Nesta terça (6), o lendário guitarrista Eddie Van Halen faleceu aos 65 anos após uma longa batalha contra um câncer na garganta.

Com talento e estilo único que definiram as décadas de 1970 e 1980 com a banda Van Halen, Eddie é uma das maiores divindades do panteão do rock, e sua influência no gênero e legado são até difíceis de serem apreciados.

Não à toa, ele era considerado o último grande "herói da guitarra", o que é apropriado para o artigo a seguir já que, mesmo décadas depois do auge de sua popularidade, Eddie e sua banda ganharam vida nova em um mundo completamente diferente, mas que (de certa forma) também foi capaz de transmitir seu gênio: os videogames.

Durante a ascensão dos jogos rítmicos de "instrumentos de plástico", músicas de Van Halen logo começaram a fazer aparições, a começar com o cover de "You Really Got Me" em Guitar Hero II.

(Que neste caso é mais um cover de um cover)

Guitar Hero III não contou com uma canção da banda (embora a versão mobile tivesse "You Really Got Me"), mas Van Halen retornou com uma de suas músicas mais memoráveis, "Hot for Teacher", em Guitar Hero World Tour.

Tudo isso, porém, foi um prelúdio para o momento que - em teoria - celebraria todo o histórico da banda e as contribuições de Eddie, Alex, e todos os integrantes de Van Halen no passado e presente.

Infelizmente, o produto final não alcançou exatamente as expectativas do histórico da banda.

Guitar Hero: Van Halen
Activision/Divulgação

Guitar Hero: Van Halen, de 2009, foi o terceiro (e, até onde sabemos, o último) dos jogos da série a ser dedicado a uma banda, seguindo a tendência de Aerosmith e Metallica.

A setlist do jogo conta com 25 canções de Van Halen em si, mais 19 músicas de "artistas convidados".

Entre as escolhas para a banda principal estão algumas das músicas mais icônicas não só do próprio grupo, como do rock em geral: "Ain't Talking 'Bout Love", "Eruption", "Jump", "Panama"...

O maior problema para muitos, quase ironicamente, é que o jogo não tem músicas suficientes de Van Halen, focando-se apenas na fase de David Lee Roth nos vocais. Embora poucos tenham muito apreço pela época em que Gary Cherone esteve à frente da banda, Sammy Hagar certamente é importante para o legado da banda e do próprio Eddie, sendo uma pena que músicas como "5150" e "Cabo Wabo" acabaram não entrando no repertório.

Além disso, alguns dos artistas fazem sentido com a época do auge da banda, como "I Want It All" de Queen, e outros - "Dope Nose" do Weezer - nem tanto assim.

Supostamente, a decisão de quem seriam os artistas convidados veio de Wolfgang, filho de Eddie e baixista de Van Halen após a saída de Michael Anthony.

"No fim das contas, isso veio de Wolfgang Van Halen, que é um grande jogador de Guitar Hero - provavelmente o melhor que eu já vi incluindo o pessoal da Activision", disse o chefe de licenciamento musical da Activision, Tim Riley, ao site IGN. "Eles sabiam disso, os irmãos Van Halen e David Lee Roth, então eles disseram 'Pergunte ao Wolfang que bandas ele quer incluir'."

(Curiosamente, ele também disse na mesma entrevista que a decisão de não ter músicas de Hagar no jogo não veio de Lee Roth - até onde Riley sabia, de qualquer forma)

No fim, apesar de contar com alguns dos grandes clássicos da música moderna, o jogo acabou sendo criticado até em relação a seus predecessores, não tendo as novidades de Guitar Hero 5 (que, aliás, incluía um código gratuito para GH: Van Halen) e não apertando os mesmos botões de nostalgia que a versão de Metallica do jogo.

No fim, o jogo vendeu menos de 250 mil cópias, e não muito tempo depois jogos como Guitar Hero e Rock Band deixaram de ser produzidos.

Ainda assim, é inegável que tocar as músicas de Van Halen em instrumentos de plástico é extremamente divertido, ao ponto que em 2015, durante a tentativa de reviver o gênero, a produtora Harmonix incluiu um pacote de DLC com seis músicas icônicas do grupo em Rock Band 4: "Runnin' With the Devil", "Ain't Talkin' 'Bout Love", "Dance the Night Away", "And the Cradle Will Rock...", "Unchained" e "Hot for Teacher".

Eddie Van Halen e sua banda foram transcendentais para o rock, mas sua popularidade não se manteve entre gerações mais jovens (ao menos se usarmos Billie Eilish como base), por isso é importante que o grupo tenha ganhado uma sobrevida no mundo dos videogames, quando jogos musicais alcançaram seu maior público nos consoles.

E há uma justiça poética no fato de que talvez o último grande herói da guitarra tenha ganhado seu próprio Guitar Hero.