Zelda: A missão de Majora’s Mask que deixa qualquer um em pânico

Majora’s Mask é, de longe, o jogo mais bizarro e macabro da franquia Zelda. Um dos destaques do game são as excelentes missões secundárias, elaboradas de forma a abordar o desespero e a angústia inerente daqueles que vivem às vésperas do fim do mundo. 

Aqueles que jogaram Majora’s Mask devem concordar que uma das side quests mais marcantes do clássico se encontra em Romani Ranch. A missão em questão é capaz de deixar qualquer um em pânico, pois envolve encarar uma horda de aliens. 

O pavor de Romani

Antes de tudo, é necessário ter acesso a Romani Ranch, algo que só é possível após adquirir a Goron Mask na campanha. Com a habilidade de se transformar em Goron, Link pode comprar um Power Keg em Clock Town e explodir o rochedo que bloqueia a estrada que leva ao rancho.

Garanta que você desbloqueie o caminho no primeiro dia, pois isso é necessario para ter acesso à missão. Ela é encarregada a Link por Romani, a garotinha ruiva que treina arco e flecha perto da casa principal do rancho. 

Ao avistar Link, a garota logo o apelida de “grasshopper” (“grilo”, em tradução livre), por causa de suas roupas verdes. O semblante dela é alegre e contagiante – mas isso muda assim que ela menciona o seu maior pavor: “eles”.

“Eles”, conta Romani, são criaturas sobrenaturais que planejam um ataque iminente ao celeiro. As sombras fantasmagóricas têm o objetivo de sequestrar as vacas do rancho – únicas em Termina capazes de produzir o chamado “Chateau Romani”, uma bebida que confere poderes mágicos.

A irmã mais velha de Romani, Cremia, não acreditou na fábula da irmã. As duas são as únicas residentes do rancho, servindo como administradoras da produção leiteira desde o falecimento de seu pai. Sendo assim, não há quem Romani possa contar para encarar os invasores. 

Aceitar a missão de Romani é essencial, pois é dessa forma que o jogador aprende Epona’s Song – a música para chamar a montaria a qualquer momento. Porém, seguir com a tarefa até o final é nada menos do que custoso. 

Ataque ao celeiro

Resta esperar até o relógio na tela marcar 2h30 da manhã para que o pesadelo comece. Romani está dentro do celeiro quando uma esfera de luz ofusca a visão de Link. Do  estranho objeto voador surgem seres encapuzados com olhos que lembram holofotes. 

As figuras iniciam uma marcha lenta e ameaçadora em direção ao celeiro. Uma trilha inquietante e sinistra se inicia. Em uma missão no estilo “tower defense” (“defesa de torre”), o jogador precisa usar o arco e flecha para impedir que os alienígenas cheguem ao seu objetivo. 

Não há jogador que não sinta ao menos uma pontada de pânico. Não apenas os controles de mira no Nintendo 64 eram um tanto…rústicos, como o avanço da horda é incessante e vem de todos os lados. Não importa o que faça, um inimigo derrotado sempre dará origem a um novo.

Mais criticamente, há sempre um par de aliens que avançam por trás do edifício, o que requer que o jogador esteja sempre em alerta e não fique parado. É uma tarefa ainda mais difícil à cavalo. Imagine jogar esse trecho quando criança para ter dimensão do terror. 

Caso falhe na side quest, as consequências são dolorosas. Não apenas todas as vacas do rancho são abduzidas, como Romani também. 

No dia seguinte, a garota passa a vagar os campos atordoada e silenciosa. No terceiro dia, a garota revela não se lembrar do que aconteceu e chacoalhar a cabeça como se estivesse com dor. Cremia, a irmã de Romani, se arrepende amargamente de não ter ouvido a caçula. 

Na mesma medida que a missão de Romani é aflitiva, também é recompensadora a sensação de ver os raios de sol eliminando os alienígenas restantes. Ao ser vitorioso, Link pode embarcar em uma segunda missão angustiante com Cremia – mas essa história fica para outro artigo. 

Inspiração na “vida real”

Os alienígenas de Romani Ranch diferem consideravelmente do restante dos inimigos da série Zelda. Não apenas essas entidades destoam da fantasia inerente de outros monstros da franquia, como eles tem inspiração em um caso da vida real.

O design dos aliens de Zelda possuem semelhanças inegáveis com o Monstro de Flatwoods, protagonista de um caso famoso de suposta aparição alienígena em West Virginia, nos Estados Unidos. 

Em 12 de setembro de 1952, um grupo de crianças teria avistado uma figura de três metros de altura com uma cabeça que lembra um símbolo de espada. A entidade teria olhos que emitem uma luz alaranjada e mãos que lembram garras. 

Desde então, o chamado Monstro de Flatwoods se tornou símbolo de teorias sobre vida extraterrestre – algo que estava em alta no Japão no final da década de 1990, quando o time de Zelda trabalhava em Majora’s Mask. 

“O motivo que usamos isso [alienígenas de Romani Ranch] é que na época o Japão estava passando por um ‘boom OVNI’”, revelou Eiji Aonuma em entrevista para a GameSpot em 2015. “Ao ponto que programas de TV explicavam às pessoas o que era mutilação de gado”.  

De fato, os alienígenas de Romani Ranch possuem várias influências do senso comum das teorias de extraterrestres, como sua preferência por gado e o uso de um objeto não identificado como transporte.

Porém, para além do tema de terror de ficção científica, a missão de Majora’s Mask foi construída de forma a aplicar, com sucesso, uma injeção de adrenalina no jogador. Recomendamos que jogue só por essa experiência. 

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The Legend of Zelda: Majora’s Mask está incluso no Pacote Adicional do Nintendo Switch Online. 

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