Odyssey.

Divulgação/Ubisoft

A história, aliás, acompanha a jornada Fenyx, um herói/uma heroína completamente customizável – mas que, infelizmente, estava disponível em um modelo padrão na nossa sessão de gameplay –, que tem como missão salvar a Ilha Dourada, ilha dos deuses gregos que está sendo sitiada por Tifão, titã que ameaça destruir os olímpios e que comanda um exército de criaturas monstruosas. Também vale ressaltar que o jogo será completamente localizado para português brasileiro, apesar de termos jogado uma demo em inglês.

Ao longo da aventura, Fenyx conta com o auxílio dos deuses e com uma série de equipamentos especiais desbloqueáveis, incluindo a espada de Aquiles, o poderoso martelo de Hefesto com dano em área, e o arco de Odisseu, que permite disparar flechas teleguiadas – extremamente importantes para os quebra-cabeças do jogo.

Durante nosso gameplay, pudemos cumprir missões de história do jogo e, na sequência, explorar livremente uma das áreas disponíveis no mapa de mundo aberto, as chamadas Forgelands, o mundo mecânico de Hefesto, deus do fogo, dos metais e da metalurgia.

Nossa primeira missão foi reacender as forjas do deus grego para que ele pudesse se recuperar, o que envolveu levar pedaços de carvão para cima e para baixo com a habilidade telecinética da protagonista, e atirar flechas em chamas para acender as fornalhas.

A experiência foi bastante agradável, intercalando combates com pequenos grupos de inimigos com puzzles espaciais que exigiam um pouco de atenção – nesse aspecto, Immortals Fenyx Rising sinaliza não deve “segurar o jogador pelas mãos” durante quebra-cabeças, o que é uma experiência bem positiva.

Divulgação/Ubisoft

Os combates de Immortals Fenyx Rising também se mostraram uma experiência bem positiva, apostando em embates rápidos e intensos, mas não muito desafiadores. O principal cuidado aqui é que o jogador coordene sua estamina e habilidades à disposição para buscar aberturas na defesa de adversários – que estão sempre em grupos). Realizar esquivas perfeitas, que liberam ataques de oportunidade em slow motion, também é um fator importante.

Depois de acender as quatro torres necessárias e enfrentar os grupos de inimigos, tivemos um combate contra um colosso metálico, uma versão gigante, mas com novas habilidades, de um dos adversários que já havíamos combatido anteriormente. Após o chefão, pudemos passar para o trecho de exploração livre do cenário.

Immortals Fenyx Rising incentiva a exploração de seu mundo aberto ao escondendo pequenos puzzles pela cenário que prometem recompensas poderosas ao jogador que decide sair do caminho mais óbvio.

Estes puzzles podem ser encontrados espalhados por várias partes do mapa, sem nenhuma indicação expressa de que há um quebra-cabeça para ser resolvido ali, ou através dos chamados Cofres do Tártaro – portões para uma dimensão paralela que (voltamos a ele) lembram os templos de Breath of the Wild, e que exigem que o jogador atravesse desafios de puzzle e combates para desbloquear recompensas maiores.

As recompensas, é claro, vêm em diferentes formas: de novas armas e armaduras para a protagonista, a itens específicos que aumentam permanentemente sua estamina (os Trovões de Zeus), vida (Ambrosia) ou que permite que o jogador compre novas habilidades especiais (as Moedas de Caronte).

Divulgação/Ubisoft

Além dos itens que já estarão disponíveis no lançamento de Immortals Fenyx Rising, o jogo também deverá contar com eventos e Live Quests, missões temporárias especiais, após o lançamento que trarão novos conteúdos aos jogadores.

Conforme apurado pelo The Enemy, o jogo também contará com um sistema de microtransações que será detalhado pela Ubisoft no futuro. Todos os itens compráveis, no entanto, serão exclusivamente cosméticos e, em especial roupas e itens que poderão ser adquiridos na loja, também poderão ser conquistados por meio de gameplay através das Live Quests e outras atividades. 

Immortals Fenyx Rising será lançado em 03 de dezembro para PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series X/Series S, Xbox One, Switch, PC e Stadia. No Xbox One, o jogo contará com o Smart Delivery. Na PlayStation 4, as versões digitais do título também vão contar com upgrade gratuito para o PlayStation 5.