A MIBR de Counter-Strike: Global Offensive (CS:GO) completou 30 jogos internacionais e o saldo não é nada positivo. Inclusive, o trigésimo confronto da equipe brasileira não foi um dia para comemorar, já que foi nele que o time foi eliminado da Intel Extreme Masters Cologne 2021, ainda fase de Play-in. Até o momento, a quantidade de derrotas supera e muito as de vitória, de acordo com levantamento feito pelo The Enemy.

Decepcionado, Boltz classifica a eliminação da IEM Cologne como um "desastre".

Dos 30 duelos disputados pela MIBR, 22 acabaram em derrota e apenas 8 em vitória. São assustadores 73% de derrota e apenas 26 % de vitória - descontando os números após a vírgula.

Nestes 30 games contabilizados, 69 mapas foram jogados. 45 deles acabaram em derrotas para os representantes do Brasil e só 24 foram concluídos com vitória. Com isso, podemos observar 65% de mapas perdidos e 34% vencidos. As estatísticas foram levantadas de acordo com informações da Liquipedia e da HLTV.

Como pode-se imaginar, todos estes números abaixo do esperado são convertidos em eliminações precoces e atuações pouco empolgantes. As recentes derrotas para Iberian Family e Lyngby Vikings foram algumas das mais cobradas recentemente, por não se tratarem de equipes conhecidas. Além dessas, há também a própria eliminação no Play-in da IEM Cologne 2021, sem vencer nenhum mapa. O revés tirou os brasileiros de um dos campeonatos mais importantes do ano e que marca a volta dos presenciais no cenário de CS:GO.

Fora os resultados abaixo do esperado, neste pouco tempo a MIBR também tem passado por alguns problemas que se tornaram característicos. Um deles é o fato da equipe ser "inimiga do fim", o que impactou e muito não só nos números trazidos aqui, mas também no resultado final de competições em que eles participaram. Em vários momentos eles mostraram evolução no trabalho que vem sendo feito, dominaram oponentes fortes, mas ao mesmo tempo sofreram absurdamente para fechar os mapas. Mais uma vez usando a IEM como exemplo, vimos isso tanto no duelo contra Team Spirit quanto diante da Renegades.

As colocações da MIBR de CS:GO em 2021.

Liquipedia/Reprodução

As mudanças na escalação também são fatores que claramente afetaram o elenco. Quando ainda representavam a BOOM e venciam tudo e todos no Brasil, os jogadores tinham felps como uma das grandes referências do time. A estrela, no entanto, optou por seguir outro caminho e danoco foi chamado para ocupar a vaga. Danoco foi anunciado oficialmente no meio de janeiro e no fim de março já não tinha mais vaga na MIBR.

De fato, danoco não conseguiu emplacar grandes apresentações e manter uma boa regularidade. Porém, o que exatamente era esperado do jogador com pouca experiência internacional, chegando em uma equipe já formada e ainda por cima para substituir a principal estrela dela? Ainda não está claro se a MIBR desistiu de preparar danoco com mais afinco ou se já esperavam que ele estivesse preparado.

Foi exit, vindo da Sharks, que entrou no lugar de Danoco. Um jogador claramente mais experiente internacionalmente e que consegue somar ao time. Chelo também tem jogado bem, Boltz voltou a manter uma regularidade melhor, mas ainda não há outra grande estrela com altíssimo potencial de criar jogadas como em 2020. Felps ainda faz falta.

Durante 2021, o único grande momento da MIBR foi a conquista da primeira temporada do CBCS Elite League. Ao contrário de muitos que desprezaram o título da equipe, digo que ser campeão brasileiro é sim um grande feito e um ainda maior por contar pontos no Regional Major Ranking (RMR). Porém, como a MIBR passará a maior parte do ano na América do Norte e Europa, são os resultados internacionais que estamos contando e abordando aqui. E estes, ao contrário do CBCS, não atingiram o esperado.

Há quem diga que falte tempo para MIBR. Afinal de contas, Exit possui apenas três meses de casa. E talvez isso até seja uma grande verdade e a MIBR consiga se superar no futuro. O time possui bons jogadores e Apoka e nak na comissão técnica são dois nomes que dispensam apresentações e esbanjam qualidade. Ainda assim, também não podemos descartar que times como GODSENT e O Plano também estão nessa há pouco tempo e já conquistaram alguns resultados animadores. Nada extraordinário, é verdade, mas animadores. Nenhum dos dois teve mudanças, também é verdade, mas se a MIBR teve, foi por decisão própria.

Não faço parte da turma dos que acreditam que um projeto de apenas seis meses deva ser desfeito pois ainda não rendeu. Se foi este o elenco que a organização confiou no início de 2021, é importante que isso se mantenha até o final do ano, para aí sim se fazer um balanço e pensar em mudanças e manutenções. Pode ser que algumas trocas pontuais surtam efeito, mas prefiro acreditar no trabalho de longo prazo e na constância.

Falando como uma pessoa que acompanha de perto a carreira dos jogadores e comissão técnica da MIBR há anos, eu realmente não duvido desse time. Não sei se chegarão a conquistas fabulosas, mas tenho certeza que há potencial para render acima do estado atual. Até que isso aconteça - ou não - ficam as justíssimas cobranças por dias melhores.