Na semana passada, centenas de desenvolvedores de games independentes - entre brasileiros e estrangeiros - assinaram uma Carta Aberta criticando a falta de transparência e sugerindo mudanças e inclusões à estrutura do BIG Festival, considerado maior evento de jogos indies da América Latina.

Entre as críticas, a carta citava a falta de transparência na seleção de finalistas para premiação e curadoria das palestras ministradas no evento, participação de grandes empresas como a Bandai Namco no julgamento destes jogos, falta de representatividade a projetos estudantis, etc.

Agora, a organização do BIG divulgou uma resposta para a Carta Aberta, em nome do Diretor Geral Gustavo Steinberg.

“Antes de mais nada, agradecemos à comunidade indie brasileira em compartilhar suas preocupações e sugestões para melhorar o BIG”, inicia a resposta.

“Temos um pouco de dificuldade de entender por que a comunicação com o festival se deu de forma por vezes um pouco virulenta e irredutível, como se o evento fosse um ‘inimigo’”, diz. “Já estabelecemos diversas vezes conversas com grupos e indivíduos com críticas e sugestões ao festival e muito frequentemente essas sugestões foram incorporadas ao evento”

A resposta do BIG também tenta desmentir rumores de que desenvolvedores que assinaram a carta original seriam incluídos em uma “lista negra” e barrados do evento, entre outras possíveis retaliações.

"É importante declarar que são boatos totalmente infundados quaisquer possibilidades de retaliação ou lista negra por parte do BIG a quem quer que seja signatário da carta” declara o BIG. “Não sabemos quem teve a ideia de inventar isso (de fato, vários comentários inventados e não checados circularam, inclusive pela imprensa, esse é apenas um dos mais absurdos deles)! Seria totalmente absurdo gerar uma lista negra para uma carta que propõe melhorar o evento."

O pronunciamento do BIG Festival também procura responder os diversos pontos levantados pelos desenvolvedores na Carta. A organização também declarou que haverá uma categoria para jogos estudantis ainda na edição de 2018 do evento.

"Vamos seguir o caminho do BIG, que é fazer do Brasil um hub de desenvolvimento de games com credibilidade internacional, construir pontes para que políticas públicas sejam implementadas e levar ao público final experiências com jogos expostos no Festival, que aliam inovação e arte."

No dia 25 de abril, a organização do BIG realizará um debate no Centro Cultural São Paulo para discutir mais sobre os problemas dos desenvolvedores com o festival - incluindo a definição do que é um jogo independente, que supostamente merece “mais conversa” -, e outra reunião acontecerá em junho, durante a própria feira.

"O Wifi do CCSP não é estável o suficiente mas acreditamos que os celulares 4G poderão cumprir a missão de tornar esse encontro nacional", diz o BIG.

Porém, há receio de que não haverá mudanças significativas na estrutura atual por parte da organização.

“Eu espero estar errado, e que ela melhore o festival e que seja ótimo para a maioria dos devs”, disse ao The Enemy um dos designers que assinou a Carta Aberta e preferiu não se identificar. “Mas, honestamente, eu não senti muito comprometimento do lado deles até agora.”

O BIG Festival 2018 acontece entre os dias 23 de junho e 1º. de julho, em São Paulo e no Rio de Janeiro.