Nesta sexta, 25 de dezembro de 2020, o público do Jovem Nerd terá a chance de ouvir o episódio final da terceira saga do Nerdcast RPG, inspirada nos populares contos e sistemas de jogo inspirados pelo mito de Cthulhu e as obras de H.P. Lovecraft.

Antes disso, porém, a série de podcasts foi responsável por um marco histórico: em 20 dias, com R$ 5,67 milhões (e contando), o Nerdcast RPG: Coleção Cthulhu no Catarse é o projeto de financiamento coletivo com maior arrecadamento da América Latina.

"Superou as nossas projeções mais otimistas", disse Deive "Azaghal" Pazos, cofundador do site em entrevista com o The Enemy. "Foi muito surpreendente. Quando você projeta e bota no papel, vai se colocando os valores que você acha. E o papel aceita tudo - é o que a gente fala né, tudo o que escrever no papel, ele vai aceitar -, mas só se prova a realidade quando você coloca isso em prática."

O projeto foi criado para expandir ainda mais o universo elaborado nos podcasts para outras mídias, dos livros aos quadrinhos e até um ambicioso livro-jogo, já conta com mais de 11 mil apoiadores, e ainda tem mais 40 dias até ser oficialmente finalizado.

The Enemy teve a oportunidade de conversar tanto com Pazos quanto com Leonel Caldela, escritor e mestre das partidas mostradas nos episódios, para falar mais das origens do projeto, seu conteúdo, e perspectivas sobre o que o sucesso deste e outros projetos de financiamento coletivos recentes - como o do game Ordem Paranormal, de Cellbit - podem significar para o futuro desta plataforma no Brasil.

Origens profanas

Deive Pazos, o Azaghal (esquerda) e Alexandre Ottoni (direita), idealizadores do Jovem Nerd

Jovem Nerd/Divulgação

De acordo com Pazos, a ideia de criar algo relacionado a financiamento coletivo ligado ao Jovem Nerd já tem alguns anos - e, de certa forma, desde o começo do projeto, já há quase duas décadas.

"A gente sempre trabalhou como multimídia. Desde o começo: a gente começou como blog, depois migrou pra podcast, depois pra vídeo...", diz. "E nesse meio-tempo a gente lançou livros do Eduardo Spohr, depois nossos livros - Protocolo Bluehand, depois outros -, então ficar navegando por várias formas de mídias diferentes, não só digital, meio que sempre estava acontecendo, mas independente, dentro do nosso próprio domínio."

As coisas continuaram a se expandir com o advento dos primeiros Nerdcasts de RPG, com a primeira série sendo expandida com a série de livros A Lenda de Ruff Ghanor, e a segunda de Cyberpunk com Ozob: Protocolo Molotov.

Ambos os trabalhos literários eram de autoria de Leonel Caldela, que teve a oportunidade por volta do fim de 2015 e início de 2016 foi convidado a substituir Alexandre Ottoni, o próprio Jovem Nerd, como mestre para a próxima edição do Nerdcast RPG.

A escolha não foi à toa: Caldela também é uma figura conhecida no mundo dos RPGs brasileiros por seu trabalho na elaboração de Tormenta, o popular sistema de jogo nacional da Jambô Editora.

"Eu jogo RPG há muito tempo, mais do que parte do público está viva", ri. "O Deive me mandou uma mensagem por Telegram e falou: 'Então Leonel, teria interesse de mestrar o Nerdcast RPG?'. E eu demorei pra ver a mensagem porque tava almoçando, e daí meia-hora depois ele mandou uma resposta - brincando, lógico - falando: 'Nossa, nada? Achei que teria uma reação'. E eu, lógico, fiquei super entusiasmado."

"Eles estavam pensando em Cthulhu", continuou Caldela. "E naquele ano eu estava terminando uma campanha de Cthulhu de 5 anos que estava mestrando para meu grupo caseiro. [No passado] comprei o RPG Call of Cthulhu - acho que em 1994 -, tenho muito contato e jogado com outros mestres. E então realmente juntou muito a ideia deles com a experiência que eu já tinha."

