A mera existência de Temtem é uma vitória. Desenvolvido pelo estúdio espanhol Crema, o ‘Pokémon indie’ representa o triunfo de todos os criadores de mods e fangames da clássica série de RPGs que desde o início dos anos 2000 tentam conceber sua própria versão da febre dos monstrinhos de bolso.

Promovido como um MMO, Temtem é tímido no quesito online - a experiência multiplayer ainda é bem limitada -, mas já mostra grande competência ao recriar o sentimento de um RPG de Pokémon mesmo sendo mais do que uma mera cópia, e mesmo estando disponível apenas em formato de acesso antecipado.

Divulgação/Crema

O game se passa em uma região do mundo chamada Arquipélago Airbone, que é tomada por monstrinhos chamados Temtem. No controle de domadores novatos das pequenas criaturas, os jogadores devem partir em uma aventura para derrotar os vilões autoritários do Clã Belsoto, que querem tomar controle do Arquipélago à força.

Quem jogou Pokémon sabe exatamente o que esperar: quando você entra na grama alta, pode ser atacado por um Temtem selvagem. Tais monstrinhos podem ser capturados e utilizados em batalhas. Na medida em que coletam pontos de experiência, eles aprendem novos ataques e evoluem, mudando de forma.

A grande diferença é que todas as batalhas são disputadas entre duplas de Temtem (em Pokémon, a maior parte das batalhas é entre monstrinhos solitários). Domadores devem pensar em combinações ideais de Temtem, utilizando, por exemplo, duas criaturas do mesmo tipo para que seus ataques fiquem mais fortes; ou então utilizando movimentos específicos que se tornam mais eficientes dependendo do tipo do Temtem parceiro.

O foco em batalhas de duplas é ideal para o aspecto multiplayer de Temtem: é possível enfrentar toda a campanha do jogo ao lado de um amigo, com cada um dos domadores controlando 3 Temtem por batalha.

A fundação do game é excelente em muitos sentidos. A apresentação visual cartunesca é muito carismática, e as animações de combate surpreendentemente fluidas. A interface e o ritmo acelerado das batalhas funcionam tão bem que devem servir de inspiração para os próximos RPGs da Game Freak.

Mesmo assim, Temtem ainda sofre com muitos problemas de execução. Em um esforço para criar uma identidade própria para o mundo, os desenvolvedores criaram NPCs bem falantes. Mas os diálogos são tediosos e estranhamente agressivos, e cansam principalmente no modo multiplayer, que obriga os jogadores a esperarem até que seus parceiros encerrem cada conversa.

Em termos de comparações com Pokémon, Temtem leva a pior no quesito qualidade de designs de monstrinhos. Até mesmo os piores Pokémon são mais marcantes do que a maioria dos Temtem, que têm dificuldade em transparecer aspectos como personalidade e função. O fato de que seus nomes são pouco descritivos e similares entre si não ajuda.

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Para um jogo em acesso antecipado, porém, Temtem já é um esforço impressionante. A aventura tem dezenas de horas de duração e um cenário com inúmeras promessas de conteúdo inacabado que será adicionado ao jogo no futuro.

Com sorte, o game não servirá apenas para expandir o leque de opções para fãs dos jogos Pokémon, como também para fazer com que a Game Freak implemente melhorias aos seus próprios títulos. Afinal, ainda que pequena, agora eles têm concorrência.

Temtem já está disponível para PC, e terá versões para PlayStation 4, Xbox One e Nintendo Switch ainda em 2020.