Um dos convidados internacionais da edição 2019 da Brasil Game Show foi D.C. Douglas, ator e dublador norte-americano que ficou mais conhecido no mundo dos videogames por ter emprestado sua icônica voz a Albert Wesker, um dos principais vilões da franquia Resident Evil.

D.C. Douglas não foi o único a dublar o super-vilão: o primeiro foi Richard Waugh em RE: -Code: Veronica-, RE0 e RE4; seguido de Peter Jessop no RE: Remake de 2002. D.C. Douglas por sua vez assumiu a voz de Wesker a partir do spin-off The Umbrella Chronicles, conquistando de vez um lugar no coração dos fãs. A partir daí, ele sempre voltou para reprisar o papel, quando dada a oportunidade.

Em nosso breve bate-papo, D.C. Douglas revelou que dificilmente se identifica com algum personagem que dublou, já que ele deu voz majoritariamente a personagens vilanescos e/ou “assustadores” - ainda que existam exceções como Legion em Mass Effect, o Pod 042 em NieR: Automata e o sábio Lantry em Tiranny.

De toda forma, D.C. Douglas esbanjou simpatia e revelou qual foi seu primeiro papel como dublador, além de falar do legado de Albert Wesker e sua relação com outros dubladores da franquia Resident Evil. Confere só:

The Enemy: O que você mais sente falta em termos de ter sido Albert Wesker?

D.C. Douglas: Sou muito grato por esse papel. Antes de ter dublado ele em Resident Evil, eu só tinha aparecido em alguns RPGs. Se não me engano nos anos 2000 eu participei do jogo de Buffy the Vampire Slayer e essa foi minha primeira experiência dublando videogames. Naquela época parecia que ninguém se importava com isso [risos] e então, de repente, eu estava rodeado de fãs por dublar um personagem em Resident Evil, isso é extraordinário! [Este acontecimento] expandiu minha vida de muitas maneiras, eu viajei muito a vários lugares porque participei desse jogo e de Mass Effect também. E é divertido interpretar um personagem canastrão!

E eu o dublei recentemente, ao todo fiz 8 jogos como Albert Wesker! Ele sempre faz pequenas aparições ou é um personagem convidado, esse tipo de coisa. O último em que participei foi [o card game] Teppen, há seis meses. Então eu ainda não estou sentindo falta de ser [o Wesker] porque eu sempre sou chamado para dublá-lo.

Eu ia participar de um outro jogo da Capcom, estava esperando a resposta para começar o trabalho, mas me ligaram cancelando de última hora. Disseram “Nós amamos o DC Douglas, mas ele é o Wesker! Então ele não pode dublar esse personagem”. Eu fiquei: “O que?!”. É... [risos] Eu não sei qual é o jogo, então não estou revelando nada demais aqui.

Como você lida com o legado que Wesker deixou não apenas na franquia Resident Evil, mas também para os fãs?

Douglas: Foram os fãs que criaram esse legado, foram eles que deram uma atenção maior para isso e mantiveram essa adoração. Tudo partiu dos fãs! Às vezes, quando posso fazer algum trabalho que deixa esses fãs felizes, eu fico feliz. Eles que me convidaram para essa aventura, não tenho nada a ver com isso! [risos] Mas sou grato por fazer parte disso tudo.

The Enemy: Se você tivesse oportunidade, como traria o Wesker de volta?

Douglas: Em uma série de TV em vídeo, comigo no papel principal! [risos] Eu sei que existem muitas teorias sobre como isso poderia acontecer, mas eu acho que uma das coisas mais interessantes para se abordar seria o vírus. O que aquele vírus fez com ele?

Mesmo que a gente tenha visto ele todo transformado e ele tenha explodido em um vulcão com dois mísseis na cabeça [risos], ninguém ficou para ver se sobrou alguma coisa depois. Ninguém viu, não dá pra saber! Sei que existem histórias sobre clones e coisas do gênero, mas se eu pudesse avançar na timeline [da franquia] eu iria preferir que ele tivesse sobrevivido e isso garantiu a ele habilidades extraordinárias. Isso seria divertido!

Outra forma seria voltar no tempo e fazer um jogo focado no Wesker onde vemos respostas para todas as pontas soltas que restaram, além de explicar com quem ele teve relações para gerar o Jake… Certo? [risos] Será que houve amor, será que o Wesker alguma vez amou? Ou será que foi apenas um experimento ou algo do tipo?  

The Enemy: Os outros dubladores de Resident Evil também são muito amados. Sei que o Matthew  Mercer e a Laura Bailey têm um projeto de RPG de mesa; e a Mary Elizabeth McGlynn é uma diretora de dublagem. Vocês mantém contato ou se encontram vez ou outra?

Douglas: Bem, quando se dubla um videogame você dificilmente conhece os outros dubladores, a menos que você faça captura de movimentos (mocap), aí você consegue gravar cenas com as pessoas. Mas eu nunca fiz isso [em RE], o único jogo que eu fiz mocap foi um que ninguém se importa com a história… NBA 2K14. [risos]

Mas eu me diverti muito trabalhando nesse jogo. Então, a menos que você se envolva no processo de mocap, dificilmente você conhece os outros dubladores. Ainda assim, você os encontra em algumas outras ocasiões. Eu só conheci a Laura [Bailey] por causa de um evento em Londres, mas foi algo muito breve, eu não sou muito próximo dela. Courtenay Taylor [a dubladora da Ada Wong de RE6], curiosamente eu conheci ainda antes de nós dois termos alavancado em nossas carreiras de dubladores; dela eu sou mais próximo e ainda assim nós mantemos contato através do Twitter, é raro a gente chamar um ao outro para sair e fazer algo.

Já com a Mary Elizabeth McGlynn eu me encontro mais porque ela é uma diretora de dublagem. Daí eu costumo ver as sessões [de dublagem no estúdio] dela ou vejo ela cantando com a banda, como aconteceu há algumas semanas. Ela é ótima.

The Enemy: Pode deixar uma mensagem para nós do “The Enemy”!?

Que bom que vocês estão aqui, é ótimo que vocês estão do nosso lado porque… Como inimigos nós vamos garantir a saturação global completa!” [risos malignos]