Weird West é uma grande - e arriscada - aposta dos criadores de Dishonored

Quando Raphael Colantonio decidiu deixar seu alto cargo como fundador e diretor da Arkane Lyon - subsidiária da ZeniMax/Bethesda -, ele sabia muito bem o que queria.

Colantonio reuniu uma equipe de 25 pessoas, em sua grande parte também ex-funcionários da Bethesda, para criar sua própria empresa, a WolfEye Studios.

Com uma equipe experiente, que trabalhou em projetos como Prey, Dishonored e até o mais recente e inédito Deathloop, o novo estúdio se prepara para lançar o seu jogo de estreia: Weird West. A aventura é um RPG isométrico que une ação com uma narrativa imersiva em um Velho Oeste distópico cheio de monstros.

À convite da publisher Devolver Digital, que lançará o jogo em algum momento de 2021, The Enemy teve a oportunidade de conversar com os desenvolvedores da WolfEye e acompanhar uma apresentação de gameplay ao vivo do jogo.

Mas, para quem tem pressa e precisa de um resumo: Weird West pode parecer, à primeira vista, uma mistura entre Dishonored e Red Dead Redemption 2 se esses dois jogos fossem independentes.

Olhando mais a fundo, porém, o título é um pouco mais do que isso.

Durante a coletiva, um sentimento pareceu unir a experimente equipe da WolfEye: o desejo de trabalhar com mais liberdade criativa no desenvolvimento de jogos.

Longe das imensas cifras de orçamentos de projetos da Arkane e da Bethesda, os desenvolvedores relataram que participar de um projeto independente permitiu a todos assumir mais riscos, criando novas mecânicas e histórias.

"Como um projeto de orçamento menor, precisamos de menos para retornar o investimento no jogo. Isso nos deixa mais tranquilos para tomar mais riscos e fazer uma aventura do jeito que gostaríamos de ver", comentou Colantonio, durante a coletiva com o The Enemy.

Weird West é um projeto pessoal para boa parte dos desenvolvedores, que sempre adoraram os chamados jogos "immersive sims" (ou simuladores imersivos, se assim preferir). Há traços de influência nas mecânicas de Dishonored, mas o jogo carrega, seja nos visuais ou gameplay, um claro DNA de uma equipe que gosta desse tipo de experiência imersiva, e de histórias no Velho Oeste.

Como um Immersive Sim, Weird West é uma simulação de mundo. Os produtores explicam que, antes do jogador assumir o controle e desembarcar nessa viagem, toda essa realidade foi criada para dar a impressão que aquele lugar já existe - e carrega uma história própria - muito antes de você chegar lá. O jogo apresenta cidades repletas de personagens com rotinas complexas de quem está apenas vivendo a vida.

Dessa forma, o universo criado pela WolfEye é desenhado para te envolver. Cada cidade, prédio, ou personagem vai tentar te convencer que há um motivo e um propósito para estar ali.

Para desbravar esse mundo, a exploração no jogo não é linear. Por isso, o jogador pode escolher quais missões quer assumir e por onde quer prosseguir para entender o que está acontecendo.

Como em Dishonored, não existe uma maneira correta para explorar locais como as cidades. Você pode ou invadir um campo inimigo, abatendo furtivamente no interior de cada casa, ou fazer uma entrada mais chamativa, pulando entre os tetos.

A intenção dos designers é que nenhuma gameplay seja igual a outra. Para isso também existem várias possibilidades, escolhas e consequências para a história, que reagirão de acordo com as ações do jogador.

Os diálogos são ramificados, mas boa parte dessas escolhas não fazem diferença para a narrativa, além do posicionamento do jogador. A equipe de desenvolvimento promete que o que realmente fará a diferença para os vários rumos da história são suas ações e as missões escolhidas.

Um exemplo disso, visto durante a demonstração, é uma missão em que somos convidados a provar que um preso na verdade é inocente.

O jogador pode escolher fazer a missão, recusá-la, ou ainda atirar no preso, matando-o de uma vez só. Normalmente, esse tipo de decisão "quebraria o jogo", ou não seria possível em uma estrutura narrativa de videogames.

Mas os devs explicam que permitiram tal ação - e ainda outras - que podem ser consideradas "irresponsáveis" como forma de sempre garantir o sentimento de imersão de quem escolheu o jogo para mergulhar nesse Velho Oeste.

Já em outro trecho mostrado durante a apresentação, você pode escolher ouvir o que um moribundo deseja no leito de morte. O NPC pede desesperadamente para que você parta em uma missão suicida à procura de remédios. Se tiver êxito, o jogador receberá um valioso mapa do tesouro.

A Wolfeye Studios diz que mirou em Skyrim para a estrutura de história e de gameplay no mundo aberto para Weird West.

Você começa sua aventura com um herói caçador de recompensas, mas esse não será o único protagonista. Ao longo do jogo, o jogador controlará cinco personagens com histórias interconectadas. Quando acabar a jornada com um protagonista, você será convidado a observar aquele mundo por outra perspectiva, em outra história.

Apesar da mudança de personagem principal, o progresso feito com um herói poderá ser trazido para a próxima jornada. Após terminar a trama, é possível recrutar o personagem como um NPC para a sua equipe em Weird West. Isso garante que magias desbloqueadas, atributos aumentados e relíquias (os colecionáveis do jogo), não sejam perdidos pelo caminho.

A jogabilidade de Weird West é outro aspecto do projeto pensado para trazer imersão. Praticamente todos os itens do cenário interagem com o jogador. É possível puxar uma cadeira para sentar, atirar em latas vazias ou ainda procurar uma garrafa de whisky em uma estante para recuperar sua vida.

Se você achar legal, é possível chutar uma galinha que vai estourar em penas e em carne que pode ser cozinhada.

E como um bom jogo de Velho Oeste, todo o cenário também é responsivo aos tiroteios. O jogador pode praticar a mira em uma garrafa vazia de bebida, na certeza que um tiro certeiro irá gerar uma animação de explosão. É possível mirar em árvores e também atirar em animais, que garantem itens necessários para a preparação de alimentos.

Weird West não é e nem pretende ser um novo Dishonored ou projeto de grande escala feito pela Bethesda. No entanto, a equipe de ex-funcionários de Arkane que compõe a Wolfeye Studios mostrou que está pronta para lançar um jogo indie com narrativa e combates consistentes.

O jogo terá versões para PC, PS4 e Xbox One.