Warcraft III: Reforged traz novo interesse pelo gênero RTS, avalia diretor

É inegável que jogos do gênero de estratégia em tempo real (RTS) viveram uma era de ouro entre a década de 90 e no início dos anos 2000.

Apesar de seguirem firmes e fortes dentro de comunidades apaixonadas pelo gênero, são títulos antigos, como Command and Conquer: Red Alert e jogos da série Age of Empires, que marcaram época e, até hoje, são lembrados como alguns dos maiores de todos os tempos – em especial entre os jogadores de PC. Lançado em 2002 pela Blizzard Entertainment, Warcraft III é outro destes exemplos.

Depois do sucesso de seus antecessores, Warcraft: Orcs & Humans e Warcraft II: Tides of Darkness, Reign of Chaos foi um dos principais títulos que marcaram a transição do gênero do mundo 2D para o 3D, e foi responsável por algumas mudanças importantes em um gênero que, àquela altura, já dava sinais de saturação.

Não atoa, boa parte dos entusiastas e de jogadores nostálgicos por RTSs está ansiosa pelo lançamento de Warcraft III: Reforged, versão remasterizada do clássico da Blizzard que chega oficialmente ao PC nesta terça-feira (28) – algo que, na avaliação de seus desenvolvedores, pode até ajudar a reviver o interesse pelo gênero.

"Qualquer momento em que desenvolvedores estão ‘soprando vida’ em gêneros de jogos é uma ótima oportunidade para jogadores redescobri-los, e isso acaba inspirando outros desenvolvedores também”, avaliou Kaeo Milker, diretor de produção do jogo (foto). “Eu olho para Warcraft III: Reforged não só como um jogo bom para a Blizzard ou para jogadores de jogos da Blizzard, mas, potencialmente, como algo que poderia dar muito mais interesse para o RTS como um gênero de novo".

Warcraft III: Reforged, vale destacar, é parte de uma espécia de "renascença" do gênero RTS que já está se ensaiando há alguns anos. É claro, esses jogos nunca deixaram de existir: de títulos independentes inovadores, como Frostpunk, a grandes franquias, como Anno e Total War, o RTS segue aí com diferentes configurações e modelos. Ainda assim, há anos não vemos um interesse das grandes publishers por jogos de estratégia em tempo real clássicos como vemos agora.

Além da Blizzard, a Microsoft lançou edições definitivas de Age of Empires e Age of Empires II e está em desenvolvimento ativo de Age of Empires IV – o primeiro novo jogo da série em 15 anos. Ainda que pouco de concreto tenha sido anunciado, a Electronic Arts também dá sinais de quer fazer algo com a série Command & Conquer – ainda que os planos pareçam ser apenas para remasters.

Membro também do time original de desenvolvimento de Warcraft III: Reign of Chaos, Milker, no entanto, argumenta que jogos de estratégia em tempo real nunca "sairam da moda", mas sim evoluíram e se transformaram – o que levou diferentes tipos de jogadores a "gravitarem" na direção do que mais gostavam. "Eu não acho que o gênero RTS necessariamente saiu de moda, mas sim evoluiu e se dividiu em duas facções", explicou.

"Uma foi na direção do MOBA, focada no gameplay RTS/RPG centrado em heróis, que Warcraft III começou e a comunidade deu sequência", afirmou, em referência a jogos como Dota 2 e League of Legends, hedeiros de DotA, originalmente um mod de Warcraft III: The Frozen Throne. "Ao mesmo tempo, indo para jogos mobile, temos tudo o que o RTS se tornou lá, [como jogos] baseados em turnos, uma vibe geral de estratégia, mas evoluída", apontou.

Ainda assim, a expectativa de Milker é que remasters como Reforged, chamem a atenção de "milhões de jogadores" – tanto aqueles que já experimentaram o jogo no passado e vão poder jogar uma versão nova, como aqueles que nunca jogaram o título, mas terão gráficos e tecnologias que atendem às expectativas modernas para fazê-lo agora.

"A renascença é muito interessante para mim, é ótimo olhar para trás e lembrar dessas coisas", afirmou. "Esse é um ótimo momento para ver a atenção de todo mundo se voltar para isso [Warcraft], e ver o que faremos a partir daí”.