Assassin's Creed III é o maior e mais complexo game da franquia: há novas mecânicas, como escutar conversas e batalha naval, que adicionam uma camada extra de diversão; o mundo é enorme e imersivo, como de praxe e esperado pelos fãs; e há um ajuste de combate e de free running, que lapidam as duas mecânicas essenciais da série. Além disso, outras implementações supérfluas - como o jogo de "tower defense" de Assassin´s Creed Revelations - foram removidas.

Assassin's Creed III

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Se estas são as razões pelas quais você se apaixonou pela série, o novo game as fornece plenamente. Tudo parece ainda mais grandioso, já que a história de Desmond Miles, o protagonista no presente desde os tempos de Altair - também ruma para seu inevitável final.

A ambientação também é nova. A Ubisoft deixou de lado o velho continente e o Oriente Médio e trouxe à ação à América, mais precisamente os EUA na época de sua revolução (1775–1783), apresentando novos personagens reais e ficcionais e locais. Nesse cenário, as cidades de Boston e Nova York estão em processo de crescimento, por isso, ao invés de explorar somente a verticalidade de estruturas artificiais, é possível passear também por árvores e terreno acidentado natural. Há um milhão de coisas a se fazer. O resultado, porém, é tão rico quanto tem bugs. Mas em mundos tão grandes e com tantas possibilidades, é comum que existam erros e problemas de frame rate até que atualizações sejam disponibilizadas.

Porque jogar

Aquilo que é a essência da série, o combate e o free running, foi lapidada. Mesmo que o combate continue simples, uma marca de todos os Assassin's Creed, este é o melhor da franquia, com armas interessantes e ótimas animações dos assassinatos, além de brigas com animais selvagens.

Correr e escalar a cidade é mais simples e direto, e estes pontos são auxiliados por uma interface esperta. Ademais, os gráficos ganham um novo brilho, e mostram uma movimentação mais fluida de Connor. Neste ponto, a desenvolvedora cumpre aquilo que promete: um game digno da série, que faz pequenos ajustes e traz ainda mais exploração e novas mecânicas que nada devem aos jogos anteriores.

Uma adição que vale a pena destacar é o combate naval, que é absolutamente divertido e emocionante e traz uma bem-vinda sensação de variedade ao novo jogo. Muitos dos fãs temiam que a sua jogabilidade seria rasa ou desinteressante, mas as batalhas em alto mar se tornam um dos pontos mais bacanas de Assassin's Creed III. O modo cooperativo Wolfpack também deve estar na sua lista de novidades a serem testadas.

Em termos de roteiro, porém, é frustrante perceber que o controle do novo herói, Connor, chegue apenas depois de algumas horas de jogo. Por outro lado, o primeiro personagem a aparecer, Haytham, é interessante e tem uma aura de carisma, o que torna a experiência mais agradável. Parece, assim, que o enfoque do game é a guerra entre Templários e os Assassinos, e não a um ou outro personagem.

O problema é que você dificilmente encontrará nesses dois protagonistas (Connor e Haytham) o pareço que teve por Ezio, o que pode ser um pouco estranho para um game que representa o grande clímax de Desmond. Isto é, existe um charme no índio mestiço, mas nada que se compare ao do "garanhão italiano". Isso sem contar o vilão, apenas regular, talvez porque ele não seja o verdadeiro malfeitor (não podemos falar nada além disso para não estragar surpresas).

Completa-se o quebra-cabeças de Desmond

Mais do que em outros games da série, temos a sensação de que Connor não faz aquilo que pode, mas aquilo que precisa, o que pode ser uma premissa interessante, e ao mesmo tempo, cruel e dura. Isto pode ser considerado como um lema do título: fazemos aquilo que nos é requerido, mesmo que no processo, deixamos de completar a missão pela qual nos envolvemos nessa bagunça toda. A questão do sacrifício é bem explorada na história em vários pontos mas o novo assassino parece se sentir manipulado.

Infelizmente, com o final do game, depois de uma interação e uma peleja entre as duas deusas – Minerva e Juno –, sobre apenas a frustração. É impossível não compará-lo, em menor grau, à igualmente vazia conclusão de Mass Effect 3.

Por outro lado, a Ubisoft, além de tocar na questão da existência por via do mito do eterno retorno (também usada pela trilogia de Mass Effect), acaba negando muito do que afirmou em sua franquia. Para mim, o final é simplesmente desgostoso. E o pior: reafirma a questão da manipulação também vista na linha narrativa de Connor.

Esta análise termina em um apelo às empresas de videogames, para que concebam suas histórias do começo ao fim. Que tomem cuidado com um novo tipo de mania que assola os jogos eletrônicos: o desleixo nos finais, quase sempre vagos e inconsistentes. Ainda mais em uma franquia que primou por sua qualidade narrativa desde a primeira edição.

Nota do crítico