Nerdcast RPG
Alice Monstrinho/Catarse

Logo, as aventuras de Thomas Faraday, Don Azaghal e seu bizarro grupo enfrentando forças nazistas e sobrenaturais nos anos 1930 capturou a imaginação do público do podcast, e tal qual nas edições anteriores a dupla Jovem Nerd e Azaghal planejou em expandir este universo - mas desta vez, com apoio direto de seus fãs via o financiamento coletivo.

"O que aconteceria meio esporádico e orgânico no sentido de: 'vamos lançar um livro agora, depois uma camiseta, e talvez no futuro um quadrinho (e quem sabe algum desses produtos nem existiria)', com o financiamento coletivo pode se viabilizar tudo isso ao mesmo tempo", explica Pazos. "A comunidade faz isso acontecer, e o volume de apoio nos faz ter um valor de negociação muito bom com os fornecedores, e o custo da fabricação dos itens ser mais baixo."

Curiosamente, esta nem foi a primeira vez que os dois pensaram seriamente em criar um projeto público, com uma ideia inicial por volta de 2016. Pelo caminho, porém, estava a hamburgueria Zebeléo, que logo ganhou infâmia nacional e deixou a ideia do crowfunding de lado por algum tempo - mas trazendo alguns ensinamentos.

"Foi até muito bom esse da hamburgueria disruptiva, porque a gente viu como não fazer", disse Pazos. "Não só pela repercussão negativa, que fez todo o sentido, mas porque pudemos analisar o projeto dos caras e ver como não fazer."

Nos anos seguintes, eles encontraram o parceiro ideal para o projeto: a própria Jambô, que arrecadou quase R$ 2 milhões no Catarse com o projeto de RPG Tormenta 20 - e que tinha Leonel Caldela como uma ponte de comunicação.

"Meu papel na parte de business foi basicamente só colocar as pessoas em contato - eles já se conheciam, já sabiam um do outro, a gente gravou um episódio de financiamento coletivo e Tormenta 20 - e logo em seguida eu saí do caminho, porque eu sei que tem mentes melhores do que minha nesta parte de negócios."

Caldela, porém, se manteve na parte criativa do projeto, especialmente na elaboração do romance em dois volumes de sua autoria.

Cthulhu na Alemanha

Jovem Nerd/Catarse

No passado, Caldela já escreveu livros expandindo os universos dos Nerdcasts RPG com Ruff Ghanor e Ozob. Desta vez, porém, trabalhar nesta versão do mito de Cthulhu traz algo de especial para o autor.

"Este cenário de Cthulhu é algo que estou desenvolvendo há mais ou menos dez anos, que pega os mitos que a gente conhece e dá uma pegada mais de aventura, e lida com várias eras, e como os personagens podem explorar como os horrores podem se manifestar em diferentes pontos da história da humanidade - e eu queria colocar isso para o público."

A narrativa do livro será uma história inédita, mas ainda procurando manter alguma conexão com os Nerdcasts originais.

"A gente tem, por exemplo, participações de alguns personagens do Nerdcast RPG em outros momentos da vida", explica Caldela. "E há mistérios relacionados ao próprio Nerdcast RPG."

Os livros, porém, vão levar o leitor para diversos pontos e eras diferentes da história humana, procurando expandir mais deste universo.

"A ideia dos livros é de que esta história de 1936 foi uma de várias, de muitas que podem acontecer nesse cenário", diz. "O Nerdcast, claro, lida com coisas grandiosas como o despertar de Cthulhu, com grandes rituais, mas é essencialmente uma história de personagens humanos lidando com o sobrenatural, enquanto o romance - até por lidar com várias eras e períodos históricos - se foca na parte sobrenatural, na cosmologia deste universo."

"É um pouco parecido com o que foi desenvolver a Lenda de Ruff Ghanor, que já tinha um Nerdcast bem focado em um grupo de aventureiros, enquanto os livros abrem o cenário e mostram o que é este mundo."

Caldela diz que muito de sua pesquisa se focou na Alemanha - até mesmo porque estava para morar no país justamente em que o Nerdcast RPG começou -, estudando diferentes momentos históricos para embasar esta narrativa.

