Os personagens de Final Fantasy VI, jogo lançado para Super Nintendo em 1994, sofrem do começo ao fim da história. Aliás, não me refiro apenas a Celes, Cyan, Terra e Locke, mas também aos NPCs deste mundo impiedoso, que não podem nem amar em paz.

Recentemente, me aventurei mais uma vez pelo sexto jogo numerado da série, um dos meus favoritos. Embora eu não pretendesse refazer a missão secundária das cartinhas (que é como sempre chamei), acabei cedendo à curiosidade de descobrir se eu ainda teria paciência com essa trama paralela.

É obvio que, novamente, me emocionei com a história de Lola, uma sidequest digna da atenção de todos os jogadores. Se você acha muito chato levar cartas de um lado para o outro, relaxa: vou contar aqui exatamente o que acontece.

O barco Falcon voa pelo céu do mundo arruinado de Final Fantasy VI.

A partir do momento em que o jogador passa a poder visitar a cidade de Mobliz no mundo aberto, surge uma trama secundária que consiste em levar cartas de um soldado ferido para a namorada dele, Lola, que vive em Maranda.

O garoto já não tem mais força nem para sair da cama. Ele é um desertor do exército imperial que havia sido forçado a lutar pelo imperador Gestahl e foi encontrado gravemente ferido próximo ao local onde espera pela morte.

Para enviar as cartas, basta que o jogador durma no hotel e vá até a casa onde o soldado ferido está. Lá, surgirá uma carta em cima da mesa, à esquerda da cama onde o namorado de Lola descansa. Após pegar a carta, basta falar com o homem do "correio" e ele mesmo a enviará para Lola.

Namorado de Lola deitado na cama enquanto Terra pega uma carta deixada por ele.

Embora todos os itens tenham o formato de uma carta, o mais correto seria pensar nessas "cartas" como pacotes. Afinal, além de textos emocionados, o namorado de Lola, que não tem nome, envia outros objetos com muito valor sentimental para a amada.

O disco favorito de Lola, um livro que ela promete ler todas as noites; mesmo que esteja a apenas alguns passos da morte, o namorado de Lola continua tentando tornar a vida dela mais feliz enviando presentes como provas de amor.

Para entender o que está sendo enviado, basta conversar com o namorado de Lola após pegar a carta deixada em cima da mesa todas as vezes que o jogador for até lá. Ele sempre dirá algo sobre o relacionamento deles. Assim como ela, ao receber os presentes, dirá algo também.

Lola diz a Celes que está preocupada por não ter respostas do namorado.

Infelizmente, como você provavelmente já sabe, Kefka destrói praticamente todo o mundo de Final Fantasy VI. Mobliz, inclusive, a cidade onde o namorado de Lola está, é devastada pelo poder do vilão.

No entanto, Lola continua recebendo cartas durante o trecho do jogo que conhecemos como o Mundo em Ruínas. Quando os integrantes da party descobrem isso, eles decidem investigar de onde as cartas estão vindo. No final, acaba sendo revelado que Cyan era quem estava enviando aquelas cartas no lugar do namorado de Lola, que realmente morreu quando Mobliz foi destruída.

Cyan, que perde toda a família no começo de Final Fantasy VI por culpa de Kefka, estava sentindo uma dor muito profunda e entendia perfeitamente como Lola se sentiria se descobrisse a verdade. Portanto, ele decidiu que enviaria essas cartas para impedir que ela se perdesse em desespero.

Cyan conversa com Lola pela última vez.

No último trecho da sidequest, Lola diz aos personagens principais que já sabia que aquelas cartas não vinham do namorado dela, mas que ela apenas não queria acreditar nisso. Mesmo assim, ela afirma que gostaria de conhecer a pessoa responsável por enviar todas aquelas cartas e flores, porque isso a ajudou na maneira de lidar com o luto.

Se Cyan estiver na party quando os personagens interagirem com ela pela última vez, um dos personagens tentará dizer a verdade, mas Cyan o impedirá. O guerreiro dirá apenas que tanto ele quanto Lola ainda tem muito a viver. Ao ouvir essas palavras, ela promete que não desistirá da própria vida.

Na última carta de Cyan, consta:

"Nós, humanos, temos uma tendência a permitir que o passado destrua as nossas vidas. Imploro para que você não deixe isso acontecer. É hora de olhar para frente, de descobrir o amor novamente e abraçar a beleza da vida. Você ainda tem tanto a viver..."