Antes de tudo, sei que Cyberpunk 2077 continua extremamente problemático no PS4 e no Xbox One. Nada muda o fracasso que foi o lançamento desse jogo.

De qualquer forma, vamos prosseguir.

Judy em Cyberpunk 2077.

Blade Runner foi um filme que mudou a minha vida. Até então, eu não sabia quão encantadores e imersivos eram esses universos futuristas que mesclavam tecnologias absurdas, placas de neon por todos os lados, hologramas e uma fusão cultural do Ocidente com o Oriente. Ou seja, eu não sabia quão envolventes eram as obras cyberpunk.

Quando finalmente tive acesso a uma versão jogável de Cyberpunk 2077, jogo que carrega no título a estética pela qual me apaixonei, era exatamente do que eu precisava. Um mundo decadente altamente tecnológico, no qual todas as regiões pareciam versões distópicas da Times Square. Propagandas obcenas, sujeira, uma chuva de cores e reflexos, pessoas de todos os tipos e a sensação de extrema pobreza em uma realidade super desenvolvida.

Distrito oriental em Cyberpunk 2077.

Como joguei Cyberpunk 2077 no PC, antes do lançamento oficial, até encontrei problemas durante minha primeira jogatina, mas nada que me fizesse perder completamente a vontade de seguir em frente. Aquele mosaico formado pela iluminação artificial dos prédios me cativava de uma forma que eu não queria deixar a cidade, nunca. Entretanto, era questão de tempo até que o jogo me colocasse em uma missão que me obrigaria a deixar o centro urbano e ir até as chamadas Badlands. O deserto que existe ao redor de Night City.

Foi a melhor viagem que já fiz em um jogo.

Parte pobre de Night City.

Jogos em primeira pessoa costumam me fazer sentir um pouco sufocado. Sempre chega o momento em que começo a buscar, desesperadamente, algo que me faça ver o personagem que estou controlando. No caso de Cyberpunk 2077, os carros representavam esse alívio visual que eu buscava de vez em quando.

Criei uma rotina. Sempre que eu me cansava de enxergar o mundo em primeira pessoa, eu pegava o carro e rodava pela cidade. Nos dias de chuva, principalmente, eu fazia questão de dar uma volta pelo centro urbano para ver o neon esmaecido em meio às gotas d'água. Entretanto, nada se comparava a acompanhar a transição gradual da arquitetura e da atmosfera conforme V deixava o centro em direção às regiões que conhecemos como Badlands. Especificamente, a parte mais ao leste.

Prédios de Night City.

Aos poucos, ruas estreitas davam lugar a grandes estradas. Prédios se tornavam cada vez menores, até quase desaparecerem. Toda aquela poluição metálica se tornava menor e era substituída por apenas algumas construções em meio a vastos campos de areia. Ainda assim, de longe, você via os hologramas usados na cidade, como se fossem propagandas de um mundo que nos seduziria e prenderia. Era simplesmente maravilhoso.

Quaisquer missões que me obrigassem a repetir o trajeto se tornavam minha prioridade máxima. Aquelas viagens, ao som da Rádio Pacific Dreams, eram momentos de pura contemplação. Mais ainda durante o final da tarde ou à noite.

Night City vista de longe.

Não sei se você já pediu o dinheiro de volta ou sequer pretende jogar Cyberpunk. No entanto, caso decida dar uma chance, faça isso ao menos uma vez. Escolha a rádio certa, ao final da tarde de um dia chuvoso, e saia do centro em direção ao interior. É simplesmente fenomenal.