"Temos o período que seria o presente dos romances é especificamente o dia 9 de novembro de 1989, que é o dia da queda do Muro de Berlim. E acompanhamos os personagens ao longo deste dia", diz Caldela. "Também temos uma parte na época de Carlos Magno, que lida com aquela coisa bem de centro da Europa, com o que seria hoje França e Alemanha, toda esta parte.

"Mas há outros pontos que são tangenciais, como por exemplo uma parte de Velho Oeste americano, mas que descobrimos durante a leitura que tem contato com esta história alemão com relação a questões de imigração e tal..."

As inspirações de Caldela vão desde os eventos da cidade onde viveu, Osnabrück - que, apesar de pouco conhecida por aqui, foi palco de grandes momentos históricos como o A Paz de Westfália, que levou ao fim da Guerra dos Trinta Anos - até o clássico poema A Canção de Rolando, e mesmo Asterix.

Graphic Novel Ascendente

Fred Rubim/Catarse

O projeto também conta com uma graphic novel especial que adapta e expande os eventos dos Nerdcasts RPG em si, com roteiro de Fábio Yabu e arte de Fred Rubim.

Porém, conforme a campanha vai recebendo doações, ela ganha novas páginas com histórias extras de artistas convidados. De acordo com Deive Pazos, este modelo para a evolução da HQ demorou um tempo até ser estabelecido.

"Fazer uma graphic novel com duzentas e poucas páginas - tamanho de um Watchmen - é muito trabalhoso e leva muito tempo, um ano de trabalho."

"Assim que a gente bateu a meta, o Fred começou a desenhar", comentou, rindo. "Porque o tempo tá aí."

Pazos destaca que um dos planos com a história em quadrinhos era a de trazer diferentes artistas com diferentes perspectivas para o projeto, e que o modelo pensado promete diversas vantagens, levando em conta a participação (ou não) de um quadrinista dependendo da meta batida.

"Uma delas é: quando a gente chega para esses quadrinistas e artistas e fala: 'Olha, temos esta ideia, o projeto vai funcionar desta maneira, se a gente bater tal meta sua participação vai começar. Mas você só vai fazer 15, 20 ou 30 páginas'", explica. "E é muito mais fácil para um quadrinista conseguir encaixar um projeto mais curto na agenda de trabalho dele do que se comprometer a uma história inteira."

"Outra vantagem é que podemos contar com estilos que conversem com a história extra que está sendo contada", continua. "Então se ela é mais psicodélica, voltamos o traço e a arte para algo mais psicodélico; se for terror, temos alguém com o traço mais voltado para isso; se é mais ação, etc."

A este ponto da campanha, mais seis histórias extras foram adicionadas à HQ, que além de Yabu e Rubim já tem participação confirmada de artistas como Alice Monstrinho e Matteo Santos, além de outros convidados.

De acordo com Pazos, os artistas convidados curtiram a ideia justamente por muitos já utilizarem o financiamento coletivo para seus trabalhos.

"Todos toparam e estão bem animados com o projeto"

A Ambição do Livro-Jogo

Matteo Santos/Catarse

Talvez um dos elementos mais ambiciosos do projeto do Nerdcast RPG seja o livro-jogo, que foi desbloqueado ao atingir a meta de R$ 1 milhão.

Esta parte do projeto fica a cargo de Karen Soarele, autora de livros como A Deusa no Labirinto e A Joia da Alma, e tem a ambição de ser muito mais do que um livro-jogo tradicional, em que o leitor segue fazendo escolhas e seguindo por páginas até encontrar um final diferente.

"A pessoa vai poder fazer uma ficha de personagem, e algumas das metas que a gente libera é de ter justamente mais fichas, mais personagens", diz Deive Pazos. "E estes personagens têm habilidades que refletem nos resultados do jogo."

Mais do que isso porém, são os planos de adotar o sistema "legacy", que já pode ser encontrado em jogos de tabuleiro, e que promete mudar radicalmente a estrutura do próprio livro.

