Nos últimos anos a Sega tem vivido em estado de graça. Digo isso não só pela grande variedade de jogos de qualidade que a empresa tem lançado, mas também pelo fato de que os próprios fãs da Sega têm feito isso.

Sonic Mania resgatou o ouriço de forma brilhante e o remake de Wonder Boy: The Dragon's Trap relembrou o carisma da série de aventura com gráficos lindos ao estilo desenho animado - e é justamente a galera desse último jogo que está cuidando de Streets of Rage 4.

Mais de quinze anos depois de Streets of Rage 3, o episódio mais recente, ainda no Mega Drive, o novo título traz de volta antigos personagens ao lado de novos guerreiros em uma jornada cheia de pancadaria, visuais desenhados à mão, controles empolgantes e trilha sonora fina.

Testamos no The Enemy uma versão do jogo com três fases e cinco personagens e ficamos muito, mas muito empolgados mesmo.

De cara, a jogabilidade já deixa claro que estamos lidando sim com um digno sucessor do legado do beat'em up da Sega. O ritmo de jogo é excelente, sem ficar frenético ou lento demais, bem ao estilo da era 16-bits. Do mesmo jeito, a sensação de distribuir pancadas em capangas genéricos pelas ruas é muito gratificante.

Como manda a tradição, cada personagem tem detalhes específicos. Blaze é ágil nos movimentos, Adam é capaz de fazer um rápido dash enquanto a novata Cherry é a única que pode correr e o também estreante Floyd pode agarrar até dois inimigos ao mesmo tempo (e usar um pra dar porrada no outro!).

Cada um também pode usar golpes especiais que consomem barra de vida, mas desta vez com uma pequena mudança: usar golpes especiais e depois acertar ataques normais em seguida sem ser acertado recuperam a energia perdida. Caso seja golpeado, aí não tem jeito, você perde a vida mesmo - lembra bastante o Focus Attack de Street Fighter IV.

Por fim, cada guerreiro também conta com um super especial que acerta vários inimigos em uma grande área do cenário, ativado ao apertar todos os botões de ação, mas exige ter estrelas (que aparecem pelo mapa) para poder usar.

Ainda no campo das novidades, Streets of Rage 4 promove a estreia de multiplayer offline. Confesso que no início achei tudo muito confuso, ver quatro personagens na tela batendo ao mesmo tempo em vários outros inimigos era difícil de acompanhar, mas logo tudo começou a fazer mais sentido, especialmente ao perceber que dá pra combinar as diferentes habilidades e combos de cada herói.

Em resumo: o multiplayer cooperativo para 4 jogadores soa como uma evolução natural da fórmula clássica de Streets of Rage.

Aliás, a dificuldade segue alta e a trilha sonora também de altíssima qualidade, capitaneada por artistas de renome da game music, como Yuzo Koshiro e Yoko Shimomura.

Os sinais são cada vez mais claros de que Streets of Rage 4 é um retorno digno da querida série de porrada, dedicado a realmente evoluir a ação e não se apoiar unicamente na nostalgia.