Confesso que fiquei preocupado quando a Ubisoft anunciou que lançaria um novo Assassin's Creed em 2018. Fazia menos de um ano que Origins tinha chegado ao mercado, simbolizando todos benefícios que um jogo da série poderia ter ao quebrar a sequência de pelo menos um grande episódio por ano - de 2009 até 2015, todo ano teve um capítulo principal da saga.

Odyssey poderia sinalizar um retorno a velhos vícios, mas felizmente o resultado não poderia estar mais longe disso. A aventura na Grécia Antiga evolui os melhores aspectos de Origins, entregando um game divertido, empolgante e envolvente, como não se via desde a trilogia estrelada por Ezio, quase dez anos atrás.

Este novo capítulo volta bastante no tempo para apresentar o período histórico mais longínquo já retratado em Assassin's Creed. O ano 431 antes de Cristo é palco para a Guerra do Peloponeso, conflito intenso entre as cidades de Atenas e Esparta que definiu os rumos da civilização grega.

No comando de Alexios ou Kassandra, você acompanha uma jornada que explora as próprias origens do protagonista, mas é igualmente importante para definir que tipo de pessoa o herói será. Vale notar, tanto faz escolher entre um e outro, já que a história se desenrola da mesma maneira, oferecendo as mesmas opções de diálogos (outra novidade bacana) e relacionamentos - mas com detalhes caprichados, como conversas que chamam o personagem pelo nome e tornam o mundo mais imersivo.

Diferente de Origins, que tinha um fio narrativo muito bem definido e urgente, Odyssey deixa as rédeas mais soltas e dá espaço para a Grécia Antiga respirar. A trama principal é levada sem pressa, o que acaba incorporando de forma mais natural as missões paralelas.

Ainda bem, já que o mundo do game é absolutamente fascinante e cheio de lugares para explorar. De cavernas escondidas a fortalezas cheias de tesouros e inimigos, passando por florestas com animais e vegetações diferentes e side quests com pedidos nem sempre convencionais, Odyssey apresenta um mapa imenso que sempre tem algo para ser descoberto.

Mais do que isso, o jogo conta com um punhado de mecânicas diferentes e interessantes, que vão se revelando aos poucos e deixando a experiência mais complexa, mas sem complicar. Acredite: só depois de umas 10 horas de jornada que o jogo se abre e revela por completo suas possibilidades.

Costurando os trechos de exploração pelas ilhas do arquipélago grego aparecem novamente os fantásticos trechos de ação naval, um dos melhores legados de Assassin’s Creed 3, ampliados com vários níveis de personalização no visual da embarcação e tripulação e mais. Enquanto essas partes ficaram meio de lado em Origins, a participação em Origins é essencial, proporcionando uma excelente variedade na jogabilidade.

A única mecânica que não saiu tão bem quanto o esperado é a guerra de facções, entre Atenas e Esparta. Cada região do mapa é dominada por um dos lados e cabe a você decidir que lado apoiar (ou mesmo se quer apoiar algum lado). É possível enfraquecer o lado dominante ao atacar fortes e roubar tesouros, até poder participar uma enorme batalha campal que, quando vencida, concede o domínio ao outro lado. O problema é que o exército vencedor ignora toda sua ajuda. Ajudei Esparta a dominar algumas regiões e sempre que passava por perto de um forte sob controle dos guerreiros eles vinham atrás de mim, como se eu não tivesse ajudado a derrotar Atenas. Muito estranho.

Fora isso, tudo brilha forte em Odyssey. O sistema de RPG apresentado em Origins volta mais forte e elaborado, assim como os controles mais cadenciados nos combates e práticos nos pulos e exploraçao do cenário. Os gráficos, por sua vez, aparecem fácil entre os mais bonitos da série, tanto pelo primor técnico quanto pela direção de arte. Vale o mesmo capricho nas músicas e efeitos sonoros e, claro, a dublagem em português.

A série percorreu um longo caminho desde que entregou vozes em nosso idioma pela primeira vez em Assassin’s Creed 3 de forma bem problemática, mas a caminhada valeu a pena e a qualidade em Odyssey é impecável, com atuações excelentes especialmente de Letícia Quinto e Raphael Rossato, como Kassandra e Alexios, respectivamente. O elenco de apoio também é sensacional, com vozes bem familiares - incluindo Ricardo Juarez, que fez Kratos em God of War, em um papel bem especial.

Assassin’s Creed Odyssey é um retorno à velha forma da franquia, mas calcado em todas as novidades que Origins apresentou. O salto é comparável ao que se viu lá no passado, entre o lançamento do primeiro jogo da franquia e Assassin’s Creed 2. Depois de se reinventar, a série da Ubisoft se consolida como um RPG de ação dos mais bonitos, divertidos e, principalmente, variados de todos os tempos.

  • Lançamento

    05.10.2018

  • Publicadora

    Ubisoft

  • Desenvolvedora

    Ubisoft

  • Censura

    18 anos

  • Gênero

    Aventura

  • Testado em

    PlayStation 4

  • Plataformas

    PC Xbox One PlayStation 4

Nota do crítico