"Existem os board games legacy, em que você está jogando um jogo de tabuleiro e cola um adesivo no mapa que muda ele para sempre. Não é só um token que você coloca e quando jogar de novo, ele não está mais lá. Então nestes jogos legacy, ao conquistar uma área você cola um adesivo, e aquela área mudou."

"É como um RPG: você não vai jogar de novo desde o começo. Você vai continuar uma campanha com este mapa alterado", continua. "E a gente tem a mesma ideia para o livro-jogo, em que determinadas ações mudam o livro, por isso você cola um adesivo para alterar algo da página, ou até de anular uma página caso alguma coisa aconteça, dobrando ela e colando um adesivo para não abrir mais, ou tirando ela de lá."

"A mesma coisa com a sua ficha. Algumas coisas podem acontecer em que você cola um adesivo ou faz alguma marcação que muda seu personagem para sempre. Então, mesmo que rejogue este livro de novo - porque tem muitas variações de finais e caminhos - algumas rotas vão estar modificadas para sempre, e não será possível fazê-las de novo mesmo jogando a aventura de novo."

"O livro-jogo não passa incólume pela sua mão, ele é marcado e sua experiência nunca será exatamente a mesma, como se o jogador fosse 'transformado' pela experiência de jogar", complementa Leonel Caldela.

Até onde se sabe, não há uma implementação parecida com isso em livros-jogos, por isso há uma expectativa grande de ver o quanto o modelo pode dar certo. Por enquanto, porém, esta obra ainda está em projeto bem inicial de desenvolvimento, sem protótipo ou algo do tipo.

As vantagens (e limites) do crowdfunding

Mesmo com a enorme popularidade do Nerdcast e do site Jovem Nerd, o sucesso estrondoso da campanha ainda surpreendeu a todos, e algo que Pazos cita que uma das coisas que tenta fazer é manter a ansiedade sob controle.

"O Alexandre estava muito ansioso com a parada, se perguntando: 'Você acha que vai dar quanto? Como é que vai ser?', e tal", relembra. "E eu sou uma pessoa muito ansiosa normalmente, então para não ficar sofrendo com isso botei na minha cabeça que nosso objetivo era atingir a meta, e se a gente atingisse ela tava ótimo e abria as novas e mostrava o que tínhamos em mente."

Isso se mantém mesmo hoje, com a próxima mega-meta na casa dos R$ 6.666.666,66, que promete expandir o audiobook baseado no livro de Caldela.

"Quando a meta era de R$ 300 mil, era nisso que estava focado. E agora que é R$ 6.666.666,66, é para lá que estamos olhando."

Ele também reforça que ainda estão aprendendo com o processo da campanha até hoje, além de estudar e comparar com outros projetos, incluindo o próprio Tormenta e Ordem Paranormal, projeto de Cellbit que fechou seu período de financiamento no Catarse com R$ 4,2 milhões.

O contato com o público também os fez pensar em certas inclusões e elementos, como o próprio audiobook.

"A gente não tinha, mas vimos muita gente falando, muita gente pedindo, e achamos bem interessante trazer", diz Pazos, não só pelo conteúdo em si, como por seu formato digital poder ser incluído no pacote em contribuições de apoio mais baratos, recompensando mais do que apenas os que mais doaram dinheiro por itens mais caros, incluindo recriações reais de objetos dos personagens do Nerdcast, e até mesmo uma estátua especial de Cthulhu da Iron Studios.

Nerdcast RPG Cthulhu
Iron Studios/Catarse

"A gente quer equilibrar essas recompensas e essas metas estendidas para que elas não privilegiem só quem apoia em níveis mais altos. Todos os apoios fazem a diferença."

Pazos também reforça que há limites para o que eles podem fazer com a campanha, já que estes incentivos e doações devem ser recompensadas propriamente.

"Existe uma preocupação muito grande nossa em honrar todos os acordos. Você não pode pegar essa grana e desaparecer", ri. "E um dos trabalhos que a Jambô trouxe pra gente foi esse, falando pra gente: 'Estes são os fornecedores, é assim que vamos entregar', e tal."

Não só isso, há coisas que, realisticamente, seriam inviáveis mesmo com o dinheiro significativo arrecadado.

