No final da tarde de sexta-feira fomos pegos de surpresa pela notícia de que Activision e Bungie estavam encerrando prematuramente a parceria que deu origem a Destiny.

Inicialmente prevista para durar uma década (com um suposto investimento de 500 milhões de dólares, citado na época), a relação durou pouco mais de oito anos.

Na divisão de bens, a Bungie ficou com todos os direitos e controle completo de Destiny, assumindo agora também o papel de publisher do game - além de ser, claro, desenvolvedora. Na bagagem ela carrega também um belo investimento de 100 milhões de dólares feito em junho do ano passado pela gigante chinesa NetEase.

A princípio, a novidade parece boa para todas as partes:

  • A Activision deixa de lidar com uma franquia complexa, que exige intenso gerenciamento de comunidade e planejamento preciso e a longo prazo para funcionar bem;
  • A Bungie assume, enfim, 100% do controle criativo da série, livre para tocar o projeto como achar melhor e eliminando os evidentes atritos existentes com a Activision desde antes de o primeiro Destiny ser lançado;
  • Os fãs conseguem um canal direto de comunicação com quem efetivamente decide e executa todas as mudanças, ajustes e novidades no game, eliminando a figura da publisher que, do ponto de vista da comunidade, nem sempre era muita clara a função.

Contudo, o fato carrega também um certo ar de déjà vu: quando a Bungie parou de fazer jogos da série Halo para a Microsoft e assinou contrato com a Activision houve a mesma impressão de liberdade e controle total sobre o próprio destino.

Claro, há diferenças claras entre as duas situações. Em uma a Bungie deixou de fazer jogos para uma grande empresa e passou a desenvolver para a outra enquanto neste caso mais recente ela passa a ser completamente independente.

Seja como for, é fato que a produtora de Seattle não sai dessa história com a Activision com o mesmo brilho e otimismo que tinha quando encerrou suas aventuras com Halo. As confusões com a Activision ao longo destes anos de Destiny, com muitas correções e algumas dificuldade de comunicação com a comunidade, mancham um pouco a credibilidade e eficiência da Bungie.

Ainda assim, atesta em favor da empresa o fato de, mesmo com tudo isso, terem conseguido criar uma comunidade numerosa e engajada, que mesmo fragmentada entre três plataformas diferentes - PlayStation 4, Xbox One e PC - defende o título e vê o futuro com otimismo.

É muito legal e empolgante sim que a Bungie tenha agora liberdade total para tocar Destiny adiante da maneira que achar melhor, mas a confiança não é plena de que o futuro será um sucesso absoluto logo de cara. Ao menos, ela conta com todas as ferramentas que precisa em mãos e um grande número de fãs dispostos a dar uma chance para a empresa brilhar por conta própria.