Frogger e Freeway estão entre os jogos mais populares quando falamos em levar personagens de um lado até o outro em uma arena cheia de obstáculos. No entanto, Frostbite, lançado em 1983 para o Atari 2600, merece sempre ser lembrado por como criou algo totalmente único com base em mecânicas já existentes.

Desenvolvido por uma única pessoa, como era comum nos anos 1980, Frostbite é um dos jogos de maior sucesso do lendário Steve Cartwright, um dos designers originais da ainda muito relevante Activision. Ele foi responsável também por games como Seaquest e Megamania, outros dois clássicos do Atari 2600 e Atari 5200, respectivamente.

Genial na simplicidade

Primeira fase de Frostbite.

Protagonizado por um personagem humano simples e simpático, conhecido como Frostbite Bailey, o jogo deu sequência a uma ideia iniciada em Pitfall: a de oferecer aos jogadores controle sobre figuras minimamente semelhantes a pessoas em vez de pontinhos móveis (como era o caso do saudoso Adventure).

Frostbite era genial na maneira como se aproveitava das limitações do console para o qual havia sido programado. Pense bem nas atividades realizadas pelos jogadores, por exemplo: pular blocos de gelo e voltar para construir um iglu antes que a temperatura (que serve como tempo, praticamente) atinja um nível muito baixo.

Iglu montado em Frostbite.

Todos esses elementos, sem exceção, haviam aparecido em outros jogos. Desde o conceito de obrigar os jogadores a concluir uma tarefa dentro de um determinado prazo até a ideia de ir e voltar em um cenário no qual um passo na hora errada poderia levar ao fracasso. A atividade em si não era inovadora, então, a solução encontrada foi apostar em algo que, hoje, continua sendo fundamental em absolutamente todos os jogos: ambientação.

O próprio Steve Cartwright afirmou, em entrevista disponível no site Retro Gamer, que Frostbite veio como uma maneira de driblar os humildes oito bits aos quais ele estava preso enquanto criava jogos para o console. Não havia muitas maneiras de inovar em relação ao que já havia sido feito mecanicamente. Então, a aposta foi em um jogo visualmente distinto do que já se conhecia.

A origem de Frostbite

Peixes amigáveis em Frostbite.

Inicialmente, Frostbite exigiria que jogadores pulassem entre rochas espalhadas em um mar de lava. No entanto, as cores azul e branca funcionavam muito melhor no Atari 2600. Assim, Cartwright decidiu seguir com o exato oposto daquilo em que havia pensado: um jogo sobre um personagem preso em uma paisagem gelada. 

Não há como negar que a predominância do azul e do branco ajudam muito a caracterizar a paisagem. Basta colocar os olhos na tela por um segundo para saber exatamente do que se trata. Por incrível que pareça, isso já era impressionante no período em que Frostbite foi lançado. Afinal, jogos do Atari 2600, muitas vezes, dependiam da imaginação dos jogadores para que não parecessem conjuntos aleatórios de cores. 

Uma vez estabelecido o contexto das ações dos jogadores, bastava incrementar o gameplay com detalhes. Assim, surgiu aquele famoso iglu que precisamos construir para passar de fase, além de outros aspectos marcantes como os peixes verdes, os pássaros que impedem nosso progresso, caranguejos extremamente irritantes e até um urso polar que nos persegue em terra.

O nível de desafio crescia a cada fase. Inclusive, até mesmo os mais apaixonados fãs de jogos soulslike podem se surpreender após alcançarem as fases em que a velocidade de tudo está muito mais elevada do que anteriormente. Aliás, conforme jogadores avançam, o dia pode estar mais claro ou mais escuro, como se Frostbite Bailey estivesse dias preso naquele lugar congelado do qual ele nunca se liberta. 

Um autêntico representante do próprio tempo

Final do dia em Frostbite.

Dentre todos os elementos de Frostbite, algo que me parece particularmente criativo foi transformar o tempo (que, normalmente, seria contado em segundos) em temperatura. Assim, quando a temperatura do corpo do personagem chega a zero, ele congela — uma simples alteração no conceito tradicional de timer com direito a uma consequência coerente para o contexto gelado ao perder. 

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Frostbite é um daqueles clássicos que já não são tão atraentes para o público atual — e tudo bem. Quem viveu o auge do Atari 2600 — ou mesmo conheceu os jogos do console anos depois, por influência de familiares e amigos mais velhos — sabe que Frostbite é e sempre será especial, pelo menos para uma parcela dos jogadores ao redor do mundo.

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