"Uma coisa que temos olhado com bastante responsabilidade é poder entregar tudo o que estamos nos propondo", explica. "Porque muita gente fala: 'Ah, agora que vocês arrecadaram tantos milhões, façam uma animação, façam um jogo, façam não sei o que'. Seria incrível, mas não é possível, porque o volume da arrecadação de apoio é proporcional ao volume de material que a gente tem que entregar."

"Não é como se a gente tivesse batido R$ 300 mil e tudo é lucro daqui para frente", segue. "Conforme o projeto vai crescendo em arrecadação, ele vai crescendo em custo de produção, mas a gente está preparado para isso. Por isso não vai surgir uma animação do nada: porque ela quebraria completamente as projeções que a gente fez. Uma animação bem-feita custa uma fortuna, e a gente quer entregar algo do nível que a galera espera."

Já Leonel Caldela diz que "uma preocupação muito grande nos financiamentos coletivos é não prometer mais do que podemos cumprir. Porque o público está nos dando uma confiança bem importante, então a gente tem que ter muita consciência do que pode entregar com o nível de qualidade esperado."

Há, porém, planos além da meta de R$ 6.666.666,66, incluindo uma expansão do audiobook ao ponto de todos os personagens terem vozes.

O futuro do financiamento coletivo do Brasil

Com o sucesso de diversos projetos de grande porte via crowdfunding nestes últimos anos, e com isso fica a pergunta de como esse sistema vai evoluir especialmente após tanto o Nerdcast RPG quanto Ordem Paranormal.

"Esse cenário de financiamento coletivo no Brasil já existe há muitos anos, e ele vem financiando muitos projetos ao longo do tempo", diz Pazos. "Eu acho interessante que projetos grandes como nosso, o do Tormenta, o do Ordem Paranormal e do A Lenda do Herói criam um awareness do financiamento coletivo."

"A gente teve 67% de pessoas que nunca tinham apoiado um financiamento coletivo no Catarse antes", informa. "Então, bem mais da maioria dos apoiadores provavelmente - porque o Catarse é hoje a maior plataforma de financiamento coletivo no Brasil - nunca tinham apoiado até então algo do tipo, são pessoas que estão conhecendo o formato agora, e a gente incentiva que elas conheçam outros projetos, porque tem muita coisa legal."

Pazos chega até a fazer um paralelo entre o antigo sistema de rádio e TV com YouTube e podcasts, e enxerga uma possível tendência similar do crowdfunding.

"Antes as pessoas, para produzirem seus produtos, ou precisavam tirar do próprio bolso ou vender para indústrias e fabricantes que acreditassem no projeto", diz. "E no financiamento coletivo não é preciso depender de ninguém. Você fala: 'Minha ideia é essa, e eu preciso de tanto para financiar ela e tirá-la do papel' e está falando diretamente com um consumidor final que pode se interessar por isso."

"É um caminho reverso bem interessante que pode viabilizar muita coisa que a gente nunca fosse ver de verdade, porque não passaria por todos estes processos burocráticos para virar realidade."

Leonel Caldela tem uma perspectiva similar, mas com foco específico no mercado de RPGs de mesa.

"Vemos que as pessoas querem RPG", declara. "A gente não precisa não seguir o que seria o 'bom-senso' ou 'senso-comum' do que seria um produto popular. Não precisa pensar no que venderia tradicionalmente por meios que a gente já conhecia antes para um grande público."

"O financiamento coletivo é um espaço para coisas ousadas. Espero que os próximos projetos que vão ser grandes e bater a gente e se tornar os maiores do Brasil no futuro, que eles invistam em nichos que talvez ainda estejam inexplorados ou sejam um risco."

"Porque essa é a beleza do financiamento, se for alguma coisa que o público não quer, não tem problema, é só a gente não fazer. Mas tem a possibilidade de ser surpreendido e ver que tem gente que ama isso e gostaria de ter mais acesso", conclui Caldela

A campanha do Catarse do Nerdcast RPG: Coleção Cthulhu vai até 2 de fevereiro. A estimativa é que os produtos do projeto cheguem aos apoiadores até o fim de 2021.

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