Por algum motivo, animações inspiradas (total ou parcialmente) em jogos costumam funcionar muito bem na Netflix. Foi o caso com Castlevania e Arcane, por exemplo, e é também o caso de Cyberpunk: Mercenários. Um dos melhores animes de 2022.

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Situada em Night City, mesma cidade de Cyberpunk 2077 e dos jogos de tabuleiro com o nome "Cyberpunk", cujo universo foi criado por Mike Pondsmith, a história da animação foca na jornada de David Martinez.

David atravessa a rua em Night City.

A princípio, Martinez era apenas um estudante de uma escola de elite que se sentia deslocado por vir de uma família bem mais humilde. Contudo, depois de passar por uma tragédia, ele decidiu entrar de cabeça no mundo das modificações cibernéticas e aprimorou o próprio corpo com uma tecnologia militar que, por acaso, caiu no colo dele.

Inesperadamente dramático apesar do tom predominantemente descontraído, Cyberpunk: Mercenários não tem dó do espectador. Seja pelo fato de que, sim, alguns acontecimentos terríveis são inevitáveis ou por que o anime nunca para e explica didaticamente aquele universo. A história apenas se desenvolve — e você precisa acompanhar.

David acorda a mãe dele.

Termos, como "neurodança", "edinhos" e "canal". Gangues, como "Maelstorm" e "Garras de Tygre". Palavras incomuns simplesmente aparecem e o espectador precisa presumir, com base nos acontecimentos apresentados, a que cada expressão se refere.

Honestamente, é ótimo que a direção tenha seguido por esse caminho. Sem perder tanto tempo com explicações, podemos simplesmente aproveitar um passeio psicodélico por um mundo altamente tecnológico e decadente, no qual quase todos os cidadãos são parte humano e parte máquina.

Rebecca aponta arma na cara de David.

Quem jogou Cyberpunk 2077, inclusive, se divertirá ainda mais do que os demais espectadores. O que não falta no anime são referências ao jogo da CD Projekt Red, como o próprio apartamento do protagonista, David — que é o mesmo apartamento de V, personagem principal de Cyberpunk 2077.

Mesmo com o nítido apego à representação visual de Night City que vimos no jogo, Cyberpunk: Mercenários é um espetáculo visual que pode ser apreciado tanto por quem é novo neste universo quanto pelos veteranos da obra de Mike Pondsmith.

Hack rápido em Cyberpunk: Mercenários.

O tempo todo, somos bombardeados com cenas de ação cheias de efeitos visuais psicodélicos que reforçam quão poderosos e perigosos são os implantes usados pelos cidadãos de Night City. Por um lado, vemos feitos físicos inacreditáveis, que vão desde a super velocidade até a super força. Por outro, vemos como a mente do usuário dessas modificações vai se degenerando. É lindo ver David enxergando tudo em câmera lenta, por exemplo, mas o que aquilo está fazendo com a cabeça dele é terrível. Isso fica nítido pela maneira como o próprio cordo dele é mostrado em movimento ou pelos ocasionais "bugs" no rosto real do personagem. 

Cheio de exageros propositais, Cyberpunk: Mercenários valoriza o visual talvez mais do que qualquer outro aspecto. O enredo, por exemplo, é divertido. Emocionante, até (ainda não superei o desfecho da tal viagem à lua). Contudo, não é difícil encontrar algumas soluções excessivamente simples ou conveniências notáveis.

Gangue principal de Cyberpunk: Mercenários.

Em termos de visual, entretanto, não há o que criticar. A animação pode causar certo estranhamento no primeiro episódio, mas, quando você entende a proposta, basta abraçar a psicodelia e aproveitar uma jornada violenta, triste e brutalmente encantadora.

Seja você fã ou hater de Cyberpunk 2077. Seja você um veterano ou uma pessoa que nunca havia ouvido falar de Night City. Não importa. Cyberpunk: Mercenários é uma das melhores animações disponíveis na Netflix. Você se apaixonará instantaneamente por David, Lucy, Maine, Rebecca e todos os demais personagens.


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Nota do crítico