The Surge 2 consumiu minha vida durante algumas semanas.

... O que - junto com outras responsabilidades que surgiram pelo caminho - é o motivo pelo qual esta análise demorou tanto para chegar.

Ainda assim, mesmo com todo este tempo e experiências depois, The Surge 2 ainda guarda um cantinho especial na minha memória entre os jogos que tive a oportunidade de experimentar neste ano, com um gameplay divertido e mais complexo do que esperava, e diversas opções de customização e estilo de jogo.

The Surge 2 acontece meses após os eventos do primeiro jogo, e tem como protagonista um/a sobrevivente de um desastre aéreo que ocorreu nos arredores da metrópole futurista Jericho City.

Ao acordar semanas depois, nosso personagem se vê em uma cidade em colapso após um devastador ataque de nanorrobôs, com diferentes regiões tomadas pelas mais diversas facções e grupos.

Em meio a este caos, o/a protagonista deve encontrar a outra sobrevivente do acidente aéreo, Athena Guttenberg, que deixou mensagens misteriosas sobre seu paradeiro espalhadas pelos vários cantos de Jericho.

Antes de continuar, é importante dizer que não joguei o primeiro The Surge antes de testar o segundo jogo, por isso não posso dizer com certeza o que foi melhorado efetivamente entre o game original e sua sequência.

Não é nenhum segredo, porém, que The Surge 2 tem clara inspiração na série Dark Souls, tal qual outros jogos do estúdio Deck13, como Lords of the Fallen.

Porém, ao contrário daquele jogo - que na época de seu lançamento achei regular, se nada perto dos jogos que o inspiraram - The Surge 2 traz uma personalidade e jogabilidade divertidas próprias.

O game conta com uma variedade de armas, armaduras e itens de diferentes tipos, que podem ser combinadas das mais diversas formas para se encaixar e adaptar ao estilo do jogador, não só no escopo geral do jogo, como também de situação para situação.

No meu caso, em certo momento, passei a preferir o uso de armas próprias para combate corpo a corpo, e armaduras mais leves para ajudar com a mobilidade, basicamente utilizando uma estratégia de "aparar, avançar, espancar, recuar, repetir".

Às vezes, porém, dependendo do tipo de inimigo, preferi trocar armas de alcance mais longo, como lanças, e armaduras mais pesadas, mas que garantiam uma proteção maior. E, para facilitar com este processo, a Deck13 permite ao jogador criar 3 tipos de loadout, que podem ser trocados a qualquer momento pelo jogador.

Mas nada disso valeria a pena se o combate em si não fosse tão engajante e recompensador. Assim como o típico Soulslike, The Surge 2 requer precisão e percepção para acertar os golpes no momento ideal e saber quando é a melhor hora de investir ou não contra um inimigo.

O ritmo das batalhas, porém, é bem mais veloz, especialmente com armas e armaduras leves. O jogador também pode utilizar um drone com diversas munições especiais para auxiliar no combate, assim como implantes especiais que trazem diversos benefícios, de mais informações na interface até resistência a certos tipos de dano.

Há também um nível de estratégia mais profundo do que aparenta dentro dos sistemas de The Surge 2, particularmente na escolha de diferentes parte para se atacar. Dependendo do caso, inimigos terão partes do corpo expostas e protegidas, o que facilita ou dificulta o processo de derrubá-los.

Porém, para adquirir novas peças de armadura, armas, implantes ou - em menor escala - partes para melhorias destes três elementos, o ideal é que o foco seja nas partes protegidas, que após danificada até certo ponto, pode ser desmembrada do inimigo.

(Geralmente acompanhada de um corte de câmera e uma animação em câmera lenta, para quem quiser curtir o seu trabalho)

Enquanto a história não é particularmente profunda, o jogo explora assuntos como singularidade, exploração corporativa, segurança privatizada como forma de controle social, extinção das espécies biológicas do planeta, entre outros diversos elementos.

Isto pode não parecer tão óbvio inicialmente, mas The Surge 2 é um jogo que recompensa exploração por seus ambientes. Ao vasculhar os caminhos e passagens abertas e escondidas de Jericho City, o jogador pode encontrar uma série de registros de áudio, arquivos, além de equipamentos, sucata (que serve tanto como moeda quanto material para melhorias) ou passagens secretas que facilitam a travessia do jogador por lugares mais perigosos.

A exploração também desemboca em diversas sidequests diferentes, que se não necessariamente fogem radicalmente da fórmula principal do game, ajudam a enriquecer a experiência e mostrar tanto os personagens bizarros quanto o senso de humor um tanto exótico da equipe

O game também conta com os mais variados tipos de oponentes e facções rivais, que têm planos desde dominar a cidade até coisas muito mais sinistras. No curso da campanha, o jogador enfrentará figuras como prisioneiros, cultistas technomancers, forças policiais fascistas, robôs novos e antigos, entre outros.

No fim, The Surge 2 acaba sendo uma experiência divertida e desafiadora, embora não muito radicalmente diferente de outros games inspirados por Dark Souls. Se você estiver com vontade de jogar um título nesta fórmula - e não estiver muito a fim de tirar suas chances com Code Vein -, o novo game da Deck13 acaba sendo uma boa pedida.

  • Lançamento

    24.09.2019

  • Publicadora

    Focus Home Interactive

  • Desenvolvedora

    Deck 13

  • Gênero

    RPG

Nota do crítico