Assistir aos filmes do Sonic pode despertar um sentimento engraçado nos fãs de longa data. Por um lado, é maravilhoso ver o nosso querido ouriço, assim como Tails, Knuckles e Robotnik, sendo apresentados para toda uma nova geração. Por outro, é difícil não se perguntar: como seria se os jogos clássicos da era 2D contassem uma história, de fato?

Você pode se lembrar ou não, mas os primeiros jogos do Sonic, de plataforma, eram focados apenas no desafio proporcionado. Na época, não existiam cutscenes entre as fases, a não ser por algumas interações com Knuckles no terceiro jogo ou pela abertura em anime de Sonic CD. No geral, o jogador meio que imaginava a história enquanto passava pelas fases.

Imagem de gameplay de Sonic Origins, que conta com animações e mais conteúdos referentes aos jogos clássicos da franquia da SEGA
Reprodução: SEGA

De maneira talvez excessivamente simplória, Sonic Origins faz exatamente isso: coloca os jogos clássicos em ordem cronológica e adiciona aberturas e encerramentos totalmente originais para cada jogo, na forma de animes em que os personagens nem sequer falam. Até podia ser melhor, mas é absolutamente fantástico para quem não queria que mudassem demais jogos tão tradicionais.

Pela primeira vez, vemos, por exemplo, como Sonic e Tails se conheceram nos jogos. Também acompanhamos Amy Rose curtindo um pouco de tarô, o que combina bastante com a descrição dela como uma criatura que gosta de coisas relacionadas ao místico. Há até mesmo uma cena mais detalhada de como Robotnik e Knuckles se conheceram e decidiram trabalhar juntos. 

Imagem retirada das animações de Sonic Origins, que conta com animações e mais conteúdos referentes aos jogos clássicos da franquia da SEGA
Reprodução: SEGA

Sonic Origins ganha, principalmente, no detalhe. São essas pequenas adições que preenchem o coração dos jogadores mais apaixonados pelo mascote da SEGA. Há, nitidamente, uma preocupação maior com valorizar esses personagens, que um dia não foram mais do que provas do talento da equipe de design da SEGA. 

Nos jogos em si, algumas mudanças chamam bastante atenção. É possível jogar, logo no primeiro título, tanto com Sonic quanto com Tails e Knuckles, por exemplo. E todas as habilidades que foram adicionadas ao longo da trilogia original estão disponíveis desde o primeiro jogo, como ficar parado rodando para ganhar velocidade ou segurar o botão de pulo enquanto cai para já sair rolando ao encostar no chão. 

Imagem de gameplay de Sonic Origins, que conta com animações e mais conteúdos referentes aos jogos clássicos da franquia da SEGA
Reprodução: SEGA

Essas mudanças, especificamente, foram uma jogada inteligente. Por mais que possa existir algum fã mais purista, que preferiria ter acesso ao jogo exatamente como era, é fato que qualquer um pode simplesmente ignorar as mecânicas que não estavam, originalmente, nos jogos em questão. Para os que preferem uma jogabilidade ligeiramente mais rica, a novidade cai como uma luva. Aliás, também é muito bem-vinda a opção de jogar sem um limite de vidas, já que as vidas, no modo reformulado, foram substituídas por moedas para gastarmos no museu. 

Somente um aspecto mantido da jogabilidade clássica pode incomodar bastante novos jogadores ou pessoas que não se lembram tão bem assim dos originais: as fases bônus em que conquistamos as Esmeraldas do Caos. Esses trechos continuam exatamente como eram, para bem ou para mal. No meu caso, confesso que a paciência para rodar infinitamente por um cenário meio feio até alcançar uma jóia brilhante já não existe. Seja no primeiro jogo ou nos demais, como quando saímos coletando as bolinhas azuis naquele "3D" terrível de Sonic 3 & Knuckles, as fases bônus envelheceram extremamente mal e mereciam ao menos uma opção remodelada. 

Imagem de gameplay de Sonic Origins, que conta com animações e mais conteúdos referentes aos jogos clássicos da franquia da SEGA
Reprodução: SEGA

Também no campo dos problemas temos o preço. É difícil acreditar que uma coletânea com tão poucas modificações de jogos tão simples valha mais do que 80 reais apenas por incluir animações bonitinhas. Ainda que sejam desenhos extremamente adoráveis, é complicado. Isso sem contar aquela polêmica em que diferentes edições do jogo incluíam diferentes tipos de "bônus", como... Animações no menu. Sério, é difícil acreditar que alguém na SEGA pensou que essa seria uma boa ideia. 

Até mesmo o Museu de Sonic Origins, por mais que seja, sim, digno de uma visita, merecia um pouco mais de conteúdo. Os já citados perfis de personagem, por exemplo, poderiam ser bem mais extensos e incluir curiosidades sobre as vidas de Sonic, Tails, Knuckles e Amy. Também não seria nada mau ter uma história escrita do mundo de Sonic, com informações sobre a origem de Green Hill, a origem do próprio Sonic ou algo do tipo. Até mesmo vídeos de bastidores seriam uma boa. Essas pequenas adições poderiam ajudar na justificativa do valor da coletânea — que é boa, mas poderia ser muito melhor.

Imagem do mapa de Sonic Origins, que conta com animações e mais conteúdos referentes aos jogos clássicos da franquia da SEGA
Reprodução: SEGA

Por mais que existam algumas modificações que talvez tornem o jogo mais atraente para jogadores mais novos, Sonic Origins é, sem dúvida alguma, algo pensado para os fãs de longa data. Aqueles que só querem ter acesso aos jogos clássicos nas plataformas atuais, sem muita preocupação com mudanças. Se você, como eu, nem se lembra de um período da vida em que Sonic não existia, a coletânea pode ser um lindo presente, ainda que um tanto simples. Para os demais, talvez não pareça minimamente interessante.

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Sonic Origins
  • Lançamento

    23.06.2022

  • Publicadora

    SEGA

  • Desenvolvedora

    SEGA

  • Gênero

    Plataforma

  • Testado em

    PlayStation 5

Nota do crítico