Em março de 2019, o deputado federal Júnior Bozzella (PSL-SP) apresentou o Projeto de Lei 1577/2019, que pretende criminalizar o "desenvolvimento, a importação, a venda, a cessão, o empréstimo, a disponibilização ou o aluguel de aplicativos ou jogos eletrônicos com conteúdo que incite a violência e dá outras providências."

Esta é apenas mais uma das diversas vezes em que o governo brasileiro, por meio de uma instituição ou outra, procurou censurar a mídia de games - e, em determinados casos, com êxito.

Confira abaixo games que já foram banidos no Brasil.

Carmageddon

Antes de GTA, Carmageddon era o jogo que causava terror entre os defensores de bons costumes pelo mundo, pelo seu conteúdo sangrento e a mecânica polêmica de atropelar pedestres para ganhar pontos durante as corridas.

Em 1997, o Ministério da Justiça proibiu a venda do jogo em território nacional por “incitação à violência no trânsito, propaganda abusiva que induz à violência e produto que oferece riscos à segurança e à saúde”.

O Brasil não esteve sozinho no banimento de Carmageddon: países como Alemanha e Reino Unido também proibiram a venda do jogo.

Duke Nukem 3D

Em 3 de novembro de 1999, o estudante de medicina Mateus da Costa Meia abriu fogo contra uma plateia de cinema no Shopping Morumbi, em São Paulo, matando três pessoas e ferindo cinco.

Após a tragédia, descobriu-se que o atirador gostava de jogos violentos, com Duke Nukem 3D em particular, já que em certo ponto o jogador enfrenta alienígenas em um cinema. Em resposta, o Ministério da Justiça baniu as vendas do game.

E ele não foi o único a sofrer com a censura

Doom

Um dos maiores clássicos e ícones da história da indústria de games, Doom também foi banido pelo Ministério da Justiça após a tragédia do Shopping Morumbi.

Mortal Kombat

Outro grande ícone do mundo dos games - e que por si só gerou controvérsias envolvendo censura e classificação indicativa no Brasil, EUA e outras partes do mundo -, Mortal Kombat também teve suas vendas banidas pelo Ministério da Justiça após o caso do atirador do shopping.

Blood

O shooter Blood, da Monolith (que mais tarde desenvolveu as séries F.E.A.R. e Terra-média) também acabou tendo sua distribuição proibida em resposta à tragédia do Morumbi.

Postal 1 e 2

O primeiro Postal, conhecido não só por sua violência como pelo seu humor negro e controverso, também acabou caindo na leva de jogos violentos banidos pelo Ministério da Justiça em resposta ao atirador do shopping.

Todos estes jogos acabaram tendo suas restrições de vendas revogadas, e a maioria pode ser encontradas em lojas digitais como o Steam.

Sua sequência, Postal 2, também chegou a ser banida por vários anos, mas voltou a ser comercializado.

 

Counter-Strike

Em 2007, a 17ª Vara Federal da Seção Judiciária do Estado de Minas Gerais decidiu pela proibição de vendas do shooter Counter-Strike, citando “incitação à violência”.

O mais bizarro é que, na decisão, a descrição do game tinha mais relação com o mod cs_rio do que com o conteúdo oficial do shooter em si.

A decisão repercutiu em 2008, gerando até protestos no vão do MASP, em São Paulo. No fim, a proibição foi suspensa pelo Tribunal Regional Federal em 2009.

EverQuest

Na mesma época em que Counter-Strike foi banido do país, o MMORPG EverQuest também teve sua venda proibida - o que era estranho, já que o game nem tinha distribuição oficial no Brasil.

Em comunicado, a Superintendência de Proteção ao Consumidor declarou que o jogo “leva o jogador ao total desvirtuamento e conflitos psicológicos 'pesados'; pois as tarefas que este recebe, podem ser boas ou más".

Bully

O jogo da Rockstar Games que mostra a vida em um colégio preparatório teve sua comercialização proibida no Brasil em 2008, por decisão da 16ª. Vara Cível de Porto Alegre.

O motivo da proibição foi de que o jogo “retrata situações ditadas pela violência, provocação, corrupção, humilhação e professores inescrupulosos, nocivo à formação de crianças e adolescentes e ao público geral”.

As vendas do game foram proibidas por 8 anos, mas o game voltou a ser comercializado em versão digital para PC e PS4 em 2016.

 

Grand Theft Auto: Episodes of Liberty City

Em um dos casos de proibição de vendas mais curiosos de todos os tempos - e sem ligação com violência -, o DLC The Ballad of Gay Tony, de Grand Theft Auto IV, assim como a coletânea de expansões Episodes of Liberty City, não só foi temporariamente banida no Brasil, como quase no mundo inteiro.

Isso ocorreu pelo uso indevido da música Conga Kid (ou Bota o Dedinho pro Alto), do funkeiro mirim MC Miltinho, o que levou a juíza Leonete Maria da Silva a pedir o fim das vendas do jogo por todo o planeta.

A decisão, porém, foi anulada pelo Tribunal de Justiça a pedido da Rockstar poucas semanas depois.