A conferência da EA na E3 2017 certamente não foi muito empolgante, mas se tem um ponto alto para destacar, ele é sem dúvida a apresentação de A Way Out, novo jogo da Hazelight, estúdio independente que fez Brothers: A Tale of Two Sons, e o próximo lançamento do selo EA Originals, que procura distribuir títulos indies. 

A Way Out é um jogo totalmente focado em cooperativo. A ideia é que ele seja jogado em dupla, com dois jogadores no mesmo sofá (ou online, mas a preferência da Hazelight é para a tela dividida). Mesmo sendo cada vez mais raros, os jogos com coop local ainda existem - Towerfall: Ascension Overcooked que o digam - mas apresentá-los na E3, o palco mais badalado da indústria dos games? Isso é uma verdadeira surpresa.

A história de A Way Out segue Leo e Vincent, dois prisioneiros que não se conhecem mas que vão ficando cada vez mais próximos conforme trabalham juntos para fugir da prisão, dos policais que os perseguem, e sobreviver no mundo lá fora, passando por tiroteios, perseguições, momentos onde eles devem se esconder, e brigas de rua. Se você gosta de Prison Break, parece que esse jogo foi feito para você.

O que é mais interessante sobre A Way Out é como ele transforma o conceito do cooperativo local em algo cinematográfico, o que certamente convenceu a EA de que ele merecia espaço na sua apresentação. Se tela-dividida e coop de sofá são coisas cada vez mais inusitadas, jogos com gráficos fotorealistas e uma apresentação que inclui, entre outras coisas, o uso de atores e cutscenes, são tão raros quanto um Magikarp dourado em Pokémon GO.

Com isso, A Way Out combina o melhor de dois mundos. Ele aproveita, através da tela-dividida, um conceito de gameplay normalmente relacionado com experiências old-school, e um visual e apresentação totalmente dignos de algo lançado em 2017. De bônus, ele acaba se diferenciando de todos os possíveis rivais no campo do cooperativo local, já que eles normalmente apresentam um estilo gráfico mais artístico e minimalista.

E há lugar para estes jogos. Se A Way Out for bem executado, ele pode se tornar o game de escolha de YouTubers que querem colaborar com outros produtores, colegas que querem jogar depois do trabalho ou da aula, e pessoas que simplesmente querem dividir um tempo de jogatina com alguém especial, seja um amigo ou namorado. Resident Evil 5, que não é lá essa Coca-Cola toda, encontrou muita audiência por ter um modo de tela dividida competente.

Talvez A Way Out nem seja um jogo espetacular, talvez algumas falhas o mantenham longe de notas altíssimas nos reviews e prêmios no fim de ano, mas o simples fato de ser uma experiência adaptada especificamente para cooperativo, ele pode se tornar referência neste nicho da indústria, e atrair jogadores que ignorariam uma experiência single-player ou focada totalmente na jogatina online.

Em tempos de multiplayer online e games que nem podem ser jogados sem conexão com a internet - algo que a própria EA fez com o reboot de Need for Speed em 2015 - é inesperado ver um desenvolvedor falando para todo o mundo que o objetivo do seu projeto é juntar duas pessoas, na mesma casa, na mesma sala, e fazer algo totalmente pensado neste ambiente. Ao voltar para um conceito quase tão antigo quanto a própria indústria, a EA conseguiu se diferenciar do resto do mercado, apresentando algo que rema contra a corrente e oferece uma experiência cada vez mais rara, e cada mais valiosa.

A Way Out será lançado para PS4, Xbox One e PC no começo de 2018.